Capítulo trinta e um

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Pedro


A Malu pensa que consegue esconder muito bem seus pensamentos, mas senti seu nervosismo durante toda a semana e mais cedo quando nos encontramos por conta desse jantar.

Vendo como está leve agora, sinto que a ficha dela caiu de que tudo daria certo.

Ainda estou processando a dica que me deu de poder leva-la para o quarto que eu quiser quando um rapaz jovem, provavelmente da mesma faixa etária que ela, entra no apartamento completamente à vontade. Nem preciso de apresentação para saber de quem se trata.

Bento.

Esse nome sai muitas vezes da boca da Malu e faz com que o bichinho do ciúme, que eu nem sabia que tinha, comece a brincar com a minha mente. Faz com que um sentimento de posse se aflore em mim em relação a minha namorada. Tenho que segurar o desejo de me levantar e ficar ao lado da Malu, visando impedir que o cumprimento dos dois fosse tão extenso, uma mera saudação de longe seria melhor e não o abraço apertado que estou vendo, pois sei que pagaria papel de bobo.

Sei o quanto ele é importante para ela. Incomoda-me saber de toda história que eles têm juntos e notar o tanto de semelhanças e identificações possuem em comum. Cresceram junto, tem a mesma faixa etária, ela confessou que aprendeu a beijar com ele, são amigos confidentes, parceiros de baladas e tatuagens, cuidam um do outro...

Eu quero ser tudo isso para ela. Amigo confidente, parceiro para tudo, seu amado e amante, quero partilhar minha vida com ela, protegê-la e cuidar sempre.

— Esse é o famoso namorado. — Comenta e estende a mão para me cumprimentar e eu me levanto para fazer isso.

— Você deve ser o famoso amigo Bento. Prazer em finalmente conhecê-lo.

— Igualmente. — Responde sério antes de soltar a minha mão com uma reação bem diferente da que tinha quando entrou no apartamento.

— Pedro, deixa eu te mostrar meu quarto antes de jantarmos, vem. — A Malu entrelaça seu braço ao meu.

Peço licença e a sigo.

O apartamento é uma construção antiga, com espaços maiores e não essas caixas de sapato que vemos aos montes espalhadas pela cidade. Tudo é muito conservado e arrumado.

Quando entro no quarto da Malu vejo que é a cara dela. Tudo muito organizado. Uma cama um pouco maior do que a de solteiro, uma escrivaninha para estudo, uma estante recheada de livros, um armário escuro com espelho no meio e um quadro grande mostrando uma menina sentada na praia lendo um livro.

— Esse lugar é muito você.

— Eu amo aqui. Levei muito tempo para colocar tudo do jeitinho que queria. — Ela vem até onde estou, no meio do quarto e me abraça.

— Gostei do quadro.

— Não reconheceu? — Olho mais atentamente.

— É você? — Assente. — Quantos anos tinha?

— Acho que uns dez. O Bento tirou e há alguns anos mandou ampliar para colocar em um quadro.

— Hum.

— Falei propositalmente o nome dele. — Ela me encara. — Vi sua expressão quando ele entrou.

— Não sei do que está falando. — Viro de costas, na direção da janela do quarto.

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