A música sugerida é "Kiss Me", do Ed Sheeran, que é a mesma que eu sugeri no capítulo em que Livia e Sam se beijam pela primeira vez.
Boa leitura, é hora de dizer tchau aos últimos personagens 💛🌼
* * *
3 anos depois...
-Coloca mais terra por cima, filha... Isso, assim mesmo...- Livia sorriu para a garotinha, que, quase todos os dias, pedia para aprender a cuidar da horta ou das plantas da casa. Se ela não tinha o dedo verde de nascença, estava se esforçando muito para que ele chegasse.
-Quanto tempo até as cenouras crescerem, mamãe?
-Bom, eu acho que para podermos colher, uns três meses.
-Tudo isso?!- ela levou as mãos enluvadas ao rosto, mesmo que estivessem cheias de terra. Charlie, que já não era mais um filhote, estava em um cochilo silencioso ao lado delas e levou um susto pela fala surpresa da menina, começando a despertar do seu sono.
-Sim, temos que ter paciência, Victoria. Daqui a três meses vão ter várias cenourinhas bem laranjinhas para você dar aos coelhinhos do Otto, é só esperarmos direitinho.- explicou e Victoria assentiu, empolgada com a ideia de dar comida aos fofíssimos coelhinhos do tio Otto.
Victoria havia chegado à família através da adoção. Nem estava nos planos de Livia uma terceira filha, mas a conexão dela com a garotinha de cachinhos pretos foi tão grande, que ela soube na mesma hora que precisava levá-la para casa. Victoria tinha uma história muito parecida com a dela: abandonada pelos pais biológicos, passou fome, foi agredida na rua, às vezes passava por situações humilhantes e desumanas para suprir necessidades básicas... Mas agora era diferente, ela não era mais a garotinha abandonada e assustada, e sim uma menininha alegre, falante e brincalhona, de quase 7 anos, que pulava na cama dos pais às seis da manhã, corria pela grama o dia inteiro e, mesmo assim, não estava cansada à noite.
De vez em quando, Livia ainda não acreditava que tinha conseguido ficar com Victoria, a conquista for uma grande surpresa e, por isso, o nome da menina combinava totalmente com a sua história. Em momentos como aquele, quando estavam só as duas, ela fazia o que fez: tirou as suas luvas, jogou-as para o lado e puxou o rostinho da filha para beijá-lo, onde ela não havia sujado de terra.
-Quer ajudar a mamãe a regar as plantas?
-Sim!- ela se levantou em um pulo e, do nada, começou a rir. Livia não entendeu o porquê até também se levantar e, ao virar, ver Sam vindo da casa, com uma blusa que, outrora fora cinza, completamente suja de algo viscoso e laranja. Ele carregava a filha mais nova no colo, igualmente suja da tal gosma. Charlie deu um salto do chão e correu até eles assim que os viu, sendo acariciado por Sam, que sabia que ele amava carinho na barriga. O bebê que Livia esperava quando eles se mudaram nascera poucos meses depois e, como uma espécie de brincadeira, eles não quiseram saber qual era o sexo até a hora do parto, porém ambos fizeram palpites e conjecturaram sobre qual dos dois acertaria. Depois de uma gravidez inteira para pensar, Livia acertou e, assim que olhou para ela e viu que era uma menina, soube qual nome dar.
Ela se chamava Belle.
-Mamãe, adivinha quem só quer comer com você...- Sam olhou para a bebezinha no seu colo, que sorria sapecamente e tinha o dedo indicador na boca. Ela era a mistura perfeita de Livia e de Sam: os olhos verdes e cabelo castanho escuro do pai, mas o sorriso, expressões e nariz levemente arrebitado eram da mãe. Naquele momento específico, seu cabelo estava espetado para os lados em dois coqueirinhos, que sua irmã mais velha havia aprendido a fazer- E por isso derrubou toda a papinha no papai...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Never Stay
Romance"Nunca amar alguém é o caminho mais fácil para não partir seu coração, mas se isso também significar que você nunca vai se deixar ser amada, sequer haverá um coração que bata por alguma coisa." Ainda criança, Livia foi rejeitada e abandonada por se...