Hermione mordia a parte interna do lábio enquanto subia a escada espiralada em direção ao escritório da diretora, perguntando-se o que teria feito de errado para ser chamada pessoalmente até lá. Ela parou quando alcançou a gárgula que guardava a entrada, disse a senha e esperou.
A enorme gárgula se moveu após alguns segundos de nervosismo intenso e ela encarou a Diretora McGonagall de pé no hall, esperando por ela em frente as portas duplas de seu escritório.
- Granger. – a professora gesticulou para que ela entrasse.
Hermione inspirou profundamente e passou pelas portas abertas para a enorme saleta repletas de janelas, estantes de livros e retratos dos diretores anteriores. Seus olhos se fixaram em Albus Dumbledore que a fitou por sobre os óculos meia-lua, os olhos azuis pareciam brilhar mesmo no retrato, ele sorriu para ela com um leve aceno e Hermione sorriu de volta.
- Srta. Granger. – uma voz grave interrompeu suas lembranças do antigo diretor.
Hermione piscou e vasculhou a sala em busca da fonte daquela voz profunda.
Kingsley estava de pé ao lado da escrivaninha, a varinha empunhada, os olhos escuros solenes enquanto a encarava.
- Kingsley. – ela sorriu e deu um passo na direção dele, então parou, hesitante e pigarreou – Quero dizer, Ministro. – corrigiu-se – A que devo a honra?
Ele arqueou uma sobrancelha.
- O Ministro está aqui, Srta. Granger, pois suspeita que a senhorita esteja sob o efeito de algum encantamento ou feitiço. – McGonagall se aproximou atrás dela – Embora eu lhe tenha garantido que seja impossível.
Hermione uniu as sobrancelhas.
- Por que eu...
- Me permita, Srta. Granger. – Kingsley a interrompeu, erguendo a varinha.
Ela suspirou.
- Muito bem.
Hermione relaxou os ombros e deixou os braços caírem dos lados do corpo, concentrando-se para permanecer calma enquanto uma varinha lhe era apontada.
Ela o observou murmurar uma série de feitiços e sentiu a pele formigar diante de onda após onda de magia. Quando ele terminou, ainda incrédulo e insatisfeito, aproximou-se um passo na direção dela.
- Qual o nome de seus pais? – perguntou.
Hermione arqueou uma sobrancelha.
- David e Jane.
Ele bufou.
- Onde você, Harry e Ron se refugiaram depois de escaparem da Mansão Malfoy?
- No Chalé das Conchas com Bill e Fleur.
Ele franziu o cenho.
- Muito bem. – disse ele, resignado – Acho que podemos confiar que não está sob nenhum feitiço ou encantamento.
- Por que pensaria isso?
Kingsley guardou sua varinha.
- Recebi sua carta solicitando uma chave de portal e uma permissão para Draco Malfoy deixar o país em sua companhia
McGonagall deixou escapar um muxoxo de desaprovação.
- O Senhor pode pensar o que quiser, Ministro, mas lhe garanto que Draco Malfoy não tem sido nada se não um aluno exemplar. – defendeu ela.
- O Sr. Malfoy estará sob cuidadosa vigilância por quanto tempo o Ministério achar adequado. – retorquiu ele, aborrecido – E não recomendo que deixe o país, ainda mais como companhia da Srta. Granger.
McGonagall lançou a ele um olhar reprovador e cruzou os braços, indignada.
- Está culpando um garoto pelos erros de seus pais, Sr. Ministro.
- Estou tratando o garoto como o ex-Comensal da Morte que ele é.
Hermione estalou a língua.
- Você não o conhece, Kingsley.
- Tem razão, Granger. Conte-me, como ele se dirigia a você nos anos anteriores à guerra? – ironizou.
Ela corou de raiva.
- Escute aqui, Ministro. – ela se aproximou dele, encarando-o com o queixo erguido – Lutei naquela guerra por essa paz. Abri mão de muito para estar aqui hoje. Para que o Sr. pudesse estar aqui hoje. Sou uma bruxa adulta e não serei tratada como uma adolescente. Draco Malfoy, como muitos outros, foi arrastado para essa guerra e você sabe disso! Não pode culpa-lo pelas coisas que ele não teve escolha se não fazer! Não pode culpa-lo quando ele nem sequer teve a chance de escolher um lado.
- E por isso ele foi absolvido de seus crimes, Granger. – Kingsley lembrou – Mas confiança é algo que se conquista.
Ela cerrou o maxilar.
- Draco lutou conosco na Batalha de Hogwarts. – ela lembrou – Quando lhe deram uma escolha, ele escolheu ficar desse lado.
Kingsley pressionou os lábios numa linha rígida e Hermione recuou, ainda o encarando firmemente, sabendo que tinha feito um ponto, que ele não podia replicá-la.
- A senhorita daria uma ótima advogada, Srta. Granger. – disse ele e suspirou – Muito bem. A Diretora McGonagall me informou que a senhorita e o Sr. Malfoy estão... romanticamente envolvidos.
Hermione corou.
- De fato. Estamos.
- Espero que saiba o que está fazendo, Granger, levando um Malfoy, um ex-Comensal da Morte, para conhecer seus pais trouxas.
- Draco irá comigo como meu namorado.
Kingsley ergueu as sobrancelhas.
- Muito bem. Enviarei uma permissão oficial ao Sr. Malfoy via coruja em breve.
Ela sorriu, satisfeita.
- Muito obrigada.
- A chave de portal será disponibilizada próximo da pausa de primavera. Seus pais residem, atualmente, em Townsville, na Austrália. Tomei a liberdade de rastreá-los após a guerra.
Os olhos de Hermione se suavizaram ainda mais.
- Obrigada, Kingsley.
Ele assentiu.
- Diga a Potter que mandei lembranças. – ele gesticulou uma dispensa.
Ela sorriu mais uma vez e seus olhos procuraram o retrato de Dumbledore quando ela se virou para deixar a sala. O antigo diretor piscou para ela com um sorriso.
- Muito bem dito, Srta. Granger. – disse ele.
Hermione assentiu e seus olhos se recaíram sobre o retrato de Snape ao lado de Dumbledore. Ele a olhava de cima, as expressões endurecidas, os cabelos pretos emoldurando a palidez do rosto, uma sobrancelha arqueada numa pergunta muda.
- Ele está bem. – disse baixinho para o ex-professor – Está feliz.
O rosto de Snape suavizou.
- O mantenha na linha, Granger.
Ela sorriu e assentiu.
- Farei isso. – garantiu.
Hermione acenou com a cabeça para a diretora ao sair. McGonagall mantinha um sorriso orgulhoso nos lábios e os olhos estavam úmidos por trás dos óculos.
Ela suspirou quando a porta do escritório se fechou atrás dela e ela ficou sozinha no hall, sorrindo para si mesma, sentindo-se estranhamente leve e satisfeita consigo mesma. Mal podia esperar para compartilhar as boas novas com Draco e começar a planejar.
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Sala Precisa
FanficEra o último ano deles em Hogwarts, afinal. Um última oportunidade para perdoar e formar amizades - e até amores - duradouros.