John
— Aquela semana estava tão triste e sombria quanto era de se imaginar mas do jeito que vi pelo ângulo de fora tudo que Maria e sua família tem passado é muito covarde pensar o que houve com dona Graça e mesmo fazendo só sete dias depois do seu suicídio já que foi constado que se afogou propositalmente aquilo parecia enredo de filme de suspense por que Deus minha garota precisava passar por esse tipo de coisa?
— Mesmo tentando ser forte por nós dois sabia o quanto o choque tinha sido pesado pra ela já que comia pouco e era porque eu e sua melhor amiga insistiamos muito para que não se deixasse abater totalmente era um momento difícil mas Maria não estava sozinha da mesma forma que esteve lá enquanto eu enfrentava meus demônios quero estar por sua causa também.
— Apesar de não ter acreditado no início aos poucos foi engolindo e deixado que isso fizesse parte da sua vida pelo menos não estava como o irmão que tinha sumido pelos próximos dias e ninguém teve notícias do cara e Lurdes foi uma das pessoas que se preocupou com sua ausência e resolveu ir atrás do idiota.
John:– Você tem mesmo certeza disso?
Lurdes:– Não tenho certeza de nada na minha vida gato mas...ficarei bem.
John:– Droga!
— Esfrego a cabeça com uma mão pra tentar assimilar o que acabei de descobrir já que desde o início não via essa mulher forte se dobrar por nenhum cara até agora.
Lurdes:– Que foi?
John:– Você está apaixonada por aquele imbecil!?
Lurdes:– Palavras fortes em?Qual o problema?
John:– Foi o que suspeitei e nenhum.
Lurdes:– Assim é melhor!
John:– Por onde vai começar?Ninguém sabe onde ele se enfiou.
Lurdes:– A porrada foi grande gato.
John:– Sei disso.
— Estava dormindo com Maria quando ouvi o telefone tocar e vi o nome de Lurdes ao atender e ela me explicar do que se tratava deixei minha garota envolta em lençóis ao pegar no sono algumas horas antes.
Lurdes:– Sei por experiência própria que podemos mudar quando realmente queremos John você sabe disso,sentiu isso o que houve com sua vida parece coisa de filme.
John:– Quem sou eu pra julgar outra pessoa hum?
Lurdes:– O último na fila do pão!
John:– Engraçadinha!
Lurdes:– Vou procurar e encontrar e tentar ajudá-lo!
John:– Por que com ele?Entre tantos caras que praticamente caem nos seus pés?
— Lurdes é uma das mulheres mais fodas que encontrei na vida e o fato dela estar atraída por um traste como aquele não me entra na cabeça.
Lurdes:– Vou ser sincera com você John.
John:– Achei que esse fosse o ponto não é?
Lurdes:– Ele me compreende.
— Aquela resposta me surpreendeu um pouco já que em todo o tempo que passei do seu lado sempre me contava que por mais que estivesse rodeada de pessoas e negócios com os dias devidamente ocupados nunca encontrava alguém que compreendesse cada parte obscura da sua alma e adivinha só?Aquele idiota parece que pegou no seu ponto fraco.
John:– Boa viagem então.
— Lhe abraço forte querendo que desse tudo certo e mesmo não indo com a cara daquele delinquente ainda esperava que desse tudo certo nessa viagem e que o encontrasse o mais rápido.
Lurdes:– Não espere por mim!
— Então com sua mochila cinza nas costas vai descendo as escadas e ligando sua moto.
John:– Boa sorte gata preta!
— Naquele sábado seria a missa de sétimo dia pela dona Graça e sim algumas pessoas foram contra já que ela cometeu algo tão grave contra a própria vida e essas foram as palavras de alguns próprios dentro daquela que deveria ser a casa de Deus mas pelo menos o padre de lá foi o único são falando que se tinha alguém capaz de julgar o que a mãe de Maria fez não estava mais entre eles.
John:– Gata?Ei precisa levantar.
