Capítulo dezessete

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Pedro


Eu sabia que sentiria falta da Débora e não fiz segredo disso para ninguém. Já tinha colocado na minha cabeça fazer o possível para ter paciência com a pessoa que a substituiria e tal.

Mas não dá! Não deu!

Logo cedo a Natalia, pessoa que a Débora escolheu, já chegou atrasada, não sabia onde tinha colocado a agenda com os compromissos marcados para o dia e nem encontrava o arquivo backup com esses dados que ficam no computador, gaguejava para falar uma palavra comigo, conseguiu derramar uma xícara de café no chão da minha sala e ainda chorou.

Dispensei na mesma hora. Não da empresa, o que seria o certo, mas tirei da função de minha secretária. A Débora não colocaria alguém incapaz para trabalhar diretamente comigo. Até entendo o nervosismo inicial, já que começou a ter que lidar diretamente comigo antes do previsto e a Débora não pode terminar de treinar direitinho, mas a sequência de besteiras foi demais para mim.

Nunca fui conhecido por ser o rei da paciência.

A manhã terminou agitada, mas estava aliviado depois que ela já tinha saído.

Confiro que horas são. Ainda é cedo. Quero pedir desculpas para a Malu assim que possível e riscar logo isso da minha agenda. Ah que por falar em agenda, eu encontrei a da Débora ao lado do computador, mas a brilhante substituta não foi capaz de encontrar.

Saio para almoçar no restaurante do Arthur. Preciso respirar um pouco fora desse escritório. Geralmente como por aqui com a Débora, quando não tenho nenhum compromisso fora nesse horário. Dificilmente vou até em casa só para almoçar, por ficar muito contramão e perderia mais tempo no ir e vir do que almoçando em si.



ESTAVA DELICIOSO. COLOCOU O estagiário para cozinhar? — Zombo do meu amigo e dou uma olhada no cardápio das sobremesas, mesmo já sabendo todas que tem, de tão assíduo que sou.

Quando venho sozinho já vou entrando direto para cozinha e me aboleto num cantinho que tem aqui, para poder ficar conversando com o meu amigo, enquanto ele trabalha.

— Vou guardar a resposta que você merece para quando estivermos sozinhos. — Ele libera mais um prato, dando as instruções ao garçom, antes de continuar falando. — Falando em estagiário, ou melhor, estagiária, como anda a sua predileta?

— Não consegui falar com ela ainda.

— Olha ele não desmentindo sobre ela ser a queridinha do chefe. — Merda. Como dei um mole desses? Dar uma brecha desse tipo para o Arthur é dar armamento pesado ao inimigo.

— Nem a conheço direito. Ela só vai à empresa na parte da tarde. — Explico sem dar muita conversa.

— O que você vai fazer quanto à secretária? — Não entendo a mudança rápida de assunto. Uma mulher sendo meu foco, geralmente alimenta muito mais assunto por parte dele.

— Tenho que procurar outra pessoa para ontem.

— Por que não chama a estagiária? — Sabia!

— Porque ela tem o estágio dela para cumprir, ora bolas. Acho que estuda na parte da manhã. Se fosse à noite, até daria para contratar por meio período se fosse o caso.

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