Capítulo vinte e sete

68 15 1
                                    


Pedro


— Essa geleia de jabuticaba é maravilhosa. — Perco o fôlego quando a vejo lamber a ponta do dedo onde havia um pouco. Impossível não desejar ter provado essa geleia em contato com a sua pele. — Desculpa, devo estar te assustando por estar comendo feito uma draga, mas não consegui comer nada antes de viajar.

— Estou longe de estar assustado. — Pego sua mão e beijo. — Estou admirando a minha namorada.

— Assim é melhor.

Depois de matarmos um pouquinho da saudade no aeroporto mesmo, a trouxe numa confeitaria próxima ao hotel em que estou hospedado desde que cheguei. Na verdade, não pude ver nada da cidade. Não tive interesse, disposição e muito menos tempo para isso. Todavia, procurei saber e recebi boas recomendações daqui.

A confeitaria tem um espaço ao ar livre, além do salão com ar condicionado. Como o dia está lindo e com um ventinho agradável, escolhemos ficar do lado de fora.

Sentamos numa espécie de poltrona acolchoada, um do lado do outro. Acho que nenhum dos dois estava querendo ficar longe, nem que fosse a distância de uma mesa entre nós dois, tanto que em todas as oportunidades estávamos nos esbarrando, tocando ou acariciando.

Levamos um tempinho para escolher dentre todas as delícias oferecidas no vasto cardápio. Agora, depois de comer tudo o que pedimos, estou bem satisfeito de termos vindo aqui, ao invés de encarar o café da manhã do hotel.

— Preciso confessar uma coisa. — Digo assim que tomo um gole do meu café, antes de virar todo o meu corpo para ficar de frente para ela. — Nem sei pôr em palavras o quão feliz estou por você estar aqui comigo, mas não consigo calar a voz que está me perturbando com a culpa de saber que não poderei ficar colado em você durante todo o tempo.

— Relaxa. — Ela segura meu rosto e me beija a boca bem rapidinho. — Eu vim sabendo o que me esperava. Além disso, não é como se eu fosse ficar de braços cruzados presa numa grade te esperando. Tenho um mundo de coisas para fazer da faculdade e trouxe até umas coisas que a Ana me pediu. Ela disse que poderia deixar para segunda, mas, se tiver oportunidade, prefiro matar logo.

— Funcionária perfeita mesmo. — Aperto sua bochecha de zoação. — Mas, mesmo assim a culpa ainda existe. Talvez porque a verdade seja que preferia ficar com você a cada segundo. Acho que vou sofrer ainda mais por você estar perto e ao mesmo tempo tão mais longe do que eu gostaria.

— Quer que eu vá embora? Se era saudade, já deu para matar nesse café da manhã. — Sei que ela está tirando uma com a minha cara pelo sorriso em seu rosto.

Beijo sua boca. Aproveito que não tem muita gente do lado de fora, principalmente se comparar com o interior da confeitaria.

— Nem brinca. — É um sacrifício parar de beijá-la, mas tenho até medo de testar demais minha força de vontade de resistir a ela.

— Então foca no seu trabalho. Vou focar em minhas obrigações. Quando você acabar, estarei te esperando. Não se preocupa comigo. Já disse, vim sabendo ou tendo ideia de como seria. Em algum momento você vai parar de trabalhar e poderemos aproveitar um pouquinho. Seja namorando, seja eu velando seu sono ou cuidando de você.

Não perco a deixa sobre não ter dúvida que estaremos juntos na hora de "dormir", já que está pronta para velar meu sono. Só consigo pensar que mal posso esperar por isso.

Destino marcado - COMPLETO Onde histórias criam vida. Descubra agora