— Ela continuava arisca e teimosa tentando tampar o sol com a peneira e mesmo tendo descoberto que aquela não era sua mãe talvez uma possível reconciliação no futuro fosse tão desejada por Maria só lamento que isso não tenha acontecido.
John:– Você precisa acordar a missa da sua mãe será daqui uma hora.
Maria:– Não quero ir.
John:– Por que não?
— Precisava ser paciente apesar de gritar comigo mesmo o quanto estava lhe mimando desde que tudo aconteceu.
Maria:– Não quero falar.
John:– Mas você precisa ir.
Maria:– Eu não consigo.
John:– Você vai conseguir sim.
— Antes de começar à falar que não conseguiria lhe pego no colo ainda enrolada e à levo pra debaixo do chuveiro.
Maria:– Isso não vai adiantar.
John:– Não vai fazer por livre e espontânea vontade?
Maria:– Não.
— Sem esperar por alguma resposta abro o chuveiro e lhe coloco embaixo dele.
Maria:– Como ousa?
John:– Agora vai despertar bela adormecida.
— Mesmo sendo difícil e o momento ser pesado admito apenas para mim mesmo que aquela imagem dela toda molhada e com os lençóis encharcados querendo se livrar deles me faz rir um pouco.
Maria:– Do que está rindo aí!?Me ajuda!
John:– Sim senhora.
— Retiro aqueles panos primeiro e em seguida sua camisola branca ela estava mais magra que o habitual não era de se admirar sendo que nos dias que procederam o suicídio da mãe Maria se afastou e não queria comer nada apenas ingeria algumas bebidas ou de vez em quando comia alguma coisa com muito esforço meu ou de Brenda e sua vó.
John:– Você está parecendo um graveto.
Maria:– Obrigada.
John:– Não foi um elogio.
Maria:– Ah.
John:– Você vai superar isso,ficará tudo bem.
— Ao acabar de lhe secar e deixá-la sozinha no quarto se aprontando escuto algumas batidas na porta.
John:– Enzo não é?
Enzo:– Enzo Giuseppe muito prazer.
— O irmão de Maria tem se tornado muito prestativo e não falo isso com malícia nem maldade já que tem sido um grande ombro amigo para a irmã muito mais do que sua propia família adotiva foi e o tipo de pessoa que Alex deveria ter sido para Maria.
John:– Acabei de deixá-la no quarto mas se quiser esperar.
Enzo:– Tudo bem estou esperando a Leticia chegar.
John:– Sério?
— Confesso que a gravidez de Leticia foi algo bem chocante porque de todos os colegas que trabalhavam nessa profissão ela parecia aquela que nunca deixaria esse"acidente"acontecer mas enfim houve e agora ela estava determinada à ir atrás do pai do seu filho e parecia que com ajuda.
John:– Não leve à mal pelo que vou falar mas...Não esperava sua ajuda com a Leticia.
— Ele se senta no sofá e eu na cadeira de madeira da cozinha.
Enzo:– Bem ela me contou sua história sobretudo a filha dela e perguntei se não gostaria de ajuda com essa situação.
John:– Por que?
Enzo:– Por que o que?
John:– Você quer ajudá-la?Sabe vocês mal se conhecem e aqui isso não é muito normal à menos que venha com interesse.
Enzo:– Eu compreendo John mas de onde venho gostamos de ajudar as pessoas.
John:– Sei tudo bem.
— Vou saindo para ver se Maria já estava pronta mas ainda escuto ele falando.
Enzo:– Leticia se tornou uma amiga e de onde venho tentamos ajudar nossos amigos.
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Aos teus Olhos - Série IMPERFEIÇÕES
RomanceMaria dos anjos teve uma infância dificil e violenta e mesmo nascendo cega nunca deixou que ninguém lhe tratasse diferente ou mesmo com pena como na maioria das vezes sua mãe e até seus irmãos fazem e apesar de suspeitar que Alex seu irmão mais velh...