Capítulo treze

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Pedro


Enquanto um elevador descia com a Débora e os paramédicos, tivemos que esperar o que fica ao lado chegar. Tinha consciência de que não faria diferença apertar uma ou um milhão de vezes o botão, pois o elevador não viria mais rápido pela força do meu querer. No entanto, isso não me impediu de esquecer meu dedo apertando sem parar para chamar e praguejar ao mesmo tempo.

Foram poucos instantes, mas juro que parecia muito mais.

Parece que quanto mais nervosos, agitados e com pressa ficamos ou estamos, mais tempo demora para tudo acontecer.

Nesse momento, só consigo pensar que deveríamos ter nossa sede na porra do térreo para não termos que esperar tanto assim quando houver uma emergência.

Já dentro do elevador foco nos números luminosos piscando a medida que vamos descendo.

— Ela vai ficar bem. — A voz ao meu lado soa baixinha. Olho na direção da Malu, que parece apertar a ponta dos dedos, demonstrando o quão agitada e nervosa está com a situação. Não sou o único. Seguro sua mão para tentar passar uma tranquilidade que estou longe de sentir. Ela me encara. — A ambulância chegou bem rápido, vai ficar tudo bem, ?

— Vai sim. Está para nascer alguém tão forte ou tão teimosa quanto a Débora.

O elevador sinaliza a parada na garagem, solto sua mão e acelero meu passo em direção ao meu carro.

— O senhor tem certeza que está em condições de dirigir? Qualquer coisa posso levar...

— Fica tranquila. Eu consigo sim. — Destravo o carro e abro a porta do lado do carona para que entre.

— Ok.

Dou a partida e seguro a vontade de sair rugindo com o carro da garagem para não assustá-la e dar-lhe razão quanto a eu não estar cem por cento em condições de dirigir. Todavia, se estivesse no banco do carona, seria bem capaz de surtar.

Me faz um favor? — Ela acena que sim. — Continua tentando ligar para o Timóteo. — Desbloqueio a tela do meu celular com a face e estendo o aparelho para ela.

— Pode deixar.

Ela tenta umas três vezes e só chama. Quando estamos a um quarteirão do hospital, enfim, ele atende.

— Oi. — A voz ressoa pelo autofalante, devido a chamada ter entrado diretamente no bluetooth conectado ao carro. — Homem do céu, onde é o incêndio? Estava em uma reunião.

— Você está sozinho? — Questiono.

— O que aconteceu? — Sua pergunta é rápida.

— Responde, Timóteo.

— Não. Meu assistente está comigo. — Ele respira com força e continua. — Aconteceu algo com a minha mulher?

Não consigo falar. Encaro a Malu, como se suplicasse para ela falar com ele.

Covarde da porra é o que demonstro ser.

— Timóteo, aqui é a Malu. Nos conhecemos no chá. A bolsa da Débora estourou e ela está sendo levada de ambulância para o hospital. — Ela repassa o nome do hospital e me encara esperando que eu fale alguma coisa, mas nada digo. — Acabamos de chegar aqui.

— Eu estou a caminho. — Ele responde.

— Timóteo, vem com cuidado. Sua esposa e seu filho estão esperando por você. — Consigo destravar e falar.

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