Capitulo 66 (Maré de azar)

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John
        — Deveria ser estranho mas apesar de hoje ser o dia tão fatídico não conseguia me sentir péssimo é claro que estava ficando estranho naquela manhã mas apesar disso tudo não me culpava pela morte da minha mulher,os meses que haviam passado pareciam menos pesados e claramente a carga cheia de culpa,vergonha tinha sido aliviada em parte sempre serei grato por Maria ter aparecido e pegado essa bagagem tão grande e tê-la carregado ao meu lado,gostaria que estivesse aqui para beijá-la mas sei do estado da mãe que tentou se jogar do nosso prédio ontem,entendi que precisava ter um tempo junto dela parecia que a pessoa que aquela mulher mais rechaçou no fim das contas era a primeira à lhe ajudar é bem irônico as formas que a vida lhe joga na cara que apesar de todos os problemas e brigas possíveis precisamos de ajuda.
          — Me levanto da cama e ao olhar para a escuridão daquele quarto percebia nitidamente como fazia falta aquela garota no meu mundo obscuro por parte em só tê-la do meu lado ao me acordar bruscamente pelos pesadelos que tinha na noite e também apenas em sentir sua respiração no meu corpo.
John:– Droga Maria!
         — Tentar se acostumar com a verdade parecia uma tarefa cruel naquela altura,antes de poder dar mais outra volta pelo meu quarto o celular treme em cima da mesinha de mogno.
John:– Alô Brenda?O que houve?
Brenda:– Nada sabe é que fiquei aqui com a Maria na casa da mãe dela e a Lúcia não chegou ainda do trabalho e Maria está caída de sono nos meus pés.
John:– Como está a mãe?
Brenda:– Apesar de tudo que houve já está melhor,depois que o médico lhe passou alguns tranquilizantes para dormir acho que só amanhã mesmo.
John:– Que doideira.
Brenda:– Nem me fale.
John:– Eu já tô indo aí!
Brenda:– Ei!
John:– Que é!?
Brenda:– Não se anima tanto rapaz dá pra ouvir daqui de onde estou!
John:– Pensei que era só a Leticia mas você também é irritante.
Brenda:– Muito obrigado.
           — Não pensei que pudesse ficar mais feliz com isso apesar do contexto pesado e negativo que isso se sucede mas quero estar do lado dela lhe dando o máximo de apoio possível da maneira que tem feito comigo.
Brenda:– Por favor toma conta dela.
         — Ainda estávamos na sala quando Lúcia tinha ligado para casa e perguntando como tudo estava.
John:– Você vai ficar bem?
Brenda:– Não se preucupe comigo tá!?Já assisti the Walking dead e sei o que fazer se ela voltar à vida.
John:– Palhaça.
Brenda:– Tenham uma boa noite.
         — Enquanto à carregava nos braços para nossa casa e sim já considerava aquele quarto nosso lar e nem me importaria se amanhã tivesse que me mudar com ela comigo qualquer canto ficaria bom,não era um lugar específico que fazia sua família ou suas raízes são as pessoas que você ama,aquilo foi descoberto de uma maneira bem do nada.
         — Ao deitá-la sobre a cama tenho total certeza do que acabei de pensar.
Maria:– John?
John:– Oi amor.
Maria:– Estou com sono.
John:– Pode continuar dormindo.
        — Mesmo falando continuava com seus olhos fechados.
Maria:– Mas minha mãe?
John:– Ela está dormindo e sua irmã está chegando já.
Maria:– Que bom,John?
John:– Hum?
Maria:– Tira as roupas.
John:– Não que esteja reclamando mas do nada por que?
Maria:– Acho melhor assim.
          — Tiro tudo que me separava dela e me junto naquele tipo peculiar de paz interior que parece dilacerar meu peito naquele segundo,algo tão surpreendente que não consigo segurar as lágrimas que teimam em invadir meu rosto,merda!Fazia tanto tempo que não me sinto bem dessa forma que chego à me assustar porque esse tipo de alegria sempre tem hora pra acabar.
Maria:– John?Que foi?
John:– Nada querida.
        — Massageio seu braço com uma das mãos para tentar acalmá-la e lhe deixar onde estava não gostaria que se mexesse ou quebrasse aquele tipo de conexão tão cedo.
John:– Se continuar com a mão muito tempo aí teremos mesmo que transar querida.
Maria:– Nossa!
          — Apesar de continuar com suas mãos sobre minha barriga não fez aqueles movimentos que considerava incrivelmente eróticos só que estava numa fase que qualquer coisa me deixava de pau duro por essa garota,isso era perigoso.
John:– Quer saber?
Maria:– O que?
John:– Me rendo o que quer saber?
Maria:– Sobre ela e o que aconteceu?
John:– Você quer saber como eu à matei?
