Capítulo dois

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Pedro


— Batemos com folga a meta estabelecida no mês passado. Não tenho dúvidas que o planejamento de marketing e as novas contratações de influenciadores digitais foram determinantes para isso.

Ouço satisfeito o levantamento dos lucros da empresa e o aumento da procura de novos clientes pelos nossos serviços. Não é nada fácil se manter no ramo da publicidade, ainda mais com tantas novas empresas entrando no mercado e as mais variadas formas de divulgação que a internet e a sua expansão permitiram.

Trabalhar com publicidade atualmente é tirar um coelho da cartola todos os dias. Essa parte criativa deixo para minha irmã e sócia, Caroline, e nossos outros funcionários. Lido diretamente com os clientes, números, análise do mercado, ações e por esse caminho vai. Até participo das aprovações de campanhas, mas é mais um olhar de possível consumidor, na maioria das vezes.

— Acho que passamos todos os pontos esperados para essa reunião. Que essa evolução permaneça nesse ritmo. Uma boa tarde a todos e até a próxima. — Finalizo.

Começo a arrumar minhas coisas para sair da sala de reuniões e dou de cara com a Carol no corredor.

— E então, gerei mais lucro para a empresa?

— Certamente. Quando isso não acontecer você vai ser a primeira a ficar sabendo, pois vou te colocar no olho da rua, maninha. — Puxo seus ombros e deposito um beijo em sua cabeça.

— Vai sonhando. Você não seria nada sem seu pote de ideias particular aqui. — Aponta para a própria cabeça de modo zombeteiro. — O que vai fazer mais tarde?

— Mais tarde que horas? — Dou uma de desentendido.

— Não seja obtuso. Você sabe que me refiro a depois do expediente, engraçadinho.

— E você sabe que não tenho hora certa para sair daqui.

— Sim, sei que meu irmão é workaholic assumido e não sabe quando parar de trabalhar.

— Claro que sei. — Entro em minha sala, sendo acompanhado de perto pela Carol. Deixo o envelope com o relatório mensal, entregue na reunião, e já vejo mais uns cinco relatórios que precisam da minha análise em cima da mesa. Começo a folhear o primeiro.

— Estou percebendo. — Ela tira os papeis da minha mão me cobrando atenção. — Quero que me prove que não é um viciado em trabalho. — Ela senta na ponta da minha mesa, mesmo sabendo que detesto isso, e bem desconfio que seja por essa razão que continue fazendo. Irmã pode ser um tremendo pé no saco.

— Ok, como seria isso? — Cruzo meus braços já sabendo que estou prestes a cair em uma armadilha muito bem desenhada.

— Hoje você sairá no máximo até o fim do expediente, irá para casa, tomará um belo e relaxante banho, jantaremos juntos e depois iremos a uma casa noturna que vai inaugurar hoje.

— Nem pensar. Posso prometer tudo isso e encerrar a noite na minha cama com uma taça de vinho de qualidade e algo tolo na televisão ou um livro bacana.

— Isso não está em discussão.

— Carol, eu sou um homem velho e não tenho pique para essas coisas mais.

— Claro que tem quando seus amigos chamam e você está a fim de caçar.

— Olha o respeito, garota. — Nunca vou me acostumar com o fato de ela já ter se tornado uma mulher, uma profissional competente em sua área e inteligente demais. Terei sempre a tendência de vê-la como uma menina.

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