O Amasso

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- Achei que não viria.

Draco Malfoy estava sentado no chão, as pernas cruzadas, o livro sobre criaturas magicas tampando parte do rosto. E deitado no colo dele, enroscado como uma bolinha de pelos malhados laranja e marrom estava o amasso. Se parecia muito com um gato exceto pelas orelhas enormes em relação à cabeça e o rabo de leão, comprido, com um tufo na ponta. O amasso ergueu a cabeça e piscou, os olhos eram dourados, a fenda preta que era sua pupila arredondada por causa da pouca luz do aposento.

Hermione deixou a bolsa pesada de livros e pergaminhos no chão aos pés da poltrona mais próxima e foi se sentar sobre o tapete felpudo ao lado dele.

- Eu queria ver o amasso. – respondeu simplesmente.

Ela estendeu a mão para a criatura que a cheirou desconfiada antes de sibilar, mostrando os gentes afiados.

- Ele se parece com o Bichento. – sorriu apesar do ódio que o amasso lhe dirigiu.

- Você diz o gato gordo e laranja que anda empertigado pelo castelo? – Draco arqueou uma sobrancelha.

Hermione deu de ombros.

- Ele gosta de liberdade. É muito inteligente e sabe se virar.

O garoto bufou e fechou o livro.

- É preciso tirar uma licença para tê-lo como animal de estimação. – anunciou.

- E? – ela ainda tentava conquistar o bicho que fazia o possível para ignorá-la.

Draco franziu o cenho, coçando as orelhas do amasso. Hermione fez uma careta de inveja e indignação ao ver o animal se aconchegar ainda mais nas pernas do rapaz.

- Não vai ser fácil escondê-lo no dormitório. – ele ponderou.

- Posso pedir ao Hagrid para cuidar dele. – a garota sugeriu.

Draco hesitou.

- Ele já não tem muitos animais para cuidar?

- Se ele for como o Bichento, só precisa de um lugar seguro para voltar.

Ele baixou os olhos para a criatura, pousando as mãos na pelagem macia enquanto ele ronronava.

- Hagrid fica muito perto da Floresta Proibida.

Hermione ergueu os olhos para encará-lo enquanto ele apertava os lábios.

- Você se apegou ao bicho. – ela quase riu de deboche.

Rubor coloriu as bochechas de Draco.

- Eu só...

Ela riu, então.

- Fique com ele, Malfoy.

Draco inspirou profundamente e voltou a acariciar a criatura, o rubor ainda marcando as bochechas.

- Você já lhe deu um nome? – Hermione quis saber.

- Não sei se é macho ou fêmea.

- Você pode chama-lo de Charlie. – ela sugeriu.

- Vou procurar como identificar o sexo antes. – ele tamborilou os dedos sobre o livro – E então lhe darei um belo nome bruxo. – sorriu com uma expectativa infantil brilhando nos olhos cinza agora claros e limpos como prata recém-polida.

- Boa sorte com isso então. – bufou ela em resposta, levemente embasbacada pela beleza dele.

Hermione o observou soltar um risinho antes de se curvar para roçar o nariz na pelagem do animal, corando depois, ao perceber que ela o observava.

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