Capítulo vinte e cinco

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Pedro


Eu sou um homem de trinta e cinco anos que já tive alguns relacionamentos. Porra, eu tenho uma história longa de vida e situações vivenciadas. Tanto no âmbito pessoal, quanto no profissional.

Tenho uma bagagem considerável.

Nunca fui muito apegado a discutir ou falar muito sobre sentimentos. Gozava das sensações e pronto. Não precisava discorrer nada a respeito e muito menos queria. Em alguns dos meus términos até já cheguei a escutar sobre esse meu problema de ser fechado demais.

No fundo, acho que querer debater cada sentimento seja uma particularidade de noventa e oito por cento das mulheres e o restante da porcentagem recai para os homens.

Lógico que não falar não significa não sentir.

Só que com a Malu tudo parece tão puro, natural, que a vontade de dizer o quanto senti sua falta; o quanto queria ter estado com ela a noite toda cuidando e vendo se precisava de alguma coisa; o quanto queria que ela realmente ficasse descansando mais depois do ocorrido; além do quanto queria quebrar a cara do idiota que a machucou; torna-se muito latente em mim.

Pareço estar andando em um terreno completamente desconhecido. Como já posso estar gostando dela dessa forma? Isso é surreal para a minha cabeça. Se fosse um adolescente bobão poderia falar que era o tesão falando, mas sou maduro o suficiente para saber que isso que estou sentindo vai muito além do desejo.

Ela é incrível, linda, gostosa, inteligente, sabe conversar assuntos variados, é justa, leal, sincera, generosa, preocupada com quem ama, batalhadora, estudiosa, poderia ficar discorrendo o resto da vida sobre suas qualidades. Todavia, acho que grande parte se resume ao falar que ela é uma pessoa admirável.

— Esse beijo foi mais que o cumprimento combinado. — Ela balbucia assim que interrompe nosso beijo.

— E por que parece tão pouco?

— Porque foi. Droga! — Pragueja.

A Malu respira fundo e dá um passo para trás. Abaixa-se para pegar as coisas que caíram e me olha séria. Sorrio, pois mesmo com o rosto sério, a marca dos beijos deliciosos que trocamos está estampada em seu rosto.

— Vamos ao trabalho, então. — Sento-me em minha cadeira, enquanto ela se acomoda em outra na frente da minha mesa.

— Sim. Precisamos acelerar as coisas, porque daqui a pouco a doutora Luciana deve estar chegando para a reunião agendada.

Confiro as horas. Temos pouco tempo mesmo. Posso ter minhas dúvidas sobre o caráter pessoal e alguns atos da Luciana, mas é uma excelente profissional em sua área, além de pontualíssima.

— Isso me lembra de que devo anotar para tratar com ela sobre o fim do contrato da Daniela. — Percebo que a Malu fica desconfortável quanto a isso. — Não se preocupa. Ela cavou isso. Falou em meu nome, inventando histórias de que eu não tinha o menor conhecimento. Dei sorte de ter sido com você e pude logo descobrir o ocorrido. Isso podia ser diferente.

— Não consigo entendê-la. Já escutei... Não, deixa para lá. — Começa a falar e logo noto o arrependimento de ter iniciado a falar algo meio que involuntariamente.

— Malu. — Só digo o seu nome e aguardo ela retornar a falar dando continuidade.

— Na faculdade, já escutei ela falando com algumas pessoas que tem um lance com você, que estão envolvidos e coisas do tipo. No fundo, acho que ela tem problemas mentais. Ninguém pode ser normal inventando essas loucuras do nada.

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