"Draco," escrevera Lucius Malfoy em feias letras cursivas que expressavam com precisão a raiva que sentira ao rabisca-las no pedaço de pergaminho. "Devo-lhe informar, em primeiro lugar, que sua mãe e eu ficamos extremamente desapontados com sua recusa em voltar para casa durante as férias." Draco revirou os olhos "Embora seja, agora, um bruxo feito, devo lembra-lo de que ainda é um Malfoy e, como tal, nos deve não apenas respeito, mas obediência. Como o único herdeiro deste legado, esperamos que se comporte adequadamente.
Ele já esperava essa carta. Estava surpreso, na verdade, que tivessem demorado tanto para escrever.
"Para nossa completa vergonha, no entanto, chegou ao meu conhecimento que você tem se encontrado com a garota nascida trouxa amiga dos traidores do sangue sem se preocupar em esconder o fato, em vez disso, permitindo que toda a Hogwarts testemunhe e comente a humilhação completa do sobrenome Malfoy. Quanto mais pretende nos ver afundar, Draco?
Embora eu entenda sua urgência em satisfazer determinadas necessidades, sinto-me na obrigação de lembra-lo de honrar seu compromisso com a adorável jovem Srta. Greengrass que gentilmente mostrou-se disposta a esquecer seus deploráveis erros em prol de uma união que fortaleça a magia pura já em nosso sangue.
Tenha a decência e o maldito bom-senso de encerrar o que quer que haja entre você e a garota nascida-trouxa antes que suje nossa linhagem e arraste o legado Malfoy para a lama. Espero que esteja tomando precauções contra bastardos sangues-ruins.
Sua mãe manda lembranças. Escreva-nos com melhores notícias.
A carta pegou fogo em suas mãos antes que chegasse à assinatura angulosa de seu pai, tornando-se cinzas sobre a mesa e estragando seu café da manhã.
- Essa deve ter sido uma péssima carta. – Hermione ergueu as sobrancelhas enquanto gesticulava para afastar as cinzas do próprio prato.
- Esse é exatamente o porquê não vou voltar para aquela casa. – resmungou ele.
Eles estavam sentados à mesa da Grifinória naquela manhã. Ninguém reparara muito quando Draco adentrou o grande salão e ignorou a mesa no extremo esquerdo do salão para se juntar à Hermione Granger que todos sabiam muito bem a essa altura ter cedido aos encantos do Príncipe da Sonserina. As garotas na mesa tinham escondido risinhos atrás das mãos quando ele a cumprimentou com um beijo apressado nos lábios e se sentou sem mais. Seus colegas sonserinos tinham se erguido para observar do outro lado do salão e riram, tirando sarro e gritando congratulações pela ousadia.
Draco e Hermione tinham passado as férias de inverno inteiras revezando entre as mesas da Corvinal e Lufa-lufa com Rolf e Luna e aquela era a primeira vez que o sonserino se sentava à mesa da Grifinória. Talvez fosse o primeiro sonserino desde a fundação de Hogwarts a fazê-lo.
- O que exatamente seus pais escreveram? – Hermione perguntou casualmente, servindo-o de suco de abobora.
Draco a observou. Adorava quando ela fazia aquilo por ele. Adorava cada gesto, cuidado e carinho que ela lhe dirigia. E ele não conseguiu reprimir o sorriso que se formou em seus lábios ao pegar a caneca dos dedos dela. A raiva desvanecendo diante daquele sentimento.
- Um monte de baboseira sangue-puro. – disse dando de ombros.
Ela o olhou pelo canto do olho.
- Então eles sabem sobre mim?
Draco pousou a caneca na mesa.
- Não se preocupe com eles. – disse, sério.
Hermione gesticulou para o resto das cinzas na mesa.
- Foi você quem teve a reação exagerada.
Ele acenou e as cinzas voaram para longe, sumindo no ar com o impulso de sua magia.
- Não gostei do que eles tinham a dizer.
- Bem, isso era esperado. – ela retomou seu café da manhã, enchendo a boca de ovos antes de acrescentar – Honestamente, achei que seria bem pior.
Draco inclinou a cabeça para a falta de etiqueta dela ao mesmo tempo que apreciava o momento de intimidade.
- Achou que eles viriam assassiná-la pessoalmente?
Hermione riu e engoliu com dificuldade antes de olhar para ele.
- Eu não descartaria a possibilidade. – disse com escárnio.
Draco bufou.
- Eles não vão. – garantiu.
- Verdade. Eles mandariam alguém para fazer o serviço.
Ele fez uma careta.
- Não brinque com isso.
Ela suspirou e remexeu a comida.
- Seja honesto, Malfoy. – disse baixo – Se nós... – inspirou profundamente, o rosto corando – Se nos casássemos – pigarreou – hipoteticamente falando – acrescentou rapidamente quando um sorriso arrogante brincou nos lábios dele – Você não se sentiria nem um pouco mal? Por "desperdiçar seu sangue puro"? – desenhou as aspas no ar.
Draco passou a perna para fora do banco e a puxou para perto, envolvendo-a num abraço.
- Hipoteticamente falando – começou ele num tom irônico e zombeteiro –, se nos casássemos, eu seria o homem mais feliz e orgulhoso do mundo. – beijou o topo da cabeça dela – Independente de nossos filhos serem bruxos ou não. De se chamarem Malfoy ou não.
- Por que eles não se chamariam Malfoy?
Ele deu de ombros.
- Talvez não seja um nome que você queira carregar. Não me importo se o sobrenome morrer comigo.
- Se nos casássemos – disse ela, evitando os olhos dele – Eu não me importaria de usar seu nome. – mordeu o lábio – Hipoteticamente falando. – acrescentou rapidamente.
Draco sorriu, aquele sorriso que era um misto de alegria e malicia.
- Eu ficaria feliz se fizesse isso. – disse ele – Hipoteticamente falando, é claro.
Ela sorriu e ele sorriu de volta e a beijou nos lábios.
- É uma pena que eles vão deserda-lo por isso.
- Pelo quê? – ele arqueou uma sobrancelha.
- Por se casar comigo. – ela caiu na armadilha.
Draco sorriu larga e preguiçosamente.
- Então você realmente já traçou nosso futuro.
Hermione corou.
- Hipoteticamente.
Mas o sorriso dele só se alargou.
- É claro.
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Sala Precisa
FanfictionEra o último ano deles em Hogwarts, afinal. Um última oportunidade para perdoar e formar amizades - e até amores - duradouros.