Entre Malfoys

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Hermione estava sorrindo quando fechou a porta da enfermaria. Draco estava dormindo. Profundamente. Ele tinha dormido a maior parte da manhã e não parecia nem perto de acordar. Ela estava saindo para almoçar no salão com seus amigos depois de deixar um breve bilhete para ele avisando-o de seu paradeiro e pedindo que ele enviasse um sinal pelo anel caso acordasse antes de ela voltar.

Quando ela girou para fazer seu caminho escadas a baixo para o grande salão, no entanto, parou ao reconhecer a mulher sentada num dos bancos de madeira do hall.

Narcissa Malfoy se levantou, ela era poucos centímetros mais alta que Hermione, o suficiente, no entanto, para conseguir olhá-la de cima.

- Srta. Granger. – disse ela e então inspirou e gesticulou para o banco no qual estivera sentada – Faria a gentileza?

Hermione hesitou. Seus dedos alcançaram a varinha no bolso do suéter.

- Sra. Malfoy... – começou com um suspiro.

- Por favor, Srta. Granger. – ela insistiu.

Hermione a fitou. Ela era tão parecida com Draco. O mesmo orgulho brilhava naqueles olhos azuis. Ela sabia quão difícil para ambos era dizer aquelas duas palavras. Então, resignada, Hermione se sentou.

Narcissa conteve um suspiro de alívio – que não passou despercebido – e se sentou ao lado dela com as mãos juntas sobre o colo, os dedos eram longos como os de Draco, porém finos e delicados, o único adorno era a aliança prateada em seu anelar esquerdo. De certa forma, aquilo revelava muito a seu respeito. Seu orgulho como esposa, como senhora de uma família. Hermione brincou com o próprio anel em seu dedo.

- Como ele está? – a Sra. Malfoy cortou o silêncio, falando baixo.

- Está bem. Dormiu logo depois que a senhora saiu.

Narcissa assentiu.

- Suponho que ele tenha passado o feriado da primavera com a senhorita.

- Sim, ele estava comigo. – ela ponderou se deveria dizer mais, ainda girando o anel de Draco em seu dedo – Eu o apresentei aos meus pais. – contou, atenta a qualquer alteração na expressão da bruxa diante dela.

Narcissa a encarou. "Boa demais em esconder as próprias emoções", Hermione observou. Ela esperou desprezo, rispidez, indignação, raiva, gritos, até, mas nada disso veio. A mãe de seu namorado apenas a fitou. E Hermione não fazia ideia do que a bruxa estava pensando ou tramando.

- Seus pais trouxas. – Narcissa pontuou então, após a longa pausa – Meu Draco passou duas semanas com seus pais trouxas?

Hermione assentiu.

- Sim. Eles o adoram.

Surpresa. Então desdém e, talvez, apenas talvez, um pouco de ciúme.

- É como se ele fosse outra pessoa... – Narcissa deixou escapar um pouco de seu exaspero – Como ele pôde mudar tanto em tão pouco tempo?

Hermione suspirou.

- Draco ainda é o mesmo de muitas formas. Ele apenas não destila mais todo aquele ódio e preconceitos. Ele é maravilhoso. Se vocês apenas pudessem... – ela se interrompeu, escolhendo melhor suas próximas palavras – Não quero que me vejam como uma muralha entre vocês e seu filho. Eu espero que um dia vocês possam vê-lo de verdade e aceita-lo como ele é, como ele escolheu ser. Se pudessem fazer isso, tenho certeza de que Draco não seria tão radical. Eu mesma me certificaria de que ele não fosse. – ela sorriu educadamente.

- Você o ama, Srta. Granger? – Narcissa perguntou.

Hermione olhou nos olhos dela e sorriu.

- Profundamente.

A Sra. Malfoy a fitou pelo que pareceu uma eternidade antes de finalmente baixar os olhos azuis.

- Entendo. – disse baixo.

- Tente visita-lo novamente depois que terminarmos nossos N.I.E.M.s. – Hermione sugeriu – Vou me certificar de que ele a encontre. – prometeu.

- Então contarei com você, Srta. Granger. – Narcissa se levantou – Se ele está mesmo feliz... – ponderou ela – bem, eu gostaria de ver isso.

Hermione assentiu e observou a bruxa se afastar com movimentos fluidos e elegantes sem olhar para trás.

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