Capítulo cinco

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Pedro


Sou chato para um monte de coisas, mas quando envolve o trabalho e as responsabilidades ligadas a ele tudo parece ficar ainda pior. Tenho um nível quase insuportável de exigir quase a perfeição no ambiente de trabalho. E na vida, mas isso é outra história.

Odeio ser cobrado por algo que deveria ter sido feito. Nunca aconteceu uma falha desse nível, só a possibilidade de ocorrer já faz com que a minha cabeça esquente. Um contrato milionário tendo as tratativas atrasadas pela falta de entrega? Nossa! Minha nuca já começa a doer.

Sei que é loucura e que a psicologia faria um belo estudo com a minha obsessão, mas quando os assuntos são prazos, entregas, gosto de dar conta sempre com antecedência.

Um novo cliente mandou uma contraproposta, mais do que aceitável para fecharmos um contrato. Tenho absoluta certeza que assinei e pedi para despachar o mesmo ainda ontem.

Agora estou sozinho e preciso dar conta disso, antes de ter que recorrer a ligar para todos os funcionários que estão envolvidos nesse processo para virem à empresa resolver o mistério.

Meus pensamentos são interrompidos por uma voz suave que vem da porta.

Vejo uma garota que não deve ter nem dezoito anos. Um rosto lindo, sem nem um pingo de maquiagem, percebo mesmo tendo um boné grande escondendo um pouco sua face. O traje que veste é composto por calça jeans e uma blusa verde com um emblema que não consigo identificar de onde estou, mas mesmo com uma roupa um pouco acima no número não esconde ter um corpo bem delineado.

— Sou da lanchonete aqui da frente. A Débora passou lá e encomendou um lanche para o senhor. — Ela responde a minha pergunta.

— Débora? — Bate um estalo e me lembro do documento que preciso procurar. — Bem lembrado.

Caminho para a recepção para a mesa da minha secretária.

Olho para a mesa imaculada à minha frente e não sei por onde começar. Nada parece estar fora do lugar. Viro para os armários atrás de mim e noto as identificações de documentos a serem assinados, descartados e para serem enviados.

São muitos! Gemo em frustração.

Puxo a gaveta dos para serem enviados e sento no chão para retirar tudo. Vou precisar conferir um a um.

— Com licença.

Esqueci da garota.

Não sei onde minha cabeça está.

— Desculpa, estou enrolado aqui. Quanto te devo? — Levanto e me aproximo dela.

— Nada. A Débora já pagou.

— Ok, obrigado. Pode deixar aqui na mesa. Só Deus sabe a hora que vou conseguir comer alguma coisa.

Ela deixa em cima da mesa e balbucia um tchau, antes de caminhar até os elevadores.

Acabo me confundindo, dando um apagão momentâneo de que já tinha puxado a gaveta que precisava e acabo puxando a de cima também com os envelopes que não foram assinados com muita força. Resultado: a gaveta caiu fazendo com que os todos os envelopes se misturassem.

Cacete! Que confusão!

Com certeza isso tudo se deve ao meu cansaço.

Ouço o som do elevador chegando, mas não dele partindo. Quando dou por mim, vejo a garota se aproximando.

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