Capítulo 35

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Segunda parte

8 anos depois


Eram seis e meia da manhã quando o despertador tocou, Sam se livraria daquele "pi pi pi" infernal em breve e o trocaria por algum outro toque mais audível. Ele fez uma careta diante dos raios solares que entravam pela fresta da cortina que esquecera de fechar e bateu em seu relógio.

Talvez fosse melhor trocar a cortina por uma persiana também.

Levantou-se, já com essas duas coisas na cabeça, trocar o som do despertador e a cortina por uma persiana, dirigiu-se ao seu banheiro e, vinte minutos depois, já estava saindo dele, ajeitando sua gravata e conferindo se o seu cabelo estava arrumado como devia estar.

Desceu, sem fazer questão de abrir a janela, mas arrumou a cama. Já na cozinha, colocou a secretária eletrônica para dizer quem havia ligado, enquanto tirava seus frascos de remédios do armário. Tomou dois comprimidos com um copo de água.

"Uma mensagem de 'pai', 5 de 'empresa' e uma de 'hospital'".

-Reproduzir as de "empresa".- ele pediu à voz robótica.

"Oi, Sam, boa noite. Aqui é a Carly, por favor, pede para a Heather me ligar. Estamos com um estoque de roupas para expor, precisamos da aprovação dela e ela não atende. Obrigada."

"Agora são três coisas", ele pensou, em pé, com a sua xícara de chá, "trocar o som do alarme, a cortina por uma persiana e avisar a Heather sobre a pendência."

"Sam, é a Mariette, assim que você chegar à empresa vá até a sua sala e olhe urgentemente os papéis que eu deixei em cima da mesa."

"Trocar o som do alarme, a cortina por uma persiana, avisar a Heather sobre a pendência e olhar os papéis que Mariette deixou em cima da mesa."

"Sam, é o Joe, deixei um contrato para você analisar na porta da sua sala, não encontrei a chave."

"Sam, é o Joe de novo, Mariette me deu as chaves da sua sala e eu consegui colocar o contrato na cadeira ao lado da porta."

"Sam! Joe aqui de novo, cara, achei melhor não deixar o contrato na cadeira. Entrei lá de novo e deixei em cima da mesa, perto dos outros papéis. Desculpa a confusão."

"Trocar o som do alarme, a cortina por uma persiana, avisar a Heather sobre a pendência, olhar os papéis que Mariette deixou em cima da mesa e demitir o Joe."

Com tudo em mente e uma xícara de chá meio frio finalizada, ele saiu de casa, trancando bem a porta, e dirigiu até a parte da empresa na qual trabalhava. O prédio grande, moderno e preto, com muitas janelas espelhadas, dando um tom azulado, destacava-se dentre o estilo dos demais estabelecimentos de um lugar pacato.

As portas automáticas se abriram para que ele entrasse. O calor que fazia do lado de fora contrastava com o ar-condicionado ligado do lado de dentro, seus sapatos faziam um som prazeroso no chão de maneira e o lugar cheirava a ternos, roupas de gala masculinas novas e perfume amadeirado.

Naquele horário, o estabelecimento ainda não estava aberto para os clientes e, por mais que precisasse deles, era o momento no qual Sam mais gostava de chegar, pois podia apenas passar pelo andar de baixo dando uma rápida observada no jeito que os ternos e demais trajes estavam dispostos, murmurando "bom dia" algumas vezes para os funcionários que já haviam chegado e pegar o elevador para o andar de cima, sem falar muito.

-Sam, bom dia, você recebeu a minha mensagem?- Mariette já tinha outra pilha de papéis em mãos e surgiu na frente dele assim que ele colocou os pés no piso de cima. Ele não parou de andar, ajeitou novamente a sua gravata. A garota no vestido vermelho justo andava ao lado dele, esperando por sua resposta.

-Bom dia, recebi, estou indo ver tudo o que você pediu agora.

-Certo, esses aqui também acabaram de chegar, mas são secundários, acho que posso resolver para você.

-Então, faça isso, por favor. Obrigado.- ele assentiu e entrou na sua sala. Antes de fechá-la, entretanto, chamou a atenção dela mais uma vez- Ah, Mariette, já viu o Joe hoje?

-Já sim.

-Diga a ele que se a competência não melhorar em, no máximo, duas semanas, não tenho como mantê-lo aqui.

-Sam, não pode demiti-lo... O salário que vem daqui é a única fonte de renda da casa dele.

-Eu sei disso. E não é por outra coisa que não o estou demitindo agora, eu não quero mandá-lo embora ou o assistente perfeito em três dias, apenas que ele mostre alguma melhora de postura em duas semanas. Não acho que seja muito.

-Não, com certeza não é, eu vou falar com ele. Bom trabalho.- Sam ia fechando a porta, mas ela a empurrou bruscamente antes que batesse- Ah, eu esqueci de dizer, eu e o pessoal vamos sair mais tarde, ainda não decidimos para onde, mas... Você e a Heather podiam vir, o que acha? Faz tempo que não saímos todos juntos.

-É... Eu não vou poder hoje à noite, mas convida a Heather, acho que ela pode gostar. Obrigado pelo convite de qualquer maneira.

Quando Mariette saiu e Sam ficou, enfim, sozinho em sua sala, deixou uma mensagem para Heather, informando que Carly estava precisando de uma ligação urgente com ela, providenciou uma persiana para o seu quarto e afogou-se em papéis e contratos até que não houvesse mais o que ser feito.

Fora um excelente dia de trabalho, na verdade. Antes de dormir, trocaria o alarme do relógio e, aí sim, ficaria tudo perfeito.

Chegou à sua casa tarde da noite naquele dia, já devia passar das dez horas. Colocou a sacola do mercado em cima da mesa e foi ao andar de cima tomar um banho e colocar outras vestes, queria pôr as roupas com cheiro de hospital que estava usando para lavar, mas não exatamente por causa do cheiro, porque com isso ele já estava acostumado, era mais costume.

Quando desceu, com as roupas antigas amassadas entre as mãos, já havia tomado um relaxante banho e trocado o alarme do relógio. Suas tarefas estavam concluídas, ele finalmente podia tirar alguns minutos exclusivamente para si e não pensar em mais nada.

Ignorou as ligações que Heather fazia para o seu celular, já eram mais de seis. Posteriormente, foi até o sofá com a garrafa de vinho sem álcool que tirara da sacola de compras e uma taça.

Parara com as bebidas alcoólicas há algum tempo, desde que começara a tomar os seus remédios, mas sabia apreciar igualmente uma garrafa de vinho com teor de álcool zerado. Saboreou bem três taças daquilo, girando-a em seus dedos e com o pensamento muito distante, até o breu que estava a sua casa ou mesmo o silêncio lhe dar sono.

Ele resistia ao sono durante o dia, mas não à noite. Apenas deixava o celular ao seu lado, para que o escutasse em caso de emergência, mantinha as cortinas fechadas e, por algumas horas, podia ficar distante de tudo o que não podia durante as outras.

E aquilo era bom. 

*     *     *

Gente, um salto de oito anos 😱

Vocês não sabem o quanto partiu meu coração o Sam estar deste jeito, meu menininho 😭💔

Por que vocês acham que ele ficou assim? O que mais chamou atenção de vocês no capítulo?

E HEATHER, MINHA GENTE? 😂😂

Aaaaa já tô com saudade deles adolescentes 😭😭💔💔

Até semana que vem, time 🌼🌼

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