Destino marcado - COMPLETO

Capítulo dezesseis

Maria Luíza

— Você tem certeza disso, sua maluca? — Assinto pela milésima vez. — Tem certeza que não está fazendo isso por estar chateada com tudo o que aconteceu? — Dou mais uma super puxada no meu milk-shake e confirmo novamente com a cabeça. — Preciso de palavras aqui, Pooh. — A irritabilidade latente no meu amigo só me dá vontade de rir.

— Você me conhece o suficiente para saber que não sou nada impulsiva e sabe também que já queria isso, apenas sempre tive muito medo de encarar, mas agora vou fazer.

Resumo da ópera desde que saímos do trailer: foi passar para comprar meu milk-shake e vir até o estúdio de tatuagens onde o Bento costuma fazer as suas. Que são muitas, por sinal.

Tem uma frase que sempre quis tatuar, mas sou medrosa demais quando o assunto são agulhas. Acho que escolhi o milk-shake de maracujá para ver se dava uma acalmada na hora "h". Mas, a bem da verdade, é que estou meio anestesiada devido a tudo que aconteceu hoje. Duvido que vá sentir muita dor.

— Ok. Vamos entrar então. — Ele abre a porta para mim, mas segue resmungando. — Seus pais vão me matar.

— Até parece. Eles sabem da minha vontade.

— Mas, assim como eu, nunca imaginaram que teria coragem de encarar a agulha. Vão pensar que eu te incentivei.

— Relaxa. Vamos viver perigosamente. — Brinco.

O som alto está rolando dentro do estúdio. Uma música instrumental. Tenho certeza que já escutei outras vezes, mas não faço ideia do nome ou quem criou. Juro que imaginava que encontraria um rock pesado estourando as caixas de som em um ambiente como esse.

Tem uma recepção legal com vários desenhos expostos, fotografias de pessoas mostrando suas tatuagens. De cara, vejo o Bento em umas quatro. Aponto a foto que mostra a tatoo das costas e ele ri.

— Quase um garoto propaganda desse lugar.

— Mereço até um desconto. — Retruca.

— Vai sonhando, cara. — Um homem gigantesco, de quase uns dois metros de altura brincando, vem da parte de trás acompanhado de uma moça que nos cumprimenta e anda até a cadeira no balcão da recepção. — Eu que deveria cobrar mais por enfeitar essa sua carcaça nerd.

Os dois se abraçam dando tapas fortes demais nas costas um do outro e espero que ele não queira fazer o mesmo comigo, pois me partiria em duas com facilidade.

Opa!

Algo me bate agora. Esse homem enorme é o tatuador. Como alguém tão grande e parecendo até meio estabanado pode ter a delicadeza ou sutileza de manejar uma máquina mortífera que é uma agulha de tatuar?

— Será que tem alguém mudando de ideia por aqui? — O Bento para ao meu lado sorrindo.

— Nada disso. — Muno-me de um resquício de coragem que ainda existe em mim.

— Vini, essa é a Malu, minha irmãzinha. — Reviro os olhos. Dou a mão em cumprimento ao Vini.

Detesto quando me apresenta como irmãzinha. Ele sempre usou isso na escola ou em alguma reunião com seus amigos para afastar os caras que não considerava serem bons para mim, tipo: os que tinham o hábito de trair, usar droga, andar em más companhias, serem pouco confiáveis...