Capítulo seis

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Maria Luiza


Não faço a mínima ideia do que deu em mim para voltar lá e oferecer ajuda. Não que eu fosse me negar a ajudar se me pedisse, mas me oferecer assim para fazer foi diferente.

Mesmo sem ter o hábito de caçar fofocas na internet ou televisão é impossível não saber quem ele é. Acho que o susto de estar com ele cara a cara mexeu comigo.

Sinceramente não liguei o nome à pessoa. Quando era mais nova e ele também, era muito comum ver notícias sobre suas mais novas namoradas ou as festas que participava. Ultimamente não tenho tido muito tempo para acompanhar nada e também meu foco mudou. Mas, não vou negar que ele foi meu objeto de cobiça quando mais nova.

Só posso dizer que o tempo fez muito bem para ele e os poucos fios grisalhos, que já são visíveis, adicionaram um charme ainda mais forte a sua beleza já aterradora.

Voltando ao presente, ele parecia tão perdido e com um quê quase de desespero que me fez voltar, colocando-o apenas na posição de alguém que precisava de uma mão naquele momento.

Penso que o que mais achei estranho foi a minha reação a ele inicialmente. Estou longe de ser uma pessoa deslumbrada e afetada por status ou posição social. Talvez tenha sido por ter acontecido em um momento que o Pedro estava bem nervoso e fiquei meio assustada, temerosa, não sei ao certo. Ou, devido ao fato de ele já ter ocupado a posição de meu crush na adolescência.

Enfim, foi difícil falar com ele, pelo menos inicialmente. O que é bem irônico, porque acabei tendo que perder qualquer tipo de vergonha de lidar com as pessoas desde que comecei a trabalhar com meus pais e até com a faculdade se tornou mais fácil, pois tive aulas para podermos nos soltar mais.

O mais louco ainda é que sempre tenho as responsabilidades na frente de tudo e nem pensei que tinha que correr para voltar para ajudar os meus pais, só me intrometi onde não era chamada para ajudar um dos homens mais bonitos que meus olhos já viram e esqueci do resto.

Trabalhando no trailer não posso reclamar sobre ver belos homens, mas o Pedro não é só o externo, homem alto, cabelos negros começando a aparecer fios brancos, corpo atlético, sorriso sensual e uma voz grossa que chega a dar um leve arrepio no corpo. Ele inspira uma áurea atraente, envolvente, sem nem fazer esforço.

Um suspiro involuntário escapole dos meus lábios.

— Interrompi alguma coisa com o magnata?

Olho para o Afonso e demoro um segundo para me lembrar da presença dele aqui.

— Claro que não. — É a verdade.

— Não parecia. Até oferta de emprego rolou.

— Você está pensando em mudar de profissão? — Cruzo os braços e o encaro.

— Por quê? — Questiona confuso.

— Está parecendo repórter de jornal de fofoca ou delegado num interrogatório.

— Só não quero que você caia na lábia de nem um cara metido a besta e saia machucada.

— Você deveria me conhecer melhor do que isso, até porque nunca cedi as suas investidas.

— Malu...

— Afonso. — Respondo brincalhona. — Relaxa, homem. Ele fez maior bagunça com os documentos e parecia nervoso procurando uma coisa, só ajudei. Faria isso com qualquer pessoa, mas fiz especificamente com ele, pensando na Débora com aquela barriga imensa tendo que abaixar para organizar arquivos.

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