Um Futuro Juntos

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- Não e irônico? – Hermione sorriu para si mesma enquanto mexia o conteúdo do caldeirão.

- O quê? – Draco perguntou, sentado em seu lugar ao lado dela na bancada com o a cabeça apoiada numa mão, os olhos acompanhando a linha do livro de Estudos Avançados no Preparo de Poções.

- Cozinhar um antidoto para a poção do amor numa aula temática de dia dos namorados.

- Você preferiria preparar uma Amortentia? – ele ergueu os olhos para encará-la, aquele sorriso malicioso entortando os lábios – Já não estou suficientemente aos seus pés, Granger?

Ela sorriu, sentindo estranhamente satisfeita com a provocação dele.

- Pegue os ovos de Chizácaro, por favor. – Hermione disse enquanto aumentava o fogo com um aceno da varinha.

- Slughorn vai repassar a Amortentia antes do final de semana. – disse ele enquanto alcançava os ovos e os passava para ela – Sugeri que ele produzisse o máximo possível de antídotos antes.

Ela olhou para ele, as sobrancelhas erguidas.

- Então já estão trabalhando juntos?

Draco deu de ombros.

- McGonagall sugeriu que eu monitorasse as turmas de Poções nos períodos livres e Slughorn ficou satisfeito com a possibilidade de se aposentar mais cedo, apesar de não gostar muito de mim. – suspirou.

- Por que não me contou? – ela tirou a colher do caldeirão e a pousou na bancada.

Ele sorriu e pegou um cacho do cabelo dela, enrolando-o nos dedos. Aquele gesto se tornara um habito frequente e reconfortante.

- Bem, quando eu estou com você, outros tipos de pensamentos ocupam minha mente. – ele sorriu.

O sorriso torto e malicioso nos lábios dele a fez estremecer, despertando seus nervos para as sensações que costumavam seguir aquele sorriso. Hermione precisou de todo seu controle para não pular nos braços dele.

- Então é definitivo. – disse ela – Você vai lecionar em Hogwarts no ano que vem.

Os olhos cinza dele procuraram os dela, perscrutando por sinais de reprovação.

- Vou. – assentiu, ainda examinando o rosto dela.

Hermione mordeu o lábio e pegou a ponta da gravata dele que estava frouxa ao redor do pescoço – como sempre – dobrando o tecido nos dedos enquanto o medo de ter que se separar dele começava a corroê-la pelas beiradas.

Draco segurou sua mão.

- Me diga o que está pensando.

- Hogwarts é tão longe de tudo... – ela resmungou baixinho.

Os dedos dele tocaram seu rosto, escorregando para debaixo do seu queixo e erguendo seu rosto para que os olhos castanhos úmidos se prendessem no cinza brilhante dos olhos dele.

- De Hogsmeade posso aparatar para onde você estiver, Hermione.

Ela hesitou.

- E se eu estiver fora do continente?

- Então eu tenho minha vassoura, a rede de flu ou posso usar uma chave de portal.

Ele soltou seu queixo e ela bufou.

- Vai ficar exausto fazendo isso todos os dias.

Ele sorriu e deu de ombros enquanto alcançava o frasco de sangue de salamandra.

- Aparataria no inferno por você. Todos os dias. – ele a beijou rapidamente depois de verificar se alguém estava olhando.

Hermione sorriu e o observou despejar a quantidade já medida de sangue de salamandra na poção, pegando a colher e mexendo devagar em sentido anti-horário.

- Ainda não sei o que fazer depois de Hogwarts. – ela suspirou e se sentou no banco ao lado dele.

- Oh. Deve ser difícil ser tão boa em tudo. – ele revirou os olhos.

Hermione fez uma careta e lhe mostrou a língua, mas Draco estava concentrado nos movimentos da poção, esperando que ficasse perfeitamente amarela para que pudessem prosseguir.

- Eu definitivamente não pretendo ser uma auror. – disse ela cutucando as biles de tatu com uma faca sobre a bancada.

- Ótimo. – ele respondeu de volta, assentindo para si mesmo – Fico feliz por isso.

Hermione o observou erguer a colher do caldeirão com um sorriso satisfeito e pousá-la na bancada antes de pegar a tabua com as biles de tatu para começar a amassá-las. Cada gesto dele era fluido, elegante e exato. Draco se movia como água. Ela poderia observá-lo trabalhar por horas sem nunca se cansar.

- Você me vê fazendo alguma coisa específica? – inclinou a cabeça com curiosidade.

Draco assentiu enquanto trabalhava.

- Vejo você fazendo várias coisas.

Ela revirou os olhos.

- Não está ajudando, Draco.

Ele suspirou.

- Você não precisa ter pressa. – disse, jogando as biles de tatu completamente moles no caldeirão e mexendo com a colher – Deveria passar tanto tempo quanto quisesse com os seus pais quando terminarmos a escola. Tenho certeza de que eles gostariam disso.

Sim. Ele estava certo. Ela também gostaria disso. Hermione amava e odiava quando Draco estava certo. Suspirou.

- Você está certo. – admitiu depois de um momento.

Os cantos dos lábios dele se ergueram, mas ele conteve o impulso de responder com qualquer coisa petulante que a faria franzir o cenho.

- Onde seus pais moram? – perguntou em vez disso.

Ela o observou apagar o fogo e retirar a colher do caldeirão, apoiando-a sobre a bancada e permitindo que a poção descansasse.

- Hampstead. – fez uma careta – É onde eu costumava morar, mas eles não estão mais em Londres... ou no Reino Unido.

Draco separou os frascos para armazenar a poção e se sentou de frente para ela no banco ao lado.

- Bem, então talvez precise de uma chave de portal. – ele ponderou – Você poderia solicitar uma ao ministério agora e ir até eles nas férias da primavera. – pegou a mão dela – Eu poderia ir com você. – ele hesitou e pigarreou, um pouco desconcertado – Quer dizer... Não vou precisar ajudar Slughorn e serão duas semanas... – seus olhos finalmente encontraram os dela, cheios de receio – A menos que prefira ir sozinha... ou com seus amigos...

Hermione entrelaçou seus dedos aos dele.

- Você viria comigo? Mesmo?

- Eu preciso da permissão do ministério. – lembrou ele – Mas iria, claro.

Ela sorriu e o abraçou.

- Vou escrever à Kingsley assim que a aula acabar, então!

Draco sorriu e beijou seus cabelos antes de afastá-la com gentileza.

- Slughorn está olhando. – sussurrou.

Hermionecorou e olhou na direção do velho professor, sorrindo sem graça como um pedidode desculpas. Quando olhou de novo para Draco, ele sorria para ela e elasimplesmente não conseguiu impedir a risada de escapar dos seus lábios. 

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