Capítulo 44

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Antecipado, porque não vou conseguir postar amanhã kkk

Vejo vocês lá embaixo <3

*     *     *

Sam estava encostado no táxi quando a porta da casa de Livia foi aberta não por ela, mas por Catarina, que puxava uma mala grande com cada mão, uma azul e uma branca. Nenhuma amarela. A mulher parecia um pouco abatida e desajeitada, sem o jeito alegre do dia anterior.

Ele foi até ela, imaginando se sabia que a noiva tinha uma filha ou se descobrira na noite anterior:

-Bom dia, Catarina. Deixa eu te ajudar com as malas.

-Obrigada.- ela sorriu e entregou uma a ele.

-Cadê a Livia?

-Terminando de mandar mensagens e e-mails. Ela tem que avisar que não vai poder atender os seus pacientes durante algum tempo e eu tive que falar com o hospital em que trabalho, aconteceu tudo muito rápido.

-Você também vem?

-Sim, é claro. Até ontem eu não sabia que a Lili tinha uma filha, mas agora que eu sei e que ela está tão doente, faço questão de acompanhá-la.

Ele apenas assentiu, sem querer se prolongar no assunto da doença de Jane. Poucos segundos depois, Livia saiu da casa, com Otto, ela olhou para Sam rapidamente, depois voltou-se para o amigo e deu para ouvir quando agradeceu a ele por ficar com as crianças até que a irmã de Catarina chegasse e que provavelmente dormiriam por mais uma ou duas horas antes de começarem a fazer bagunça pela casa, mas não deu para entender o que Otto disse quando abraçou-a carinhosamente.

Aproximando-se do carro, Livia disse um "vamos" quase que em um sussurro, ela estava séria, mas não parecia ter chorado. Sam não esperava que ela chorasse, de qualquer maneira.









O caminho até o aeroporto de Santa Ana foi silencioso e, no mínimo, estranho. Nem mesmo Catarina, que aparentava ser o tipo de pessoa que puxa conversa em qualquer situação, falava alguma coisa. No aeroporto, deram sorte de conseguirem um voo dentro de poucas horas e Sam não fez cerimônia em escolher um assento distante dos que as meninas iriam. Levar Livia para se despedir de Jane não significava que ele teria que ficar com ela 100% do tempo.

O avião os levou até Hartford, a capital de Connecticut e, após outro silencioso e constrangedor percurso de carro, finalmente chegaram a Stratford.

Livia foi o caminho inteiro sem olhar pela janela do carro, como se aquele lugar fosse destruí-la ou fazê-la querer voltar para casa, deve ter agradecido internamente por ser noite e o sol não obrigá-la a enxergar claramente, mas quando Sam pediu que o taxista parasse em frente a um hotel, ela não teve opção a não ser encarar a vila.

Stratford não havia mudado em muita coisa, era quase do jeito que ela conhecia e lembrava. Reconhecia o hotel atrás de si e aquela rua não lhe era completamente estranha, não passava muito tempo nela, mas a usava de atalho às vezes. Um turbilhão de memórias invadiu sua mente e provavelmente a de Sam também, porque ele teve pressa em ajudá-las a tirar as malas do carro e parecia ansioso em voltar para ele e ir embora.

-Eu pensei em vocês duas ficarem aqui, o hotel não é gigante, mas é confortável.

-Está ótimo, obrigada.- Catarina assentiu.

-Por nada. Eu tenho que ir agora. Boa noite.

-Sam.- Livia o fez recuar antes que entrasse no táxi, ela titubeava sobre o que diria em seguida- Quando eu vou vê-la?

-Amanhã. Eu passo aqui no final da tarde para buscar vocês e mostrar o caminho até o hospital. Eu vou falar com ela hoje, dizer que tem uma pessoa para vê-la. Lembrando, mais uma vez, que ela não sabe que você, especificamente... É você. Para ela você é uma adolescente de cabelo rosa, então...

-Eu devo me apresentar como a sua amiga. Eu já entendi e não pretendo passar dos limites.

-Ótimo.- ele assentiu e voltou para o carro.









O hotel era mesmo confortável e até mesmo aconchegante. Havia vagas de sobra e os atendentes foram gentis, em menos de 10 minutos as meninas já estavam dentro de um quarto e, mesmo não sendo nem 8 horas da noite, estavam tão cansadas da viagem que só queriam dormir.

Talvez não estivessem só cansadas da viagem.

Livia deixou o banheiro enrolada em um roupão. Exausta demais para colocar o pijama, deitou, do jeito que estava, ao lado de Catarina, que usava seus óculos de descanso e lia alguma coisa, envolvida pelas cobertas para proteger-se do frio do ar-condicionado.

Ela esperava que Livia dormisse em questão de poucos minutos, então evitou falar e tirá-la do foco do próprio descanso, mas quando percebeu que os olhos dela prosseguiam abertos e atentos, livrou-se dos óculos e do livro.

-Quer conversar, Lili? Você está bem?

Ela demorou a responder, mas não a deixou sem resposta.

-Sinto muito por isso.

-Pelo quê?

-De uma hora para outra você descobre que a sua noiva teve uma filha que está com câncer agora e precisa deixar tudo para vir para cá...- ela fechou os olhos por um momento- Você deve estar um pouco em choque.

-Um pouco, sim, confesso.- concordou, gentilmente- Ao longo dos anos, você me contou a sua vida quase toda, desde de como os seus pais se conheceram, sua infância, como você foi abandonada e só veio ter residência fixa quando veio morar comigo... A única lacuna que tinha era a sua estada em Nova Iorque e aqui. Você se limitou a dizer que saiu de lá e passou um tempo em uma vila de Connecticut. Quando compramos a nossa casa foi que você me falou do Otto. Nova Iorque e Stratford foram os únicos lugares que você não aprofundou e de repente aparece um cara estranho na porta da nossa casa te chamando para ver sua filha. Algo está me dando a impressão de que não sei de uma das partes mais importantes e difíceis da sua vida.

-Catarina, eu...

-Eu não quero que você me conte, Lili. Quero que saiba que, se quiser contar, se precisar se abrir, eu estou bem aqui. Só isso, eu não imagino o quanto este momento está sendo doloroso para você e jamais te pressionaria.

-Obrigada.- Livia sorriu discretamente- Você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo. Não ter te contado sobre essa fase não tem nada a ver com você, é uma questão completamente minha, eu juro.

-Não precisa jurar, eu acredito. Agora vamos tentar dormir um pouco, tudo bem? Amanhã vai ser intenso, você precisa descansar. Eu te amo.

-Eu sei.- ela puxou a mão da noiva e beijou-a- Boa noite, Catarina.

-Boa noite, Lili. 

*     *     *

Oi, pessoas :)

Não dá para tirar muita teoria do capítulo porque ele foi mais de transição de uma cidade para a outra, maaaaaas dá para vocês responderem duas perguntinhas: como vocês acham que a Livia está se sentindo e como acham que vai ser o encontro dela com Jane?

Se alguém conseguiu tirar leite de pedra e perceber alguma coisa, comenta aqui :)

Até quinta <3

Never StayOnde histórias criam vida. Descubra agora