Capítulo quarenta e dois

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Maria Luiza


Juro que tentei prender a respiração o máximo que pude; tentei imaginar estar abraçada com o Denis, um garoto que me pentelhava na infância e sempre fedia como se não tomasse banho há uma semana; pensei sobre as provas que estavam se aproximando na faculdade; ideia de novos doces para fazer para o trailer...

Mas tudo isso junto não deu conta de massacrar a sensação maravilhosa que estou sentindo.

O perfume do Pedro consegue suplantar quaisquer ideias que eu tenha de burlar os sentimentos que me despertam estar assim com ele. Fora estar com os braços circundando o seu corpo, que ativam as lembranças mais deliciosas, seja antes ou depois de fazer amor.

Quando estou perto de fazer alguma besteira como alisar o tanquinho do seu abdômen ou pedir para não parar essa moto nunca mais, passamos pela entrada do terreno do galpão matando os meus pensamentos.

— Meu Deus! — Ofego ao ver tantas mudanças. Entrego o capacete para o Pedro sem nem voltar meu olhar para ele para não perder nada que está à minha frente.

Surpreendo-me ao ver muitas das ideias que dei ganharem forma, como o palco, espaços marcados com cobertura para os trailers, um calçamento rústico para todo o local...

— Vem. — Ele estende a mão para segurar a minha. De modo automático, começo a estender a minha, mas paro o ato. — Droga, Malu. — Pragueja.

— Pensei que fosse Maria Luiza. — Retruco. — Aquele acenando deve ser o arquiteto, não é?

— Sim. — Responde a contragosto.

— Sejam bem-vindos! Por uma questão de segurança, vocês vão precisar usar capacetes. Acredito que não seja problema já que estavam portando alguns agora pouco. — Só ele ri da sua tirada. Estende dois capacetes brancos que logo pegamos.

O toque do meu celular interrompe algo que o arquiteto começa a falar. Desculpo-me e pego o aparelho na bolsa.

Estranho ao ver a chamada da minha mãe, já que falei com ela ainda pouco.

— Preciso atender.

— Claro, faça isso. — O Pedro parece pescar algo no ar e caminha alguns passos de distância acompanhado do outro homem.

— Oi, mãe!

— Filha. — Sua voz soa engasgada e na hora me bate uma vertigem dizendo que algo vai muito mal.

— O que aconteceu? — Meu tom de voz deve ter soado alto ou estranho, pois o Pedro para de falar e se aproxima de mim.

— Seu pai passou mal, estamos indo para o hospital. — Seguro o braço do Pedro na hora, em busca de apoio.

— Como foi isso? Como ele está? — Ouço o barulho da sirene da ambulância e meu desespero fica ainda maior. Minhas lágrimas começam a surgir em abundância, imediatamente.

— Ai, minha filha.

Seu choro está partindo meu coração e abalando minha sanidade. O vínculo que tenho com meus pais é algo que tenho muito orgulho. Sou louca por eles. Daria tudo para que nada nunca os atingisse, fico desesperada quando adoecem ou sentem alguma coisa. Eles são as minhas maiores riquezas sem a menor sombra de dúvida. Não só por terem me proporcionado as melhores oportunidades dentro das limitações que tinham, mas, principalmente, por sempre apoiarem os meus sonhos, até quando eu mesma não os enxergava. Além de sempre terem sido presentes e terem alimentado tantas recordações, momentos felizes e me dado tanto amor.

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