Capítulo doze

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Maria Luiza


Invento uma desculpa qualquer e saio de perto da Débora, seu marido e do chefe.

Chefe!

Meu Deus, como o mundo gira tanto assim?

Por ter ficado responsável por parte dos doces do chá de bebê da Débora, minha superior no trabalho, a Ana, permitiu que eu saísse uns minutinhos antes da surpresa para pegar os potes no trailer. Dei sorte do Júnior estar chegando para pegar alguns pedidos para entregar e acabei pedindo uma ajuda. Arrumei tudo no salão bem em cima da hora, por essa razão tive que correr, dei uma suada e precisava me refrescar. Com isso, acabei me atrasando e chegando após o momento de surpresa em si.

Só que o pior não foi chegar atrasada. O pior foi interromper uma conversa para lá de cordial e brincalhona do meu chefe para parabenizar a Débora. Eu queria aproveitar que fui liberada mais cedo hoje para sair do estágio, para descer e ajudar os meus pais desde já. Não poderia imaginar se demorariam conversando ou não.

Depois do constrangimento passado e da desculpa para escapar da comemoração, nem paro para comer nada, sigo direto para a sala em que venho trabalhando desde que comecei aqui. Precisava pegar minha bolsa e ir embora o quanto antes.

Parece que estou ligada desde segunda.

A primeira reunião foi muito boa. Mais uma vez a sorte me sorriu. Quando perguntaram nossas preferências de área de atuação, a Daniela tomou a frente e disse que preferia trabalhar diretamente com a psicóloga, a Lena, na parte das consultas.

Não ofereci a menor resistência ou disputa.

Eu queria a parte de recursos humanos mesmo, pois já tinha atuado na parte de atendimentos, estava em busca de algo novo. Pelo que pesquisei e andei conversando com professores e até profissionais já formados em psicologia, muitos têm se especializado nessa parte e obtido êxito.

Na maioria das profissões é difícil ingressar no mercado de trabalho se a pessoa não tem um contato, um parente ou conhecido na área para abrir as portas. Não teria condição de montar consultório logo de cara. Meu caminho teria que ser concurso ou a parte de recursos humanos.

Esse estágio aqui vai ser de grande ajuda.

Enfim, na segunda saí bem animada daqui. A Ana é ótima! Já me passou várias dicas e estamos preparando um material extenso para o próximo curso de qualificação dos funcionários. Concomitantemente, estou analisando currículos para uma seleção que terá. A Lena, psicóloga responsável, passou as orientações do que devo observar.

Falando nela, acho que está cortando um dobrado com a Daniela como estagiária. Essa é outra que quero distância. A menina é maluca e mentirosa. Ontem e hoje, na faculdade, ouvi conversas dela falando sobre o chefe, Pedro, estar dando em cima dela no trabalho e que está ficando difícil resistir. Só que a descompensada não sabe nem mentir, pois a Débora esteve no trailer na última noite e comentou que estava trabalhando horrores mesmo com o Pedro estando dois dias sem ir até a empresa.

Por uns instantes fiquei dividida sobre contar isso a alguém, mas decidi ficar na minha. Sou da crença que fruta podre cai sozinha do pé. Minha vida já está corrida demais para ainda procurar mais enredo.

Na segunda ainda tentei olhar alguma coisa da faculdade à noite, depois de fazer os doces para terça, porém vi que não vai rolar continuar encarando dessa forma. Só volto a me arriscar a olhar algo da faculdade antes de dormir, se não houver outro jeito. Caso contrário, colocarei todos os trabalhos em dia nos fins de semana e faço as leituras nos horários vagos ou momentos livres que surgirem. É a única forma. Tentar estudar depois de todo o trabalho do dia é como tomar um sonífero e apagar em cima dos livros.

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