Capitulo 34 (Lua azul)

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John
Ricardo:- Você sabe por que o chamei aqui não é?
John:- Imagino.
Ricardo:- Desde que te aceitei tem sido um dos melhores e as mulheres pagam bem pelos seus serviços mas ultimamente...não sei,alguma coisa que aconteceu.
- Para um cara que não gosta muito de perguntar ou falar da própria vida para ninguém até que estava tendo bastante conversa entre nós naquela manhã,era uma pena que nem era por bons trabalhos prestados mas o Sr.Fontes tinha razão numa coisa.Estaria mentindo pra mim mesmo se não concordasse que houve uma mudança.
Ricardo:- John?Estou certo não é?
John:- Não se preocupe com isso Ricardo mas tenho que admitir que tô um pouco fora do jogo ultimamente.
Ricardo:- Marina?Tem pensado nela?
- A pergunta me pega desprevenido já que sim minha mulher tinha estado na cabeça desde o momento daquele acidente mas pelos últimos dias acho que o foco e a loucura interna meio que mudaram de nome,direção e não que a ferida tivesse curado mas aos poucos eu sentia que cicatrizava ao ponto de me esquecer sobre a raiva que sentia de mim mesmo.
John:- Não muito.
Ricardo:- Uma hora ou outra cara"cê"vai se esquecer.
- Quando perdemos alguém é difícil dizer que vai passar de alguma maneira,óbvio que precisa seguir e as pessoas precisam achar seus caminhos novamente mas a ferida não será curada totalmente e a marca que fica as vezes pode ser eterna.
John:- Fácil dizer.
- Nesse momento o vejo parar os papéis que ia assinar para me olhar na cara,deve ser por essa razão que sei que devo ter o deixado bravo,apesar de parecer sóbrio e sério com aquele blazer casual preto,a camisa branca por dentro e os cabelos castanhos escuros penteados como um empresário do ramo ambos sabemos que as muitas tatuagens que aparecem até o pescoço o entregam como um cara que não quer ser tratado como alguém educado mas apenas outro que ganha a vida fazendo o que for necessário e como irmão mais velho da minha mulher sei que se ela estivesse agora do meu lado falaria as mesmas coisas que estava pensando.
Ricardo:- Você acha que tem sido fácil pra mim?hum?
John:- Não falei isso.
- Antes de se levantar todos os documentos estão espalhados pelos chão de mármore branco,o vejo se aproximar com fúria apenas por achar que poderia esnobar o que sentiu desde a perda dela.
John:- Me desculpe está sendo duro desde que aconteceu você sabe.
- Só de mencionar aquele dia e de como terminou meu sangue ferve,uma vontade de quebrar tudo à minha volta queima como fogo,cruel saber que o culpado sempre vai estar olhando na sua direção quando observar um espelho ou pelas janelas de qualquer parte.
Ricardo:- Vou continuar dizendo a mesma coisa que disse no funeral dela "não foi sua culpa."
John:- Obrigado mas não cabe à ninguém dizer isso.
Ricardo:- Tem razão irmão e você precisa começar à acreditar nisso.
- A família dela não conseguiu nem me olhar nos olhos quando fui dar meu último adeus à minha mulher me chamaram de diversos nomes mas o que mais ficou gravado foi"ASSASSINO"sim aquilo foi como um alarme que toda vez que me acalmava um pouco também alarmava por dentro como um lembrete que por mais que tentasse esquecer o passado seria como as tatuagens na pele do meu cunhado eram pra serem vistas por todos.
John:- E pra hoje?
Ricardo:- Fomos contratados para um evento de despedida de solteira.
John:- Sério isso?
Ricardo:- Pois é cara são as mulheres querendo dar uma escapadinha antes de pôr as coleiras!
John:- Ainda quero estar por perto quando você engolir suas próprias palavras!
- Mesmo com aqueles olhos claros e um corpo definido fazendo dele tanto o dono como acompanhante de luxo,esse pedido era sempre feito pelas muitas coroas que voltavam sempre querendo um gostinho desse cara parecia que meu cunhado seria sempre um vira-lata sem dono e deixando corações partidos por onde passava o cuzão não queria de jeito nenhum se envolver com ninguém exceto fisicamente ou por uma grana preta,me lembro de Lurdes uma vez ter transando com ele no seu aniversário e no outro dia que me pegou pra darmos uma na sua casa foi logo falando o quanto Ricardo podia ser um verdadeiro deus do sexo mas que em seguida poderia ser bem frio e mesquinho se levantando e vestindo as roupas primeiro antes dela sequer pensar em trocar algumas palavras pela manhã então sim esse idiota é um verdadeiro canalha!
