Capitulo 74 (Não nascemos prontos)

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John
        — Chamei o Ricardo para acertamos os últimos detalhes sobre a venda do carro e isso já era umas oito da noite então fui até seu escritório na boate com o som tocando alto sendo abafado por aquele lugar à prova de qualquer barulho que em suas palavras algumas vezes o deixava louco.
John:– Ocupado?
Ricardo:– O tempo todo irmão mas fale.
       — Ele larga a caneta e o papel para manter sua atenção e foco em mim.
John:– Está aqui as chaves.
       — Com toda a confusão dos últimos dias tinha me esquecido de entregar mas agora que a poeira começa à baixar um pouco sinto que a hora chegou.
Ricardo:– Valeu não precisava fazer isso hoje sabe disso.
John:– É mas se sinta feliz que lembrei disso.
Ricardo:– Palhaço.
John:– Nunca neguei isso.
Ricardo:– E como está a Maria?
John:– Levando depois de tudo que houve acho que está melhor.
Ricardo:– É?
John:– Por que acho que vai me perguntar alguma coisa?
Ricardo:– Nada apenas quero que fique bem com essa garota é sério diga que mandei lembranças.
John:– Então gostou dela não foi?
Ricardo:– Ela parece ser legal e pra suportar alguém como você tem que levar um grande parabéns.
John:– Com certeza.
Ricardo:– Quero te perguntar uma coisa antes.
John:– Fala.
Ricardo:– Como está a Brenda?
          — Não acredito que vamos voltar ao mesmo assunto de antes será que ele não percebeu que Brenda está apaixonada por outra pessoa que nao é esse idiota!?Pra falar a verdade deve ser seu ego inchado que está um pouco maltratado por finalmente alguém não lhe implorar para trepar.
John:– Pode parar por aí cara essa história não vai terminar bem se continuar insistindo.
Ricardo:– Não se preucupe com isso irmão eu nunca faria algo assim.
John:– Acreditaria se não te conhecesse.
Ricardo:– Bem...
John:– Que foi?
Ricardo:– Você ainda não me respondeu.
John:– Se está com tanta vontade vai até ela e pergunta.
Ricardo:– Ou posso perguntar ao meu irmão.
         — Droga mesmo quando achava que teríamos que brigar Ricardo sempre dava a volta me convencendo do contrário.
John:– Ela está bem com tudo que aconteceu tem dado uma força grande para Maria só está desempregada no momento assim como minha garota.
Ricardo:– É mesmo que interessante.
         — Então seu jogo é esse!?Merda!Acho que entreguei de bandeja uma informação para esse possível perseguidor.
John:– Eu sei o que está fazendo.
Ricardo:– Como assim?Você que falou eu não disse nada mas o que aconteceu com o emprego da Maria?
John:– Os patrões dela vão se casar sabe um casamento estilo japonês depois disso parece que vão voltar para o Japão.
Ricardo:– Irmão que interessante.
John:– Você é um idiota sabia?
Ricardo:– Já fui chamado de coisa pior.
John:– Vou voltar para o trabalho então.
Ricardo:– Faça isso e John?
John:– Oi?
Ricardo:– Eu não faria qualquer coisa para machucar ela.
John:– Eu sei disso cara.
         — De qualquer forma meio que fui entregando de bandeja todas as informações sobre a Brenda e agora me sinto um completo idiota por ter feito esse tipo de coisa apesar de não ter sido intencional sei como o Ricardo pode ser persuasivo quando deseja.
        — Então meu telefone toca e com isso já tinha chegado na entrada da boate para que Antônio voltasse ao seu serviço.
John:– Alô?Maria?
Lúcia:– Não John sou eu olha só vim te dizer que minha irmã vai dormir essa noite comigo tá bem?
John:– Lúcia aconteceu alguma coisa?
        — Não sei dizer o que era mas o tom da sua voz tinha mudado e parecia um pouco nervosa será que aquele desgraçado tinha voltado!?
John:– Por acaso o desgraçado do seu irmão não voltou não né?
Lúcia:– O que?Não tem nada à ver apenas queria te ligar pra que saiba.
John:– Onde está a Maria?
Lúcia:– No banheiro depois eu te ligo.
        — Antes de começar à pressionar mais ela desliga me deixando ainda mais curioso não sei o que estava acontecendo mas definitivamente Lúcia me escondia algo e tinha certeza que tem à ver com Maria.
      — Apesar de querer saber de uma vez o que era acabei permanecendo ali como segurança por mais algumas horas até outro colega tomar meu lugar já tinha me acostumado que quando o movimento era muito intenso poderia durar pelo menos a madrugada toda.
      — Quando deu por volta das cinco e meia da manhã fui dispensado e no caminho do estacionamento poderia jurar que aquele silêncio e até a paz que estava sentindo era resultado de todas as ações que escolhi até aquele instante não poderia apagar o passado da minha vida porém iria escrever um presente e futuro diferentes ao lado dela.
John:– Maria...
       — Liguei minha moto que à um certo tempo tinha sido deixada de lado por causa do carro e ao andar pelas ruas paulistanas cheias de vida me acostumando com aquele lado noturno e agitado da madrugada percebia o quanto estava bem melhor com essa nova fase que se estendia à minha frente.
       — Alguns minutos depois ao subir as escadas do prédio vejo Lúcia sentada  nos degraus observando o nada à sua frente aquilo tinha me deixado curioso já que na última conversa que tivemos algo na sua voz demonstrava nervosismo e até receio.
John:– O que houve?Maria não foi dormir com você?
Lúcia:– Ela finalmente pegou no sono.
John:– Acho normal com tudo que passou e você Lúcia como está?
         — Sei o quanto essa pergunta parece idiota mas preciso lhe perguntar já que mesmo sendo filha daquela mulher nunca tinha participado das loucuras da mãe com aquele bastardo e sinto muito por pensar daquela forma mas não era porque morreu que iria me esquecer da forma que maltratou a filha.
Lúcia:– Estou levando sabe com tudo, parece que esse encerramento é necessário.
John:– Pra que?
Lúcia:– Seguir em frente não importa o que ela tenha feito ou como negligenciou os próprios filhos ela é minha mãe.
         — Lúcia não teve muito tempo em lamentar já que nos dias que antecederam a morte da mãe precisou correr como louca pra todas as partes para resolver certos detalhes então cada dia mais eu à admiro pela força dela.
        — Então ignorando todos os sinais acabo me sentando ao seu lado e contemplo aqueles raios solares começando à aparecer no céu.
John:– Compreendo o que diz.
Lúcia:– Minha irmã tem tanta sorte de ter você.
John:– Também vai achar alguém ou talvez já tenha essa pessoa.
        — Ela fica com uma cara estranha mas sabe muuto bem de quem estou mencionando era impossível naquela altura Lúcia não estar envolvida de alguma forma com Antônio.
Lúcia:- A vida é estranha mesmo sabia?Há algum tempo atrás estava caidinha por você e agora sei lá...
John:– Por outra pessoa?
Lúcia:– Talvez sim ou não vai saber estou muito confusa.
John:– É normal.
        — Começamos à rir da desgraça um do outro ou talvez da sorte mesmo vai entender.
Lúcia:– Tem outra coisa John.
John:– O que?
Lúcia:– A Maria tá grávida.

Aos teus Olhos - Série IMPERFEIÇÕES Onde histórias criam vida. Descubra agora