Capitulo 57 (A lógica inexplicável da minha vida)

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Maria
         — Eu tinha ido na farmácia e Brenda meio que se convidou quando me viu descendo as escadas,como sempre deu uma de abelhuda perguntando sobre John,por que tinha me deixado descer sozinha quando tinha um maluco solto no prédio e agora ela não deixava esconder de ninguém a repugnância que sentia por Alex,mesmo entendendo seu lado aquele assunto tinha morrido pra mim desde que conversamos no hospital as coisas foram esclarecidas ou pelo menos a poeira tinha sido puxada pra baixo do tapete,uma semana depois de tudo aquilo ainda me sentia estranha,não tinha engolido as diversas revelações que foram jogadas no meu colo,meio difícil mais precisava seguir com minha vida já que em seguida me mudei pra onde John morava e estávamos compartilhando o aluguel,comida,até provocações sexuais porque desde que fui pra lá estou há dias sem sexo com ele graças aquelas benditas palavras sobre assumi-lo e até onde sei iria me manter firme só que aquele idiota sabia como mexer comigo e ontem à noite foi quase um teste de resistência já que ao sair da cozinha com um copo d'agua ele esbarrou em mim,não teria problema apenas um detalhe bem importante disso tudo é que estava pelado,duro droga!
Brenda:– O que você tem maluca!?Tá reclamando sozinha aí!?
Maria:– Desculpa.
           — Quando tentei passar e fingir que aquilo que fez não tinha sortido efeito John me sussurrava uma coisa no ouvido me deixando arrepiada e muito vermelha e o safado sabia como mexer com minha cabeça já que saiu rindo depois de me beijar na bochecha.
Maria:– Isso não é justo!Seu tarado!
John:– Como vou dizer isso sem soar arrogante?
          — Os minutos em silêncio são os piores já que presumo serem aqueles que vai usar para bagunçar mais com minha mente.
John:– Você me quer mas não tem coragem o bastante pra assumir isso.
Maria:– O que!?
         — Então escuto seus passos ao longe,claro que teria retorno e precisei tomar toda a água de uma vez só pra tentar esfriar o fogo que queimava no interior tanto de raiva pelas suas provocações como de desejo por apenas ter tido algumas degustações daquele ordinário de uma figa.
Brenda:– Caramba!
Maria:– Que foi!?
Brenda:– Quase vinte reais por um pacote de camisinhas!?É banhado à ouro ou o que!?
Maria:– Calada garota!
           — Tento colocar a mão sobre sua boca mas Brenda retira facilmente.
Brenda:– Não amiga isso aqui,um roubo!
Maria:– Sério que vai brigar com esse pessoal por causa disso!?Nem transando com o Antônio você está no momento!
          — Droga peguei pesado mas não sei talvez aquilo precisava ser dito uma hora ou outra e mesmo me sentindo uma idiota por aquilo tenho certeza que não me arrependo.
Brenda:– Nossa!
Maria:– Eu sei sou uma péssima amiga.
Brenda:– Não é que encontrei algumas por doze e noventa.
Maria:– Você é ótima.
Brenda:– Sei que sou,aí?
Maria:– Oi?
Brenda:–Não muda de assunto como está o desenrolar da sua vida amorosa?
Maria:– Estamos bem quer dizer com tudo acontecendo e mais essa última semana louca nunca estivemos melhor,acho.
           — Queria ter soado mais convincente apenas saiu e agora terei que lidar com o bombardeio de perguntas sobre"por que e como podem estar enfrentando problemas no relacionamento?"
Brenda:– Olha você mente muito mal mesmo.
         — Não falei?Depois de anos de convivência acredito que ela tem sido a pessoa que me conhece melhor até do que a Lúcia.
Maria:– Podemos pular a parte sobre perguntas íntimas?
Brenda:– Claro que não!Nem tô transando tanto e você gatinha é minha válvula de escape mais próxima!Como você mesma me disse o Antônio é carta do passado!
Maria:– Tem certeza?
         — O problema da minha amiga aqui,se amarrar facilmente em tipos errados,como sua personalidade excêntrica sempre querendo coisas ou pessoas peculiares demais.
Brenda:– Por que não teria?
Maria:– Nada,que me preocupo com você só isso.
Brwnda:– E não sabe como sou grata por isso mas ficarei bem,um término de uma coisa que sequer começou.
Maria:– Bem então?
Brenda:– Eu tô ótima!
        —Talvez seja pelos anos juntas que aquilo significava que"estou uma bagunça mas encaro de cabeça erguida."
Maria:– Essa semana também parece ser bem cheia na agenda do John por causa da boate.
Brenda:–  O que tem lá?
Maria:– Ele trabalha naquele lugar como segurança se lembra?
Brenda:– Enquanto pega as convidadas do lugar provavelmente.
Maria:– Não seja amarga querida,além do mais se eu quisesse fazer o mesmo estaria beleza para o John!
Brenda:– Será mesmo?
Maria:– É claro que sim!
Brenda:– Num sei não amiga já que os caras adoram pegar várias mas quando se trata de nós passarmos o rodo em geral ficam como cãezinhos perdidos,chorando como idiotas!