Ricardo:- Vai sonhando.Gosto dessa vida de solteiro e meu trabalho é bom então vai trabalhar que é melhor vagabundo!
- Desde que conheço ele nunca o vi com qualquer garota por mais de alguns dias e isso já é loucura o bastante porque um filho-da-mãe como esse não era a última escolha das clientes dessa boate,detalhe é que Ricardo nem precisava fazer programa se quisesse mas o cara continuava fazendo,se divertindo com essa situação,esse safado é um destruidor de corações mesmo.
Ricardo:- Quero todos os caras aqui tanto os que vão dançar como os que irão circular pelo bar e tentar arrecadar uns trocados por fora.
John:- Por volta de que horas?
- Ele olha para seu relógio Rolex negro e me devolve um olhar de pura satisfação e perversão como se tudo isso já tivesse sido bem planejado em sua mente,não dúvido que já estivesse à alguns passos na nossa frente.
Ricardo:- Bom agora meu amigo,quero que dê uma mão para os outros que terão que se apresentar essa tarde também.
John:- E por que eu!?
- Falo essa parte com raiva porque sei que não foi pra ajudar que me trouxe aqui tão cedo mas pra polir o quanto pudesse os novos"talentos"que apareciam nessa boate.
Ricardo:- Vou entender como um sim,não se preocupe faça sua parte bem como sei que fará e ganhará uma comissão gorda,pense na grana!
John:- Tá bem.
Ricardo:- É isso que gosto de ouvir.
- Ao sair da sala principal e olhar ao meu redor onde só tinha um corredor longo com paredes brancas e luzes acesas percebo que aquilo está sendo diferente,como se alguma coisa por dentro estivesse mudando da água pro vinho mas ainda não percebia o que era.
- Quando desço pelo elevador para o segundo andar onde seria servido os drinques,especialmente os menus que eram colocados pelos dançarinos,garotos de programa vejo que era um tremendo banquete que incluia prazer,luxúria,álcool e muitas mulheres carentes para pagarem por uma dose de amor,era isso que eu era,aquele lugar fazia parte da minha história sórdida gostando ou não.
Antônio:- Você parece pra baixo,quer me contar o que houve?
- Pra meu azar Antônio tinha sido resignado para servir bebidas junto com mais três caras,incluía testar minha paciência.
John:- Se estivesse na sua pele me preucuparia mais com meu trabalho do que com a vida dos outros.
Leticia:- Aí!Essa doeu!
- É claro que Leticia estaria aqui,noite das dançarinas de mesas e isso incluía qualquer cliente pagar um valor que dava mais ou menos uns cinco à dez minutos de dança incluindo poly dance e se fosse vontade da mulher poderia cobrar um valor X para ela e seu pagador usarem um dos quartos do prazer que além do valor pago tem a taxa para aproveitarem pelo resto da madrugada.
John:- Não me lembro de ter te chamado.
Leticia:- E nem lembrava de ter perguntado também.
Antônio:- Nossa essa garota.
Leticia:- E cale-se ok!?
Antônio:- Sim senhora.
John:- Desde quando se tornou essa...
Leticia:- O que?Já sei está linda mulher?
John:- Não ia dizer essa mala insuportável?
Leticia:- Não muda de assunto porque a Brenda me contou tudo que você devia me contar.
John:- Espera!Está se dando bem assim com os conhecidos dos outros?
Leticia:- Praticamente estamos fazendo trancinhas uma na outra.
- Esse sorriso sacana em seu rosto demonstra que está apenas zoando com a situação como sempre.
John:- Palhaça!
Leticia:- Ei!Não ia me contar mesmo!?
John:- O que!?
Leticia:- Que está se apaixonando pela Maria!?
- Droga,agora que vou enforcá-la por ser tão intrometida e por saber ler as pessoas tão bem,óbvio que estou ferrado como tipos igual Leticia me rondando.
Leticia:- É isso!Te peguei não foi!?

Aos teus Olhos - Série IMPERFEIÇÕES Onde histórias criam vida. Descubra agora