O hospital parecia mais frio. Os ponteiros do relógio por vezes pareciam se mexer rápido demais ou devagar demais. Os funcionários do hospital não pareciam mais tão simpáticos ou mesmo competentes. A esperança não parecia mais ser alguma coisa que existe fora de dicionários ou de poemas utópicos.
É isso que o desespero faz: distorce as coisas.
Tudo aconteceu de maneira tão rápida no baile que Livia ainda estava tentando processar os fatos na sua cabeça.
Ela estava com um sentimento ruim e foi conversar com Amelia. De repente, ouviu os gritos desesperados de Sam e rapidamente virou-se para ver o que estava acontecendo.
Seu coração quase parou quando viu.
Jane passara mal perto da pianista e, antes que pudesse pedir a ajuda dela ou de Oliver, começou a vomitar e não demorou muito para que estivesse desmaiada. Sam só a viu quando já estava caindo no chão e o pior passou pela sua cabeça de maneira tão concreta, que ele não pensou em pedir ajuda, mas apenas em chacoalhá-la até que ela acordasse, até que ela voltasse para ele.
Amelia e Ashley, treinadas para aquele tipo de situação, correram até a criança e logo a mais nova se apressou para pegar o seu carro, na intenção de levarem Jane até o hospital. Não foi uma tarefa fácil pedir pela racionalidade de Sam, que estava agarrado a Jane, gritando desesperado, ele não queria soltá-la de maneira alguma, temia que, se a entregasse, não a teria nunca mais. Foi preciso que Jackson e Sofia o segurassem.
Livia nunca havia visto tanta adrenalina dentro de um hospital: Amelia mandou chamar o resto da sua equipe, ela e os enfermeiros que vieram falavam rápido, pediam para que os conhecidos se afastassem e trabalhavam com uma pressa e sobre uma pressão indescritíveis. Ela nunca havia visto, porque geralmente ela era a pessoa desacordada quando um hospital estava em pura adrenalina.
Foi difícil ter que deixar uma Jane desacordada com um monte de pessoas que não eram próximas a ela e ficar na sala de espera, era uma tortura ter que esperar sem saber quais notícias sairiam daquela sala.
Sam andava de um lado para o outro, o rosto ainda vermelho e algumas lágrimas descendo de vez em quando; Jackson tentava pedir para que ele se sentasse, para que relaxasse um pouco, mas era inútil; Violet estava sentada, com Oliver nos braços, que estava agarrado a ela, tão em choque pelo que havia acabado de ver que não dizia uma palavra e chegava a tremer um pouco; Sofia ficara encarregada de deixar Charlie na casa de uma vizinha e de pegar algumas roupas para que pudessem se trocar. Além de chamarem mais atenção do que o normal, não estava muito confortável estar na sala de espera de um hospital com roupas de gala
E Livia tivera um sentimento ruim.
E algo ruim realmente aconteceu.
Ela estava atônita em uma cadeira, sem acreditar. Repassava o último dia em sua cabeça, lembrava do aperto que sentia (que, inclusive, havia se multiplicado), e da voz em sua cabeça, que insistia em dizer que algo ruim aconteceria.
Era estranho, era como se naquele momento um sentimento estivesse mais vívido dentro dela, parecia que a conexão das duas havia se tornado mais firme e resistente, como se Livia finalmente pudesse admitir e sentir que era...
Mãe.
Ela não saberia dizer quanto tempo passou no seu devaneio, quando Amelia apareceu na sala de espera, levando todos a se levantarem dos seus assentos e fazendo com que Sam praticamente voasse para cima dela:
-Dra. Amelia.... E-e então... A minha irmã... Cadê a minha irmã? Ela está bem? P-por favor, me diz que ela está bem...
-Ela está acordada...- a médica logo informou, fazendo o gesto de "calma" com as mãos, mas o seu rosto dizia que eles não deveriam estar tão "calmos" assim- Mas por pouco, por muito pouco. Receio que a hora tenha chegado.- ela titubeou- Precisamos operá-la imediatamente.
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Never Stay
Romansa"Nunca amar alguém é o caminho mais fácil para não partir seu coração, mas se isso também significar que você nunca vai se deixar ser amada, sequer haverá um coração que bata por alguma coisa." Ainda criança, Livia foi rejeitada e abandonada por se...