Mariia:– Credo!Como você está malvada hoje!
Brenda:– Faz parte do brilhantismo.
            — Antes de começar à falar sobre seu verdadeiro estado de espírito  e em como fazia mal guardar ou esconder as coisas de si mesma novamente meu celular toca,era ainda Slipknot que gritava com killpop!?Deveria ter pedido pra Brenda tirar mas na época bem rebelde tinha decidido enlouquecer de uma vez é claro que durou pouquíssimos dias ao levar uma surra da minha mãe por tentar driblar suas regras idiotas.
Brenda:– Alô!?
Maria:– Que!?
Brenda:– Atende logo estranha!
Maria:– Não valeu!
Brenda:– Problemas no paraíso?
Maria:– Do que está falando?
Brenda:– Com você e o John?
Maria:– Não tem nada à ver com ele!
Brenda:– Então beleza!Se não é algo que o envolva atende logo!
Maria:– Calada!É complicado.
Brenda:– Então deixa eu descomplicar pra senhorita já que apesar de amar muito essa banda esta gritaria toda começa à me dar dor de cabeça!
           — No momento que pegou meu celular do bolso da calça jeans claro que percebia que estava mesmo querendo dar uma de intrometida na minha vida,apesar de amá-la não estava pronta pra esse tipo de invasão.
Maria:– Espera aí!
Brenda:– Quietinha!Alô!?
         — Poderia só me afastar e depois conversar sobre tudo mas naquele momento estava com a idéia fixa de começar à usar camisinha ou até mesmo pílulas do dia seguinte,não sei como isso pôde acontecer mas quase todas as madrugadas estamos fazendo,nem posso particularmente culpá-lo já que quando é de manhã ou até mesmo na parte da tarde quando está colocando aquele terno negro que o deixa mais sexy se é que pode ser possível sou eu que começo a provocá-lo tirando as roupas como faz comigo e apesar de não querer ser sua namorada acho que aquela coisa de só tê-lo por completo depois que eu assumisse isso para as pessoas foi pro inferno pelo menos por enquanto.
Brenda:– Tudo bem vou dizer!
Maria:– O que foi?
Brenda:– Seu irmão idiota ligou,perguntou de você e mais do que isso amiga é que pediu pra dizer"E POR FAVOR BRENDA PRECISO FALAR COM ELA."
         — Droga o que devia ser naquela altura!?Já tínhamos resolvido tudo pelo menos não iria mais cruzar seu caminho e desejava que fizesse o mesmo por mim,não quero passar por esse tipo de situação.
Brenda:– Ei!
Maria:– Desculpa estou meio distraída.
Brenda:– Tem medo dele ainda não é?
Maria:– Sou tão evidente assim?
Brenda:– Não se preucupe com isso amor.
Maria:– E por que não estaria?
Brenda:– Porque ele marcou na lanchonete do hospital e tenho certeza que não seria doente pra tentar alguma coisa lá.
Maria:– Você vem comigo?
Brenda:– Bem que gostaria mas não posso porque vou ajudar minha avó com umas entregas,sabe como ela é.
Maria:– Tudo bem.
Brenda:– Por que não chama o John?
Maria:– Ele está muito ocupado com a boate esses dias.
Brenda:– Te traindo com alguma biscate suponho.
Maria:– Não é porque o Antônio te deu um pé na bunda que todo cara precisa ser igual ou parecido!
           — Queria tirar essa idéia errada sobre os caras que Brenda acabou arranjando com sua decepção amorosa mas era injusto pensar que só porque caiu uma vez todos os caminhos terão buracos.
Brenda:– Minha doce amiga como você é linda e ingênua.
Maria:– Não é isso!
Brenda:– Sua leve irritação na voz só me faz acreditar que estou certa.
Maria:– Quer sabe!?
Brenda:– Que!?
Maria:– Foda-se!Vou levar algumas camisinhas e pronto.
Brenda:– E se você já tiver grávida?
           — A idéia me parece tão absurda que me congela no meio do caminho é surreal pensar que poderia ser mãe e se por acaso meu filho nascesse cego?E talvez John gritasse comigo!?E desejasse que eu tirasse essa criança!?Por Deus!Não faria algo monstruoso dessa maneira,preferia me jogar de uma ponte do que acabar com a vida de um inocente dessa forma.
Brenda:– Oh maluca!
          — Agora que fui meio que acordada contra minha vontade desse meu surto talvez hoje fosse uma boa hora pra perguntar e eu devesse criar vergonha na cara e ir na minha ginecologista pra colocar todos os pingos nos lugares.
Maria:– Droga!Que foi!?
Brenda:– Sai do mundo da lua e vai enfrentar a vida!Se quiser dar na cara daquele delinquente é só dar um toque!
Maria:– Queria ter essa coragem.
           — Desde sempre precisei me provar tanto para os outros mais especialmente pra mim sobre como posso ir além do que as pessoas acreditavam que pudesse,adorava sentir que quebravam suas caras ao me ver trabalhar,seguir a vida normalmente apesar de ser cega,com a Brenda foi bem diferente já que para todos os desafios tinha uma extrema coragem e valentia por isso estranhei ao perceber que estava meio relutante sobre o Antônio.
