Sem Pressa

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Draco sorria para si mesmo enquanto caminhava – quase saltitava – pelo corredor do sétimo andar. Ah. Estava tendo um ótimo dia.

Potter não aparecera na aula de Defesa Contra as Artes da Trevas com uma desculpa qualquer que deixara Flin vermelho de raiva quando uma garota lhe perguntou sobre a ausência do Menino-que-não-morre. Naquele dia, ele sequer mencionara Potter durante toda a aula. E Nott até angariara 20 pontos para a Sonserina ao acertar uma questão. Aquele fora um bom dia e ele estava pronto para matar o próximo período – adivinhação – na Sala Precisa com Hermione quando o viu e parou subitamente.

Potter estava encostado na parede do corredor onde geralmente a porta da Sala aparecia para ele. Os cabelos pretos estavam bagunçados, como sempre, e uma mecha escondia a cicatriz em sua testa. Ele ajeitou os óculos redondos quando desencostou da parede e foi até Draco, a capa farfalhando no chão atrás dele enquanto andava. Ele cruzou os braços e parou diante do sonserino.

Eles tinham a mesma altura e se encararam por um longo momento antes de Draco bufar. O bom humor se fora.

- O que você quer, Potter?

Harry suspirou, então descruzou os braços.

- Desculpe por aquele dia no Três Vassouras.

Draco arqueou uma sobrancelha.

- Hermione obrigou você a se desculpar?

- Não.

Ele ergueu as sobrancelhas loiras, surpreso.

- Então o que você quer, exatamente?

- Apenas aceite a droga das desculpas, Malfoy. – Potter se irritou.

Mas o sonserino apenas o encarou de novo, analisando, ponderando, então deu de ombros.

- Não há nada para ser desculpado. – disse – Passei anos provocando vocês da mesma forma.

Harry apertou os lábios numa linha rígida. Ora, isso foi inesperado.

- Mesmo assim. Eu não deveria usar aquilo contra você.

- Não ligo para o que pensa sobre mim ou para o que diz sobre mim para ela, Potter. Podemos até brigar se quiser, com xingamentos, magia ou socos, honestamente, vou até gostar. Mas não quando estivermos com ela. – Draco disse – Quando eu estiver com ela, vou suportá-lo, você e o Weasley, e espero que tenham a mesma decência. Por ela.

Por ela. Harry suspirou. De alívio dessa vez e assentiu.

- Nós conversamos. – contou – Hermione e eu. E nos entendemos. – ele observou Draco enrijecer o corpo e quase sorriu - Somos amigos. Então não se preocupe comigo.

- Nunca me preocupei com você. – mentiu o rapaz.

Harry Potter sorriu.

- Ficou com medo de que eu a roubasse de você. – provocou.

Draco estreitou os olhos.

- Não conseguiria nem se quisesse.

O sorriso de Harry se alargou.

- Não. – admitiu e não doeu quando o fez – Não mesmo. – murmurou mais para si mesmo – Até mais, Malfoy. – disse e passou por ele em direção a grande escadaria.

Draco o observou virar a esquina do corredor antes de encarar a parede.

- Se esse não é um dia estranho... – resmungou para si mesmo enquanto a parede se transformava naquela pequena porta com arabescos dourados.

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