Maria
- Enquanto descemos as escadas para pegar o metrô,além da ajuda que Brenda está me dando dessa vez sou forçada à usar a bengala que Lúcia tinha comprado pra tentar me ajudar à me locomover melhor,dizia que pra onde eu fosse à levasse comigo,a parte mais chata nesse progresso lento era depender das pessoas para ir até o outro lado da rua ou no meu caso até o trabalho onde felizmente minha colega era a Brenda,na época tinha pedido que me descolasse esse emprego numa livraria graças ao meu irmão que me importunava dia e noite desde que terminei os estudos então a melhor saída foi arrumar emprego e me esquecer da loucura que vivia dentro de casa.
Brenda:- Você está calada,desde que saímos de casa,sei lá.
Maria:- Me desculpa.
Brenda:- Olha sobre a festa sinto muito se te coloquei em problemas.
Maria:- Nem me diga isso!Peço mil desculpas pela forma que meu irmão se comportou!
Brenda:- É não foi a melhor coisa da noite.
- Depois que nos sentamos em uma das cadeiras e Brenda consegue me estabelecer num dos assentos especiais para deficientes visuais escuto um homem dizer uma frase que não foi a melhor coisa só que era costume cruzar com esse tipo de pessoa mal-educada."VAGABUNDA CEGA!"
Brenda:- Boa sorte da próxima otário!
Maria:- Pronto calma!
- Passo a mão na sua cabeça para acalmá-la da mesma maneira que faço ao fazer um carinho num animalzinho de rua,pra enchê-la um pouco já que odiava se sentir impotente em qualquer situação e em parte é pra mudar o foco daquela situação desconfortável e por outro lado,enfurecê-la.
Brenda:- Não quer me dar um biscoitinho na boca também não!?
Maria:- Me desculpa amiga!Mas isso é normal"cê"sabe!
- Abraço ela forte para agradecer toda a amizade e carinho e pra me confortar sobre ser algum tipo de aberração que o mundo à minha volta parece não saber como compreender e pior não saber respeitar.
Brenda:- Não é Maria!E para de ser tão condescendente com gente assim porque isso só dá mais gás pra fazerem o que querem!
Maria:- Tudo bem.
Brenda:- Levanta esse astral,também você deveria estar radiante depois da noite animada com seu gato!
Maria:- Ele foi muito gentil comigo.
Brenda:- Nossa,aí ele meteu logo ou foi devagar me conta detalhes!
Maria:- Não garota!Você é mesmo louca!Dá pra falar sem atrair atenção!
Brenda:- Tá bem!Mas apesar das pessoas olharem"cê"não pode enxergar nada!
-Alguns minutos depois chegamos ao nosso destino,no meio daquele formigueiro de gente a avenida Paulista nos esperava mais precisamente a livraria do senhor Takashi nosso chefe de uns quarenta e poucos anos,namorado da dona Saiury de trinta e cinco são ótimos chefes e um completa o outro enquanto ele e mais rígido,focado ela se mostrava sempre mais ouvinte e gentil com os outros, adorava conversar com a Saiury toda vez que tinha uma dúvida com relação à minha família ou outro assunto,os diversos problemas que passava em casa na maioria das vezes desabafava e eles me aconselhavam de uma forma que sempre desejei que minha mãe fizesse.
– Ao abrir a porta e o sininho que tinha em cima nos denunciar da nossa chegada somos recebidos por risos e abraços parece que a farra foi boa ou seja lá o que esse casal andou aprontando pela noite à fora.
Brenda:– Ei pra que toda essa animação?
Saiury:– Finalmente aconteceu Brenda!
Maria:– O que seria?
Takashi:– Pedi essa adorável dama em casamento!
Maria:– Nossa!
Brenda:– Já era hora!
– Ele me abraça tão forte e logo em seguida sinto as outras,como imaginava que uma família deveria se comportar mas isso nunca me foi revelado por outras pessoas porque na minha cabeça aquilo era coisa de história feliz ou romantizada mas a realidade é mais dura e real do que meras fantasias.
Saiury:– Bem garotas,melhor irmos trabalhar porque...
Brenda:– Sem trabalho árduo não tem resultado!
Saiury:– Boa garota.
– Coloco meu casaco marrom dentro do armário para funcionários nos fundos da livraria SAKURA,esse nome foi dado pelo seu Takashi que me disse uma vez que adorava ver sua flor de cerejeira todas as manhãs e é claro que com essa cantada acabou derretendo mais o coração da sua futura esposa,estranho ver como duas pessoas que mal conheço se tornaram tão importantes na minha vida mais até do que aqueles do meu próprio sangue.
Brenda:– Vai ajeitar os novos livros?
Maria:– Vou,você?
Brenda:– Arrumar a bagunça que aqueles pirralhos fizeram na sessão infantil,sério!
Maria:– Relaxa são crianças o que esperava?
Brenda:– Não amiga são pequenos vândalos!Olha posso te ajudar se quiser.
Maria:– Claro que não!Faça seu trabalho que eu cuido do meu.
Brenda:– Tudo bem chatonilda!
– Pego no corrimão da escada que leva ao segundo andar do prédio para ajeitar os livros recém-chegados por encomenda,ao subir pelo ferro frio entre meus dedos percebo que de tanto repetir a mesma coisa todo dia se tornou algo rotineiramente normal,aquele lugar se converteu no meu santuário pessoal onde podia ficar em paz com meus pensamentos,naquele dia minha mente me sacaneava com a imagem"dele."
– Não tinha contado tudo para Brenda porque até agora não tinha confessado pra mim mesma o quanto estive agradecida pela maneira que John apareceu na noite passada.
– Enquanto vou me ajoelhando e tentando tatear em busca da caixa de papelão percebo que Saiury provavelmente deve tê-la aberto por que eu peguei alguns com seus plásticos espalhados.
Maria:– Maravilha.
– Quando seu Takashi soube que teria uma funcionária cega tratou logo de encomendar embalagens em
Braille facilitando meu trabalho uns noventa por cento pelo menos,assim poderia lê-los,colocá-los em suas distintas prateleiras.
Brenda:– Não pensa que eu desisti!
Maria:– Que,isso!Para de me assustar!
Brenda:– Se voce está assustada quer dizer que fez coisa errada hum?
Maria:– Quem me dera.
Brenda:– Como é?
Maria:– Nada não.Olha não tem trabalho pra fazer minha filha?
Brenda:– A dona me mandou pra cá para te ajudar.
Maria:– É?
Brenda:– Foi sim.
Maria:– Sabe o que isso me cheira?A fofoca!
Brenda:– Não seja amarga sabe que te amo!
Maria:– Não se preocupe porque também te amo!
Brenda:–Mas vai continuar sem me contar suas aventuras eróticas na madrugada não é?
Maria:– Aí Deus!Quer parar de ser safada!?
Brenda:– Lamento mas não.
Maria:– Olha o que quero dele continua sendo apenas uma coisa.
Brenda:‐ Continua com essa idéia fixa?
Maria:– Sim,vou transformá-la em realidade.
Brenda:– Talvez consiga o cara está caidinho por você.
Maria:– É claro que não!
Brenda:– Pra alguém cega"cê"é tapada também.
Maria:– Engraçadinha!
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Aos teus Olhos - Série IMPERFEIÇÕES
RomanceMaria dos anjos teve uma infância dificil e violenta e mesmo nascendo cega nunca deixou que ninguém lhe tratasse diferente ou mesmo com pena como na maioria das vezes sua mãe e até seus irmãos fazem e apesar de suspeitar que Alex seu irmão mais velh...