Brenda:– Você tem garota!Agora vai!
            — Ela me empurra e em seguida me dá um tapa na bunda que me faz rir porque apesar de toda aquela loucura acontecendo ambas sabíamos quem estava firme e forte.
Maria:– Valeu mas se quer saber te dou o mesmo conselho.
Brenda:– Pelo que?
Maria:– Uma palavra?Antônio.
Brenda:– Nem vem com essa conversa tá legal!?
Maria:– Beleza!
           — Sinto sua mão se entrelaçar no meu braço e caminharmos juntas até a saída.
Maria:– Antes de irmos vai até lá e paga.
Brenda:– Qualé!Por que não vai!?
Maria:– E por que eu?
Brenda:– Você é preferencial e passa na frente deles?
Maria:– Boa tentativa mas não estou à fim de escutar gente chata reclamando perto de mim.
            — Porque mesmo eu tendo razão em passar na frente de uma fila ou querer pagar mais rápido as contas no banco as pessoas não conseguiam ter nem o mínimo de empatia e quando tinha porque ao fazer o que era correto levava uma chuva de comentários cruéis e preconceituosos sobre minha cegueira,isso enchia o saco às vezes,por hora queria conversar com Alex pra tentar entender o que se passava naquela cabeça dele,não iria pedir carona pro John já que meu gato estava tão atarefado naquela semana,seria sacanagem da minha parte querer pressioná-lo.
Brenda:– Eu te levo.
Maria:– Não precisa.
Brenda:– Que é isso!Lógico que vou levá-la!
Leticia:– Não vai ser melhor nós a levarmos?
Brenda:– Amiga!
Leticia:– Oi e aí?
Maria:– O que está fazendo por aqui?
           — Será que tinha perguntado alguma coisa errada?O silêncio que se abateu em seguida foi assustador parecia que eu tinha falado uma grande merda.
Maria:– Leticia?
Leticia:– Nada é só...
Brenda:– O que você tem?
Leticia:– Sei lá.
           — Isso não parecia um começo promissor e talvez a única solução viável era convidá-la pra ir com a gente.
Maria:– Bem estou indo pro hospital ver o Alex.
Leticia:– Espera o que?
Brenda:– Também achei é muito bizarro!
Leticia:– Põe isso e outras coisas.
         — As risadas das duas quebram um pouco a tensão deixada no àr pela minha pergunta mas mesmo assim gostaria que tivesse contado o que estava rolando.
Brenda:– E eu vou acompanhá-la pra caso seja uma representação muito boa,aquele cretino esteja pensando em sequestrá-la!
Letícia:– Você é um gênio!
Brenda:– Também acho,aí?Vem ou não?
Leticia:– É claro que sim!
           — Mas antes de chegarmos até a balconista e pagarmos o celular de Leticia apita e imediatamente ela o atende.
Leticia:– Droga!
Maria:– Que foi garota?
Leticia:– É o dono da boate!Que cretino!
Brenda:– O que foi que ele fez?
Leticia:– Quer minha volta pra lá agora porque uma das dançarinas passou mal.
Brenda:– Por que está fazendo aspas no ár?
Leticia:– Porque essa pobre coitada deve ter implorado a mesma coisa que as outras.
Brenda:– Que seria?
Leticia:–"Oh por favor senhor Fontes eu o amo!Não me demita porque lhe confessei esse tipo de coisa!"
Brenda:– Sr o que!?
Leticia:– Ricardo Fontes o dono da boate que eu trabalho!O cara é um gênio pros negócios mas um verdadeiro canalha para as mulheres.
Maria:– Nossa espero não conhecê-lo.
Leticia:– Não tá perdendo muita coisa.
Brenda:– Então compromisso cancelado entre a gente?
Leticia:– Garotas lamento muito mas o trabalho me chama!
Brenda:– Te ligo pra marcar alguma coisa tá bem!?
Letícia:– Tá fechado!
Maria:– Nossa nunca imaginaria vocês tão amigas.
Brenda:– Pois é,vamos logo encontrá-lo!
             — Pagamos aquelas camisinhas e fomos embora para o hospital onde provavelmente Alex estaria,não me deixei assustar ou intimidar pelo que tinha feito comigo antes,aquilo eram águas passadas,não conseguiria trazê-lo de volta para minha vida porque o estrago foi feito e algumas feridas custam à cicatrizar,apesar de desejar do fundo da minha alma que fosse diferente não dava,insuportável conviver com gente que não significa nada mais pro seu caminho.
           — Levamos uns dez minutos pelo menos já que Brenda adorava ficar contando os segundos em seu relógio de pulso e depois que descemos do ônibus na parada à uns dois quarteirões pelo menos,sim ela amava ficar falando da distância e etc na maioria do tempo ajudava pra me distrair do nervosismo crescente que esteve dentro de mim mas agora era só levemente irritante.
Brenda:– Tudo bem amiga,chegamos.
Maria:– Está vendo ele?
Brenda:– Nem preciso.
Maria:– Por que não?
Brenda:– O idiota está aqui do meu lado.

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