A Primavera

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O frio diminuiu gradualmente ao longo dos dias. Folhas verdes voltaram a encher os galhos do salgueiro lutador e, aos poucos, pequenos botões de flores foram surgindo entre elas. Não demorou muito para que os estudantes trocassem as mesas frias da biblioteca por um lugar ao sol na grama fofa dos jardins. Draco e Hermione não foram exceção, apesar da insistência frequente dele para que voltassem para a Sala Precisa.

- Podemos mudar a Sala para que fique mais iluminada. – sugeriu ele.

Hermione revirou os olhos para si mesma e continuou brincando com o cabelo dele com uma mão enquanto a outra apoiava o livro de aritmância diante de seus olhos.

- Se formos para a Sala você não vai me deixar estudar.

Draco fez uma careta cobriu os olhos com um braço.

- Eu detesto o sol.

Ela riu.

- A Austrália vai ser difícil para você, então.

Ele se virou para deitar de lado, a cabeça sobre as pernas de Hermione. Ele passou o braço ao redor da cintura dela, enterrando o rosto na barriga numa tentativa de evitar a luz.

- Já sabe quando partimos? – perguntou ele.

Hermione assentiu.

- Kingsley vai nos encontrar com a chave de portal em Hogsmeade no mesmo dia que o Expresso de Hogwarts parte para Londres.

- Oh. Ele vai pessoalmente então. Devo me preparar para um sermão paterno.

Ela franziu o cenho.

- Serão dois sermões então.

Ele riu.

- Me certificarei de estar preparado para ambos.

- Sem vestes bruxas. – ela avisou.

Draco revirou os olhos.

- Sim, senhora.

- E talvez tenhamos que voltar ao modo trouxa. – avisou ela.

Draco arqueou uma sobrancelha e virou o rosto para encará-la.

- De navio?

Ela sorriu para a ingenuidade dele.

- Nesse caso, pegaremos um avião.

- Um avião. – ele uniu as sobrancelhas – O que diabos é um avião?

Hermione ponderou.

- É como um trem ou um ônibus. – disse – Só que pelo céu.

Ela riu quando Draco arregalou os olhos.

- Um trem trouxa que voa? – perguntou ele incrédulo – Como isso é possível?

- É mais seguro que uma vassoura. – garantiu ela.

Então ela fechou o livro de aritmância e começou a explicar para ele como funcionava um avião, encantada pelo modo como os olhos dele brilhavam de curiosidade, atentos a cada palavra que ela dizia, bebendo do conhecimento dela.

Hermione explicou os aviões, os aeroportos, os carros e o dinheiro trouxa, deliciada pelo interesse dele, empolgando-se toda vez que ele lhe fazia uma pergunta.

- Do que acha que eles estão falando? – Ginny perguntou a Harry, apontando o casal perto do lago.

Harry olhou para eles. Malfoy estava deitado no colo de Hermione, assentindo com os olhos fixos nela enquanto ela sorria e gesticulava no ar, falando sem parar.

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