Um Caminho pela Escuridão

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Hermione mordeu o lábio para a visão do tapete felpudo no meio da sala. O tapete onde ela o encontrara deitado na primeira vez que entrara na Sala, o tapete sobre o qual ele a possuíra completamente em seu sonho mais recente.

Hesitantemente, ela largou a mochila no chão e se aproximou, sentando-se sobre o tapete macio com cautela, como se esperasse encontrar pistas de que fora real. Ela passou a mão pelo veludo e deixou escapar um suspiro.

A porta bateu.

- O que está fazendo? – Draco estreitou os olhos cinzentos para ela.

Hermione sentiu o sangue subir para o rosto e se levantou num salto.

- Você estava deitado aqui na primeira vez que nos encontramos na Sala.

Ele inclinou a cabeça com curiosidade.

- E você estava apalpando o tapete por isso? – o canto dos lábios dele tremeu num sorriso que ele se esforçou para conter.

- Eu só... – balançou a cabeça – Estava verificando se é tão confortável quanto parece. – disse e se sentou no chão sobre o mencionado tapete.

- E é do seu agrado? – ele estava se esforçando para não sorrir abertamente enquanto acenava com a varinha, conjurando a comida que prometera.

Ela deu de ombros para ele, esperando que fosse resposta suficiente e que ele mudasse de assunto e se aproximou da mesa enquanto ele se despia do cachecol e da capa e alargava a gravata verde e prateada antes de abrir os dois primeiros botões da camisa.

Hermione se encolheu ao observá-lo, completamente hipnotizada pelos movimentos. O modo como os dedos finos e longos agarravam o nó da gravata, como soltavam habilmente os botões da camisa e a pele exposta sob o tecido, o pequeno espaço onde as clavículas se uniam, onde os dedos dela poderiam facilmente deslizar até seu ombro.

- No que está pensando, Granger? – a malícia e a curiosidade dele a despertaram de repente.

Sua boca estava seca quando tentou falar, o rosto cada vez mais quente. Então ela umedeceu os lábios, desviando o olhar do colarinho dele para a comida.

- Vamos comer.

Ela o ouviu rir baixinho e o sentiu se aproximar e o corpo todo estremecer em resposta quando o calor dele acariciou sua pele.

Ela tirou o cachecol, mas não desarrumou o uniforme e eles comeram sem dizer nada enquanto ela forçava sua mente na direção oposta às lembranças as quais queria ceder. Quando por fim terminaram e Hermione desistiu de terminar o pedaço de bolo que tinha escolhido para sobremesa, ele sacou a varinha de um bolso e acenou fazendo toda a louça desaparecer.

Ela o observou se recostar no sofá, os olhos cinza fixos na lareira, repletos daquele cansaço que os preenchia quando os sorrisos e a malicia acabavam.

- Conte. – ela se aproximou dele.

Ele virou o rosto para encará-la, mas seus olhos se desviaram para um cacho solto sobre seu ombro. Ele estendeu a mão e roçou os nós dos dedos no rosto dela por um instante antes de enrolar a mecha nos dedos, brincando com as voltas que os fios faziam.

- Vou abandonar Defesa Contra as Artes das Trevas. – disse por fim.

- Por quê?

Ele suspirou e soltou seu cabelo, deixando a mão cair pesadamente no chão entre eles.

- Flin vai chamar Potter para se exibir na próxima aula.

- E daí? – ela ergueu as sobrancelhas.

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