Aos teus Olhos - Série IMPERFEIÇÕES

Capítulo 42 (Um lugar no coração)

John
       – Que tipo de garota era você hum!?Tinha me feito essa pergunta desde o momento que à deixei em casa e com a cara mais inocente do mundo teve a coragem de falar aquilo!?
John:– Sou um idiota.
Ricardo:– Ninguém está indo contra isso.
       – Continuava com meu copo de uísque na mão sentado em uma das mesas daquele imenso lugar com o silêncio pairando e julgando cada pensamento que podia dar mil voltas mas parava sempre em uma certa garota gostosa e cega.
Ricardo:– Ah propósito tá demitido!
John:– Sério que quer começar por aí mesmo cara?
        – Termino de falar e bebo o resto mas não me levanto ainda porque precisava digerir tudo que havia acontecido desde aquela manhã.
Ricardo:– Não vai perguntar como foi depois que me deixou na mão?
John:– Tenho certeza que deu um jeito"cê"sempre dá!
Ricardo:– Pelo menos alguém sabe mas dei um trato na noiva em seu nome.
John:– É claro que deu.
        – Ele se senta na poltrona acolchoada de veludo vermelho e pega a garrafa da mesa e bebe sem cerimônia ou copo.
John:– Saúde.
Ricardo:– O mesmo irmão.
John:– Passo mais tarde pra pegar minhas coisas.
Ricardo:– Não conseguiria ficar num lugar grande desse sem meu cão de caça e fiel.
John:– Você é um grande idiota!
Ricardo:– Nunca neguei isso.
         – Ambos sorrimos e nos divertimos com as besteiras que falamos apenas matando um pouco o tempo a nossa volta.
Ricardo:– Mas alguma coisa mudou com você cara,sei disso pela maneira que tem tratado seu trabalho porque antigamente o"Jonathan"marido,amigo exemplar colocaria aquilo que mais ama em primeiro lugar.
         – Quando Ricardo menciona meu nome completo me traz memórias ruins do passado,isso significava como Marina me chamava toda vez que estava muito irada comigo,
John:– Não precisa mencionar certos assuntos cara.
Ricardo:– Sei disso mas é como falei antes alguma coisa aconteceu não foi?
         – De qualquer maneira ele ia ficar sabendo que fosse pela minha boca primeiro.
John:– Conheci uma pessoa.
Ricardo:– Toda essa confusão por causa disso?
John:– Não é isso,que iria te contar que estava com alguém seria melhor do que saber por outra pessoa.
Ricardo:– E o que espera de mim?Minha bênção?Qualé John você é maior de idade e pode tomar suas próprias decisões.
John:– Você era mais chegado à ela,poderia entender pelo que estou passando.
Ricardo:– Minha irmã morreu John,nada do que disser ou fizer vai mudar isso.
          – Não esperava que falasse tão abertamente até porque certos assuntos me deixavam tão pra baixo que resolvi nem mencioná-los mas Ricardo não estava nem aí e quando precisava colocava o dedo na ferida como ninguém.
John:– Estou ciente disso melhor do que qualquer um.
Ricardo:– Quem quer que seja ela espero que saiba o quanto é sortuda por ter um cara assim como você.
John:– À sua família me odiava apenas Marina e talvez você me amassem.
          – Ele segura minha nuca e olha fundo nos meus olhos.
Ricardo:– Você é meu irmão,nada vai mudar isso.
John:– Valeu.
        – Estranho como certas pessoas podem nos fazer um bem tão grande só com algumas poucas palavras,isso funcionou pelo menos até a loucura interna voltar.
Ricardo:– Ela é gostosa?
John:– E como.
        – Sua risada curta me faz recordar coisas que eram feitas entre nós três é claro que como um irmão protetor adorava ir aos encontros que eu marcava com Marina apenas pra servir da clássica e desnecessária vela,esse cara sempre foi um folgado.
Ricardo:– Sei o que deve estar pensando.
John:– Não sabe.
Ricardo:– Que talvez eu não preste.
John:– Devo admitir que nem era o que pensei mas pode se enquadrar também no que pensava.
Ricardo:– O que estou dizendo é que amar um fantasma afetou sua vida por muito tempo,é melhor isso ser levado para longe da sua cabeça.
            – Apesar de continuar o achando louco sei que todo mundo que ficou torcendo contra era especialmente da sua familia,Ricardo nunca foi uma dessas pessoas,ele continuou me apoiando apesar de estar arrasado pela perda da única pessoa que sentíamos alguma coisa real.
John:– Quer saber de uma coisa?
Ricardo:– O que?
John:– Suas palavras fazem um grande sentido.
Ricardo:– É claro que fazem meu irmão estou apenas dizendo a verdade.
             – Talvez devesse apenas me esquecer do passado e começar à seguir em frente,tentar tirar dos meus ombros a culpa pela sua morte,foi duro e doloroso mas agora olhando para trás percebo que foi mais uma página virada da minha história e como Ricardo mesmo me aconselhou com toda sua sabedoria de cafajeste não dá pra amar um fantasma pelo resto dos meus dias,dessa vez iria conversar com minha vizinha e lhe expor o que realmente estava querendo,sabia que corria um risco com isso mas foda-se agora não iria voltar atrás.
           – Enquanto dirigia de volta pra casa depois de ter tomado umas boas doses na boate me sinto até renovado,depois de tudo esse problema não estava tão longe da solução,alguns momentos em silêncio escuto o toque do meu celular e ao atender escuto a voz de Brenda que parecia assustada e nervosa.
Brenda:– John!?Por favor eu preciso saber como ela está...parece ter sido grave...
            – Suas palavras se misturavam com choro e quase nada dava pra entender.
John:– Olha fica calma,me explica o que houve por favor!?
Brenda:– A Maria!Levaram ela daqui!
          – Aquele pequeno sinal amarelo é ligado na minha cabeça para as próximas notícias que estariam por vim,que não gostaria com certeza.
John:– O que fizeram com a Maria!?
Brenda:– Ela estava aqui em casa quando a Lúcia e o Alex chegaram gritando e arrastando ela droga!Tentei ajudá-la mas trancaram a porta na minha cara!
John:– Safados!Ela está bem agora?
         – Só de pensar em alguém lhe fazendo mal meu sangue ferve e acelero o carro até parar em frente ao prédio e notar Brenda lá chorando e dando voltas na calçada,ao me ver correr até mim,me puxar pelo braço.
Brenda:– Anda a gente precisa ir!
John:– Pra onde!?E Maria!?Não vou até falar com ela!
Brenda:– Acabaram de levá-la pro hospital John!