Hora de esticar - Sasori

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As paredes Bege, eram características fundamentais para a Vila da Areia, sendo objeto de grande admiração pela forma homogênea que a cor dança sobre os esplêndidos monumentos. Até mesmo os esconderijos mais camuflados e enterrados pelas tempestades frequentes, possuem tal coloração desfilando sobre as paredes.

Não era possível saber o horário, nem mesmo o toque doce do vento podia alcançar a face, já tão necessitada de seu contato. Estávamos buscando informações que facilitariam a captura da primeira besta de cauda, Shukaku, que pertenceu a Areia por décadas, sendo causa de medo entre os civis, e ,atualmente, reside, quase pacificamente, dentro do Kazekage.

Tentava tocar a ponta dos pés com os dígitos tendo uma das pernas esticada e a outra dobrada, tocando as coxas delicadamente, fazia esforço para que a curva do tronco se intensificasse, mas parecia inútil. A parte superior do corpo nunca esteve tão longe de alcançar a inferior. O ruivo observava os movimentos, desprendendo o riso quando soltei um suspiro irritado.

- Não é tão difícil assim, meu bem, deixe-me ajudar - comentou antes de descruzar as pernas e erguer o corpo, antes apoiado sobre o chão frio.

- Não parece difícil mas, acredite, é - respondi, relaxando o corpo por alguns segundos, apenas para observar o caminhar do especialista em marionetes. Até o jeito que tocava o chão era espetacular.

- Que foi, tá apaixonada? - ironizou, assim que alcançou meu corpo e apoiou as palmas macias sobre o tecido que cobria as pernas, conectados nossos olhares.

- Mais? Impossível - respondi divertida, após receber um selar carinhoso, deixado em minha testa.
O ruivo posicionou as mãos firmes em minhas costas, determinado a ajudar, quando voltei a curvar o corpo em direção ao ponto inferior do mesmo. Sasori pressionou o local, basicamente sobrecarregando as articulações com sua força, buscando levá-las ao limite.

- Não dá, não dá, não dá, não dá - articulei, tentando evitar as mãos do ninja, pela dor que o exercício trazia aos meus músculos.

- Vamos, meu bem, você consegue - aumentou a força que derramava sobre minha coluna, incentivando.

- Se meu músculo romper a culpa vai ser toda sua, Sasori, NÃO DÁ - soltei, aumentando levemente o tom de voz para que o ruivo percebesse que realmente não conseguiria alcançar a parte inferior sem danificar ligamentos.

- Até eu consigo fazer isso, fácil demais - afirmou, finalmente retirando a pressão de seus dígitos contra meu corpo, rindo de meu claro sofrimento.

- Tem certeza disso? - questionei, firmando os pés no chão antes de levantar com certa dificuldade.

- Está me desafiando? - argumentou, pressionando os olhos mel, cor tão suave que envolvia de ternura a cada vez que os encontrava.

- Vamos apostar - deslizei os braços por seu manto negro, visando os fios macios de seu cabelo escarlate, sorrindo ao finalmente alcançá-los.

- Se você não conseguir, vai chamar o Hidan, e escutar o longo discurso dele sobre Jashin, sem reclamar e sem ameaçá-lo de morte - sussurei, notando a expressão de Sasori se transformar em um sorriso convencido, estava certo da vitória.

- E se eu vencer? - perguntou, utilizando o mesmo tom de voz que deixou meus lábios, afundando os dígitos na curva da cintura, mantendo o sorriso.

- Farei o que desejar - respondi, deslizando os dedos pelas mechas rubras, sendo agraciada por sua textura majestosa, aproximando, perigosamente, o rosto de seu ouvido.

- Então, se eu vencer, você vai se aproximar de Deidara e questionar sobre o sentido verdadeiro da arte, escutar tudo, sem ameaçá-lo - desafiou, afundando os dígitos por minha pele, de forma bruta, causando uma mudança de cor na extremidades de seus dedos.

- Fechado - concordei, mesmo sabendo o quão difícil seria perder essa aposta, afinal, Deidara nunca sabe quando parar de falar sobre sua arte.

O ruivo se desvincilhou do contato fervente, voltando a apoiar na superfície gelida que se estendia por todo o cômodo, como um oceano pálido sem final visível, repetiu meus movimentos anteriores, esticando a perna direita, dobrando a esquerda, encostando o pé no interior da coxa.

- Pronta pra perder? - se orgulhou, antes de curvar a coluna e estirar os braços.

Sasori deslizou as mãos tranquilamente, debochando de minha dificuldade em silêncio. Quase tocava a ponta do pé quando um barulho suave ecoou. Se assemelhava a um estalar de dedos, porém, com o volume consideravelmente mais intenso. Era coluna dele travando.

- EU NÃO ACREDITO - esbravejou indignado, mais preocupado com meu sorriso vitorioso do que com seu bem estar.

- HIDAN, SASORI ME DISSE QUE QUER SABER TUDO SOBRE SUA RELIGIÃO, VEM AQUI, ESTÁ TÃO ENTUSIASMO COM A IDÉIA DE CONHECER JASHIN QUE NEM CONSEGUE SE MOVER - Gritei, visando alcançar Hidan, que, provavelmente, perturbava Kakuzu com suas brincadeiras insanas.

- ESPEREI ANOS POR ESSE MOMENTO - Respondeu o platinado, deixando o alto som de passos apressados envolver o local. Estava realmente correndo para falar de Jashin.

- E depois vem dizer " eu te amo, Sasori, você é o amor da minha vida pipipipopopo" - resmungou o avermelhado, ainda travado no chão, fazendo um bico ao soltar as palavras.

- Também te amo, ruivinho, aproveita sua aula com Hidan - selei seus cabelos, deixando que o aroma extasiante tomasse conta de meus sentidos, antes de deixar a sala, soltando beijinhos voadores para o marionetista emburrado.

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Eai, gente?

Espero que aproveitem o capítulo, foi muito divertido de produzir!

Até o próximo!

𝓘𝓶𝓪𝓰𝓲𝓷𝓮𝓼 𝓝𝓪𝓻𝓾𝓽𝓸 Onde histórias criam vida. Descubra agora