Repercussões

2.4K 200 103
                                    

Hermione suspirou de novo enquanto remexia a comida no prato e seus amigos trocaram olhares tensos entre si conforme os ombros dela desabavam em completa derrota.

- Qual é, Hermione, talvez seja uma coisa boa. Vocês finalmente terminaram. Não era pra ser. – Ron pousou a mão no ombro dela.

Hermione estreitou os olhos para ele e Ron afastou a mão encolhendo-se diante da fúria dela.

- Nós não terminamos. – disse tentando ignorar o quão difícil estava sendo respirar naquele momento – Foi só uma briga.

- E ele não procurou por você desde então. – Ron argumentou – Acho que isso quer dizer alguma coisa, uh?

Hermione sentiu os olhos arderem.

- Ele só está irritado.

- Ah. – Ginny disse, olhando na direção das portas do salão – Ele parece mesmo irritado.

Hermione se virou para olhar.

O jantar já tinha sido servido há algum tempo, mas Draco acabara de entrar no salão, vestindo o uniforme verde-esmeralda do time da Sonserina, os cabelos loiros bagunçados, a expressão endurecida. Blaise Zabini estava com a mão sobre o ombro dele, dizendo qualquer coisa que fez o vinco entre as sobrancelhas loiras se aprofundar. Ele pareceu grunhir uma resposta e tirou a mão de Blaise de seu ombro, caminhando na frente dele para a mesa de sua Casa e se sentando ao lado de Nott. Pansy Parkinson estava sentada do outro lado e sorriu sedutoramente para ele, mas Draco pareceu ignora-la enquanto se servia. A garota se curvou sobre a mesa estendendo a mão para arrumar o cabelo bagunçado dele, mas Draco bateu na mão dela com um gesto e continuou comendo.

Hermione mordeu o lábio. Ele não olhou na direção na mesa da Grifinória nem uma vez sequer.

- Por que ele está tão bravo? – Harry franziu o cenho – Você é da Grifinória, é natural que torça pelo nosso time.

Hermione suspirou, virando-se de volta em seu assento.

- Me deixei levar pela raiva.

- Espero que não esteja pensando em mudar de lado só por causa disso. – Ron arqueou uma sobrancelha para ela.

Ela fez uma careta para ele.

- Você não estava saindo com Pansy Parkinson?

As bochechas do garoto ficaram vermelhas conforme ele engasgava com a comida.

- O que... como... – gaguejou, tossindo.

Ela bufou para ele.

- Por que não me faz um favor e afasta a sua namoradinha do meu namorado?

Ron franziu o cenho para ela.

- Talvez ele nem seja mais seu namorado. – ele retrucou irritado – Já faz dois dias que ele nem olha na sua cara, não faz?

- Cale a boca, Ron! – Ginny gritou para o irmão.

Hermione afundou ainda mais em seu lugar, concentrando-se em remexer a comida em seu prato. Já fazia dois dias. Ele não aparecia para o café da manhã. Estava sempre atrasado para o almoço e o jantar e andava pelo castelo cercado pelos outros sonserinos do time. Hermione não tinha se atrevido a procura-lo na Sala Precisa, no entanto. Ela quase não o via sem aquele maldito uniforme. Ele não tinha ido à última aula de poções e Slughorn alegremente informara a ela que o tinha liberado da aula para praticar quadribol e que estava ansioso para ver sua Casa vencer a Taça de Quadribol para variar. Ótimo, até Slughorn se rendera aos charmes dele.

- Quando é a porcaria do jogo? – Hermione perguntou à Harry, irritada.

Ele encolheu os ombros, espantado pelo tom dela.

- Depois de amanhã.

Hermione bufou.

- É bom vencer, me ouviu, Harry?

Ele assentiu.

- Vamos acabar com eles. – sorriu.

Hermione conteve um suspiro e forçou um sorriso. O que diabos estava fazendo?

***

Hermione estava parada encarando a parede do corredor no sétimo andar. Draco não estava no salão, ela não o vira pelos corredores, não estava na sala de poções e não estava no campo treinando. Aquele era o único lugar que ela ainda não checara – e as masmorras, mas ela não podia entrar lá. Ela estivera evitando a Sala Precisa porque sabia que era o lugar mais provável de encontrá-lo e, se o procurasse primeiro, significaria que ela estava cedendo e, bem, ela não era a única que exagerara. É preciso dois para brigar.

Antes que ela pudesse se decidir entre entrar ou ir embora, a parede se metamorfoseou naquela porta pequena com arabescos dourados e Draco saiu de dentro dela vestindo o uniforme da escola, a gravata frouxa ao redor do pescoço.

Ele parou diante dela, seus olhos se abrindo em surpresa um momento antes de ele vestir sua máscara de indiferença, os olhos cinza escurecidos como uma nuvem de tempestade. Ele a encarou sem dizer nada e Hermione o encarou de volta.

- Draco... – ela começou, sentindo o peito pesar e os olhos arderem.

- Mione! – alguém gritou no corredor e seus amigos a alcançaram vindo de trás dela.

Draco cerrou o maxilar e seus olhos se desviaram dela para o grupo de grifinórios que se aproximava.

- O que faz aqui, Malfoy? – Ron disparou – Procurando uma surra antes da partida?

- Ron. – Harry tentou conter o amigo.

- Estamos ansiosos para acabar com vocês amanhã. – o ruivo sorriu.

Os olhos de Draco se estreitaram.

- Estou ansioso para vê-los tentar e falhar. – ele cuspiu as palavras e com um último olhar furioso para Hermione, ele girou nos calcanhares e se afastou.

Ela o observou se afastar com o coração partido, lutando contra o impulso de ir atrás dele ou gritar seu nome.

***

Draco não se atrasou para o jantar na noite antes da partida. Ele entrou no salão cercado por seus colegas da Sonserina. Lançou um olhar para a mesa da Grifinória onde Hermione estava sentada entre Harry e Ginny, de costas para ele. Draco suspirou. Aquela briga estava indo longe demais. Fazia três dias que não trocava nem uma palavra com ela. Três dias que não sentia os lábios macios dela nos seus. Três longos, longos dias desde que a tocara pela última vez. Ele sentia a falta dela. Mas Hermione não parecia sentir o mesmo, ela não procurara por ele nenhuma vez desde então. E parecia determinada a torcer contra ele a favor de sua Casa.

- Pronto para amanhã? – Nott o chacoalhou pelo ombro quando ele se sentou – Vamos dar uma surra naqueles grifinórios e trazer a Taça para nós.

Draco forçou um sorriso que Nott ignorou enquanto conversava animadamente com os outros sobre o jogo na manhã do dia seguinte. Ele comeu rápido e deixou o salão antes dos colegas, fazendo seu caminho sozinho em direção as masmorras. Apesar de tudo, disposto a vencer a porcaria do torneio. 

Sala PrecisaOnde histórias criam vida. Descubra agora