Maria Luíza
— Malu?
Sorrio com a pergunta, pois sei que é só para constar, já que nesse horário só poderia ser eu entrando em casa.
— Sou eu, mãe.
Deixo a pasta em cima do sofá junto com a minha bolsa e ajoelho no chão para acariciar o Biscoito, meu cachorrinho agitado, que não para de pular no chão querendo atenção.
— Como foi o primeiro dia de aula? — Ela aparece na porta da sala com um sorriso no rosto, enxugando as mãos no pano de prato que sempre leva no bolso do avental.
Desde que era novinha, minha mãe sempre teve esse modus operandi de perguntar como foi na escola, saber o que aprendi, questionar sobre lições de casa e sobre meus colegas de classe. Nunca dei trabalho para estudar e sempre dava conta das lições sozinha, mas ela, mesmo com pouco estudo, fazia questão de mostrar interesse por todos os aspectos da minha vida, além de me apoiar sempre.
— Foi bem. Uma professora conhecida e outra nova deram aula hoje. Já tenho alguns trabalhos para fazer, mas nada que não dê conta. — Trato logo de garantir essa parte.
— Sei disso. Você é dedicada.
Deixo o Biscoito entretido com seu osso de brinquedo, sigo para dar um beijo no seu rosto e depois lavar as mãos para ajudá-la na cozinha.
Antigamente, o trailer funcionava só na parte da manhã e da tarde, mas desde que comecei a faculdade e a minha mãe se aposentou, ficamos parte da noite lá também servindo porções de caldos, escondidinhos e outras coisas. Mais trabalho, mais dinheiro extra.
Mesmo estudando em uma universidade pública sempre tenho despesas com cópias, passagens de ida e volta para a aula e para os estágios. Fora isso, o salário da minha mãe deu uma queda grande quando ela se aposentou também.
Costumo chegar das aulas e encarar a cozinha, antes de ir para o trailer trabalhar o resto do dia com o meu pai. Depois das seis as vendas aumentam consideravelmente, sejam as pessoas jantando antes de ir para os próximos compromissos ou levando algo pronto, quentinho e saboroso para casa.
— O que teremos para hoje? — Questiono já colocando o avental.
— Mocotó, caldinho de feijão e caldo verde. Já adiantei tudo. — Conta orgulhosa.
— Estou percebendo. Acho que adianta tudo para não correr o risco de eu colocar minhas mãos no seu tempero e desandar tudo. — Chego por trás dela e faço cócegas em sua barriga. Ela grita. Minha mãe detesta os meus ataques, mas amo apertá-la.
— Para menina. Até parece. Você cozinha melhor do que eu se duvidar. Os doces que você fez já estão geladinhos e separados no pote. — Geralmente faço a noite.
— Já avisou ao Bento que está tudo adiantado?
— Ainda não.
— Vou ligar para ele então.
Moramos no mesmo apartamento desde que eu era um bebê e o Bento também mora desde sempre na porta da frente. Ele é como se fosse o meu irmão.
Aprendemos um bocado de coisas juntos, desde o ABC na escola até a beijar na boca no play do prédio. Dá vontade de rir quando me lembro da gente observando os beijos nos filmes e tentando reproduzir. Ainda bem que foi só um dia e logo fomos praticando com outras pessoas. Depois de aprendido, nunca mais repetimos a dose. Somos amigos e pronto.
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Destino marcado - COMPLETO
RomanceO livro será postado até o epílogo na plataforma. Ele já se encontra completo e disponível no site da Amazon, contendo dois capítulos de bônus, que são exclusivos da publicação lá. O livro ficará disponível até 20/03/2021 na íntegra antes de ser ret...