Maria:– Não matou ela John.
John:– Como pode ter tanta certeza disso?
Maria:– Porque assassinos geralmente não contam seus crimes.
John:– Você é boa.
         — Lhe dou um tapa na bunda apenas por entrar em concordância e porque estava excitado e apesar disso não era o momento de treparmos pelo menos por enquanto.
Maria:– E você é tarado!
John:– Antes da Brenda me ligar estava pensando muito em você.
Maria:– Que doce.
         — Sua risada debochada me faz querer arrancar suas roupas mas precisava concordar que soava piegas só que deixei pra lá pelas últimas coisas que vem passado.
John:– E aí quando te segurei nos braços eu soube Maria.
        — Aqueles segundos de silêncio são levados para qualquer lugar que fosse mas não pra onde deveria ter chegado como uma afirmação sua.
Maria:– Sabia do que?
John:– Que quero mesmo você na minha vida.
       — Queria que tentasse falar o contrário para comvencê-la embaixo dos lençóis lhe fazendo gemer e gritar meu nome mais isso não aconteceu.
Maria:– Eu desejo isso também mas John.
John:– Hum?
Maria:– Me conta o que houve de verdade com ela.
        — Apenas em mencioná-la meu coração gela um pouco como se confrontar a verdade trouxesse diversos sentimentos ruins.
John:– Quer mesmo fazer isso?
Maria:– Sim.
         — Me concentrei um pouco no passado enquanto passava meus dedos  no cabelo dela para tentar encontrar as palavras sobre aquela noite.
John:– Eu sempre gostei muito de beber mas depois que houve o acidente com ela fui perdendo totalmente a noção do que era limite e ficou cada vez pior.
Maria:– Do começo John.
John:– Eu trabalhei numa fábrica de carros antes de ser garoto de programa sabe e todas as noites que voltava precisava passar num bar não importava qual e diversas vezes voltava cheirando à bebida e queria abraçar e beijar minha mulher do jeito que estava não foi justo com ela.
Maria:– Eu sinto muito.
John:– Não sinta.
          — Ela beija meu rosto e traz seu corpo mais para perto de onde estava.
John:– Marina tinha sofrido já um aborto há um ano antes de saber que estava outra vez grávida,Deus aquela notícia foi como se uma segunda chance batesse de novo na nossa porta.
        — Me lembrando de tudo que houve antes ela nunca esteve tão bem depois da notícia mas estraguei tudo como sempre faço.
Maria:– Continua.
       — Ela parecia querer conhecer de verdade tudo sobre meu passado mas temia que ao fazer isso me odiasse tanto quanto a família de Marina odeia.
John:– Você vai me odiar quando eu terminar.
Maria:– Não vou não agora fala.
John:– Prometi à ela que dessa vez seria diferente porque tínhamos a chance de sermos país outra vez e minha mulher esteve tão feliz e radiante que tinha deixado pra lá os alcoólicos anônimos pensei que estivesse sobre controle o vício.
Maria:– Mas não estava não é?
John:– Nunca está,poucos meses depois fomos ao hospital o médico falou que devido ao estresse causado essa gravidez era de risco e ela precisava de muuto repouso e aquilo me deixou com raiva não dela em si mas dos merdas da sua família que vinham todos os dias para visitá-la e falar o quanto queriam ela casada com outro cara e que era melhor Marina repensar não queria bater boca com aquela gente então saia na maioria das vezes para a casa do Ricardo que sempre esteve do meu lado.
Maria:– Um verdadeiro irmão.
John:– Ele é sim,então numa dessas noites tive o desprazer de encontrar a mãe dela que estava acabando de fazer o jantar já que Marina estava no terceiro mês de gravidez e precisei me segurar para não falar poucas e boas para aquela mulher quando resolveu ir embora em seguida começou à cair uma chuva forte e assim sua filha pediu que dormisse ali conosco e precisei sair não aguentando ficar perto dela mas ela me implorou que ficasse mas não quis ouvi-la e já estava de saco cheio dessa situação,Deus!
           — Queria não ter que relembrar todo o passado mas ele descia sobre mim como cascata revelando todos os podres que tentei puxar para o mais fundo do tapete.
Maria:– Não precisa me contar mais se não quiser.
          — Percebia o quanto Maria estava tentando não me ver quebrado mas era inevitável porque com o passar dos meses fiquei prendendo a verdade como se isso fosse o correto sem ligar pra nada nem para mim mesmo mas essa garota cega me fez enxergar o quanto estava errado.
John:– Algumas horas depois e sem ter muito sucesso com a bebida fui encontrado por Ricardo que me contou do acidente e apesar de ter estado atordoado senti o peso das palavras dele me rasgarem por dentro,por minha causa Marina e o bebê foram arrancados de mim naquela noite.

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