Capítulo 37

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8 anos antes

A estação de trem estava até que cheia para a cidade de Stratford naquele dia. Dia após dia os jovens conhecidos deixavam a vila para começar a faculdade e, muito provavelmente, trilhar caminhos em outro lugar. Algumas mães e pais choravam, alguns jovens berravam agarrados aos seus amigos, outros apenas olhavam com compaixão ou seguravam uma longa e gostosa risada diante das reações adversas das pessoas.

Sofia não chorava (ainda), nem estava abraçada com Violet. Mal podia olhá-la. A separação das pessoas próximas havia começado e doía muito mais do que ela achou que fosse doer.

O senhor Campbell e a senhora Roussel estavam a uma distância respeitosa das duas, queriam que elas tivessem espaço para se despedir e afastar aquelas malas enormes de mudança, que faziam tudo parecer mais real. Jackson também estava lá, ele não queria que Sofia voltasse sozinha para casa depois que Violet fosse embora, mas também não estava muito perto delas.

Elas estavam em silêncio. Ambas haviam planejado tanto a dizer na hora de se separarem fisicamente, mas as palavras haviam sumido e elas sentiam que nada que fosse proferido se encaixaria naquele momento. Deveriam estar felizes, Violet e a família voltariam a fazer o que mais amavam, ela estava finalmente bem para continuar, entretanto, por várias razões, umas mais explícitas do que outras, não era tão simples, era quase impossível sentir felicidade pura e intensa ali.

Um aviso saiu pelos alto-falantes, dizendo que os passageiros poderiam e deveriam começar a entrar no trem, porque ele sairia em 10 minutos. Violet tomou a iniciativa e segurou a mão de Sofia:

-Amor, eu não vou mais...- afirmou e, a passos de distância, seus pais arregalaram os olhos- Eu sei o que combinamos, mas com tudo o que aconteceu... Você foi sequestrada, podia ter morrido, Livia foi embora há menos de uma semana, ela era uma das nossas amigas mais próximas... Parece que estou te deixando no pior momento possível, eu não vou, e-eu...

Fazendo-a parar de falar, Sofia repentinamente a abraçou, com força, ficando na ponta dos pés para driblar a diferença de altura e conseguir passar os braços pelo pescoço dela, Violet retribuiu e elas desfizeram a promessa que haviam feito particularmente, a que consistia em não chorar enquanto estivessem uma na frente da outra. Sofia demorou pelo menos 2 dos 10 minutos abraçada com ela antes de dizer alguma coisa. Sua voz saía fanha e seu rosto parecia um pimentão vermelho que acabara de tomar uma ducha.

-Entra no trem, Violet, vai logo.

-Sofia...

-Você está tendo uma segunda chance, quantas pessoas têm esse privilégio? Vai, por favor, ganhe este mundo com a sua vontade de fazer a diferença.

-Mas e você? Sofia, eu te amo muito, tenho medo que a gente se perca e não quero te deixar agora, nessas condições...

-Eu vou ficar bem, meu amor, e a gente não vai deixar de se amar só por causa de um oceano nos separando.

Violet riu entre suas várias lágrimas. Apesar de não ser tão simples quanto a frase fez parecer, uma grande parte dela acreditava que aquilo era verdade. Acreditava não em um processo fácil, mas em um com o amor das duas vivo.

-Um dia eu espero atravessar um oceano com a nossa própria família, Sofia. Eu quero uma vida inteira com você e não vou deixar que nada fique no meio disso, incluindo a distância, o tempo ou qualquer outra coisa. Você é incrível e é a melhor pessoa que eu já conheci.

-Tem um anel escondido aí para me pedir em casamento?- indagou, fazendo Violet rir novamente- Vai dar tudo certo, a gente só tem que se adaptar. Agora vai, vai antes que eu desabe aqui.

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