Só quero que termine

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Xichen estava passando pela sala de música a caminho do seu escritório, GuangLi disse que teria aula nesse dia e como o pai coruja que é, queria saber se ela estava se saindo bem, mas quando chegou perto tudo o que pode ouvir foi um solo. Alguém estava tocando inquérito e não só isso, essa pessoa estava tocando a música desde o começo com perfeição. Não era algo que ele esperasse de uma turma iniciante. A melodia parecia extremamente triste, como se a pessoa quisesse muito ser respondida porque a falta de contato estava torcendo seu coração. Esse nível de expressão, ele só havia ouvido durante os treze anos em que seu irmão tocou todas as noites para Wei Wuxian.

Seus pés não se moviam do lugar, a melodia era muito atraente apesar da dor, fez ele se lembrar da pessoa que queria encontrar mais que tudo, aquela que nunca lhe respondeu não importa quantas vezes tocasse aquela mesma música, cuja alma provavelmente está selada junto com o corpo no caixão enterrado contendo os corpos dos seus dois irmãos jurados. Era assim que seu irmão se sentiu durante aqueles treze anos e para ele era insuportável.

Mesmo tendo a-Cheng ao seu lado ele era penas alguém em quem se apoiar, seu coração nunca lhe pertenceria completamente e saber disso, saber que ele continua ao seu lado todos os anos sabendo disso é extremamente doloroso. Xichen sempre tentou ser justo, mas como ele estava sendo justo com o marido naquele momento?

Assim que a música terminou alguém saiu correndo da sala, sem ver para onde ia, o corpo pequeno colidiu com o do adulto, que a abraçou apertado. O professor abriu a porta, mas Zewu-jun fez sinal para que voltasse para dentro. Yu agarrou as vestes do homem na sua frente enquanto chorava. Seu corpo tremia e ela mal conseguia se manter em pé.

Xichen esperou pacientemente até que ela se acalmasse e abraçou seu ombro, guiando-a para um lugar mais fechado onde pudessem conversar em particular. Como não havia prestado atenção no caminho, ela só sabia que estavam em uma sala e o líder de seita preparava um chá para os dois.

Xichen serviu as duas xícaras de chá quente e se sentou de frente para a menina. Os olhos dele também estavam molhados, mas ele já havia chorado demais por aquela pessoa, não haviam mais lágrimas para derramar, ao contrário da menina que ainda podia chorar tão fortemente por seu pai.

-Se a-Yao estivesse vivo, ele ficaria muito feliz em saber que alguém ainda chora por ele.

Então ele sabia, mas quem ela estava tentando enganar afinal de contas, o plano da família Su dependia de uma menina de 16 anos, era realmente certo colocar a culpa nela se algo falhasse, eles não se importavam com nada, porque ela deveria? Contato que possa se vingar já é o bastante.

-Você sabe quem eu sou?

O chá permaneceu na frente dela intocado, se ela movesse um musculo desabaria. O melhor a fazer era continuar com as mãos fechadas sobre as coxas, tentando se controlar.

-Sei quem são seus pais. A-Yao e Su Mo eram próximos.

Aquele Zewu-Jun era mais idiota do que ela penava, como poderia achar que seu pai se envolveria com alguém como Su Mo, ela tinha uma dívida com a família dele, mas acha-lo bom o bastante para ser seu pai? Era ridículo.

-Você faz a mesma cara que ele quando achava que eu estava sendo tolo. Estou errado?

Apesar de saber que são pessoas completamente diferentes, estar na presença dela traz uma calma tão grande para o seu coração, como se finalmente tivesse encontrado um pedaço de a-Yao que ainda estava nesse mundo, como se finalmente ele não estivesse sentindo saudade sozinho.

Por anos ele teve que aguentar as pessoas falando mal de seu amado sem poder retrucar, agora que sabia tudo o que Meng Yao havia feito, como poderia contradize-las, mas o a-Yao que ele conheceu, a pessoa que ele amou era completamente diferente e mesmo que essa verdade esteja guardada apenas no coração dele, os anos que passaram juntos estejam apenas em sua memória, ele nunca irá esquecer a pessoa que era Jin GuangYao.

-Meu pai nunca se misturaria com aquela gente, eu fui adotada pelos Su, não tenho nenhuma relação sanguínea.

O rancor em sua voz era profundo, Zewu-Jun não pode deixar de pensar que aquela menina carregava o mesmo coração que o pai, guardando toda a magoa dentro dele até ter uma oportunidade de se vingar, alimentando os sentimentos ruins em seu coração por toda uma vida. Agora ele sabia o que ela veio fazer em Gusu.

-Eles não te tratam bem?

-Eles me criaram.

Ela sorriu mostrando as covinhas que eu tanto amei em seu pai, tentando desviar dos assuntos da mesma forma que ele fazia.

-E eles te mandaram aqui para me matar.

A menina olhou para ele assustada, era difícil dizer se aquele homem era um gênio ou um idiota, cada hora ele agia de uma forma, infelizmente no momento que sua identidade foi descoberta ela já imaginava que seu plano tinha ido por água a baixo. Não haveria outra oportunidade e nem outro jeito de atingir seu objetivo. Yu pulou por cima da mesa e atacou o líder de seita com a lamina que carrega escondida na manga, era um ataque suicida, mas ela só queria que aquilo terminasse.

Zewu-Jun segurou o pulso dela antes que chegasse perto e a garota fechou os olhos, esperando ser atingida pela espada dele, assim como o pai dela havia sido.

O fruto do nosso amor - XiyaoOnde histórias criam vida. Descubra agora