Capítulo dez

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Maria Luíza


— Parece que um caminhão de cargas bem pesadas passou por cima de alguém, Renata.

— Tão engraçado, papai. — Resmungo e corro para o sofá, deitando em seu colo e recebendo o cafuné na cabeça que tanto amo.

— Nem preciso perguntar se a noite foi boa, quase amanheceram na rua dessa vez. — Minha mãe aparece na sala secando um pote com o pano de prato.

— O Bento nos levou numa boate entupida de gente. Quando cheguei lá tudo o que eu mais queria era voltar para casa. Só que ele tinha passe livre para o camarote. Mil vezes melhor, mais vazio, menos barulho, deu para dançar bastante e acabamos nos divertindo muito.

— É uma velhinha reclamona mesmo, só pode ter puxado a você, Maurício. — Ele joga uma almofada pequena nela e erra por uns cinco metros de distância. Amo a interação entre eles e essas brincadeiras bobas, mas que trazem leveza ao relacionamento.

— Que horas são? — Indago, completamente fora da realidade.

— Três da tarde.

— Mentira, pai! — Dou um pulo do sofá e pego meu celular perto da bolsinha de mão que deixei na mesinha de centro quando cheguei na madrugada. — Nossa! Séculos que não acordo tão tarde. Tenho tanta coisa para fazer. — Caio sentada no sofá de novo.

— Relaxa, filha. Não é tão tarde se considerarmos a hora que foi dormir. — Ele segura a minha mão antes de continuar e a beija. — Você se cobra demais, corre demais, precisa respirar. Sua mãe deixou sua comida prontinha no prato, só precisa esquentar no micro-ondas e aproveitar.

— Obrigada, mãe. — Vou até ela e lhe dou um abraço apertado. Sem a menor vontade de largar.

— Por nada, meu amor. — Beija a minha testa. — O Bento já esteve aqui para saber se já tinha acordado, parece que você deixou seu celular no silencioso e não estava atendendo as ligações e nem visualizando as mensagens.

— Vou comer e depois vejo o que ele quer.

Enquanto espero o prato esquentar no micro-ondas, preparo uma limonada. Levo dois copos cheios e com gelo para os meus pais que estão vendo a nossa série favorita, Grey's Anatomy, novamente.

Mal coloco meus pés na cozinha e batem à porta. Abro e nem me surpreendo em ver o Bento.

— Até que enfim acordou, Pooh.

— E estou indo almoçar agora. — Dou as costas a ele e sigo para cozinha. — Já comeu?

— Há muito tempo. Você precisa sair mais para não ser tão afetada após uma noitada.

— Vou pensar no seu caso. — A primeira garfada da lasanha da minha mãe que levo a boca faz com que me sinta viva e realmente acordada. Uma delícia!

— Tia, tem mais lasanha? — Ele pergunta a minha mãe. Sabia que não resistiria.

— Claro, meu filho. Está no forno. Quer que pegue para você?

— Pode deixar comigo. — Mal fala e já segue na direção do forno, munido de um prato fundo para se servir.

— Pensei que já tivesse almoçado. — Implico.

— Sim, mas não foi a lasanha da tia.

— Minha mãe disse que já me procurou hoje. O que queria?

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