Capítulo vinte

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Maria Luiza


Confesso que achei que ficaria muito mais nervosa devido a carona e a essa visita em particular, mas penso que desenvolvi uma relação bacana com o Pedro e acabo me sentindo bem à vontade perto dele.

Antes de entrar no carro e estarmos realmente pegando o caminho da casa da Débora, fiquei tão presa ao gesto e cuidado dele com a senhora que nem prestei muita atenção ao jeito causal que está vestido. Demonstrando uma jovialidade, acessibilidade, identificação maior ao que estou acostumada.

Não fiquei surpresa ao vê-lo em roupas esportivas, pois já havia visto na época que o acompanhava nas redes sociais e vislumbrava nosso casamento fictício em alguma praia paradisíaca do país. Jovem tolinha!

Ele está com uma bermuda cargo cinza escuro, uma camisa polo branca e óculos escuros para fechar.

— Conseguiu fazer tudo o que queria no fim de semana? — Indaga.

— Sim, senhor. Fiz tudo o que precisava e ainda sobrou tempo.

— Por favor, corta esse senhor, pelo menos fora da empresa, já que lá você parece não conseguir. — Seu tom quase de súplica me pega desprevenida.

— Vou tentar. — Falo baixinho, pois imagino que será difícil.

— Vai conseguir.

A conversa é interrompida quando paramos na frente de um condomínio, o qual ele parece estar bastante familiarizado, o que só evidencia ainda mais a certeza da forte amizade que os une.

Somos liberados para entrar.

Paramos na frente de uma casa com muitos vidros à vista. A maioria das que já vi de perto com excesso de vidros, sempre me transmitiu certa frieza, mas não é o caso dessa. Deve ser pelos detalhes em madeira e o jardim impecável na entrada.

— Bela casa.

— Concordo com você. E tem um quintal incrível, perfeito para uma grande família.

— Nem todos querem uma tão grande assim. — Retruco nem sei ao certo a razão. Talvez inconscientemente quisesse puxar algo mais pessoal dele. Sei que já teve várias namoradas, mas até hoje nenhuma que o fizesse dar o próximo passo. Pelo menos até onde sei.

— Você não quer? — Não esperava por essa. Minha vontade de repente é acelerar o passo para sair da berlinda que eu mesma me coloquei, mas ainda faltam alguns passos até a porta principal da residência.

— Eu quero sim. Ser filha única não é tão legal. Acho que só não senti tanto por sempre ter tido um melhor amigo morando na porta da frente, e acabamos sendo criados como irmãos praticamente. E você?

— Também quero uma família. Não sei se grande, mas quero isso. Esposa, um filho ou dois, cachorro no quintal, churrascos aos domingos... Quero a experiência, quero o elo inquebrantável, quero o que tanto senti falta durante grande parte da minha vida por sentir que faltavam algumas pessoas. — Seu tom soa um tanto quanto melancólico.

Acho que nem ele se imaginou se abrindo tanto para mim. Fico encarando seu rosto por uns instantes, sem saber ao certo o que dizer ou até se era necessário falar alguma coisa depois disso tudo. O Timóteo me tira desse balaio de gato ao abrir a porta para nos recepcionar.


Pedro


A idade deve estar me deixando com a língua solta ou sem filtro. Talvez o problema não esteja comigo e seja a Malu que consegue extrair coisas que não costumo dizer nem em meus pensamentos direito.

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