Capítulo trinta e oito

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Pedro


— Calma, Pedro. — O Arthur fala pela milésima vez.

Uma das piores coisas para se ouvir quando se está soltando fogo pelas ventas, estressado, preocupado, é escutar para ficar calmo. Não sei como funciona com as outras pessoas, mas comigo parece que a irritação só aumenta. É como se ateassem álcool numa fogueira que já está com o fogo forte.

— Como vou ficar calmo? Explica para mim, porque não vejo jeito de isso acontecer. — Abro os braços e sigo andando até a porta que dá para a varanda do meu apartamento.

Se meu sábado já estava péssimo por estar longe da Malu, a ida à festa acabou com o meu humor e as consequências da festa estampadas em todos os sites de fofocas jogaram um pá de cal para me enterrar definitivamente. Agora nem sei descrever como estou me sentindo.

Domingo, três da tarde e sem nenhuma notícia da Malu.

Seu celular está desligado desde ontem à noite. Tentei ligar para a Fernanda, que sei que está dividindo o quarto com ela, e minha chamada foi direto para a caixa postal. Não peguei os telefones dos pais dela, mas também nem sei se seria a melhor opção.

Liguei para o Bento que não quis conversa comigo, repetiu que não irá se intrometer no meu namoro e só confirmou o que eu já imaginava. A Malu já sabe o que aconteceu.

Tencionei ir até o hotel onde ela está hospedada, mas o Arthur me impediu, bem como a Carol também. Falaram que eu já devo ter estragado o congresso dela e ir até lá só pioraria ainda mais a situação. Fora isso, lá não seria lugar para conversarmos.

— Não sei como te responder isso, mas você já aguardou até agora e faltam menos de duas horas para a Malu chegar à cidade. Tudo será esclarecido.

— Fico enojado só de relembrar as matérias que vi sobre ontem. Esse povo escreve o que bem entende sem procurar saber a verdade dos fatos. Acabam destruindo vidas sem nem se abater.

— Pedro, você é uma pessoa pública desde sempre.

— Você também é. — Retruco infantilmente.

— Sei disso, mas estamos falando de você que está em meio ao fogo no momento. Querendo ou não, sempre alimentou várias notícias. Até ontem isso não tinha te aborrecido, porque nunca houve nada mentiroso ou que manchasse sua imagem.

— Pois é, logo agora isso tinha que mudar.

— E se você postar alguma nota de esclarecimento?

— Não acho que vai surtir muito efeito, vão começar a cutucar sobre a história e inventar ainda mais coisas. Sempre aprendi, que na maioria dos casos, a melhor opção é não responder e deixar tudo cair no esquecimento. — Caminho até onde ele está e sento ao seu lado. — Ela não vai acreditar em mim, cara.

— Tenha um pouco de confiança no relacionamento de vocês, meu amigo.

— Eu tenho e sempre fiz de tudo para passar toda a segurança que podia para ela, mas até no almoço na casa da minha avó ela ainda estava temerosa da nossa relação. Na empresa, faz questão de manter segredo. É como se esperasse que alguma merda acontecesse ou soubesse que aconteceria. No fim das contas, sua intuição parece que realmente estava certa.

— Pode ser difícil para aceitar no início, mas ela vai entender em algum momento.

— Só queria que ela me escutasse. Preciso ouvir sua voz para sentir que tenho uma chance de explicar, pelo menos. — Abaixo a cabeça e levo as mãos até ela.

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