Capítulo 55

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Os próximos capítulos podem ser um pouco pesados para quem, de qualquer maneira, tem uma história difícil com câncer ⚠️

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10 dias depois

-Sam, você providenciou a cadeira de rodas?- dra. Ruth, mesmo com os óculos, apertou os olhos para ler o que estava escrito na lista que segurava. Com exames feitos e longas conversas sobre os cuidados que teriam com Jane fora do hospital, havia chegado o dia da garotinha ir para casa com o seu irmão e se preparar para realizar os seus últimos desejos.

-Sim, está aqui.- ele apontou para o objeto ao lado dele e a médica ergueu rapidamente as sobrancelhas, impressionada com a capacidade de não tê-la visto ali.

-Você precisa que eu repasse de novo alguma coisa sobre os remédios para dor, qualquer outra coisa?

-Não, eu já anotei e decorei tudo.

-Ótimo... É... Sam... Você sabe que uma hora vai ter que trazê-la para o hospital de qualquer maneira e que essa hora pode ser a qualquer momento, não sabe? Então, não faça planos que a afaste muito do hospital.

-Não se preocupe, eu não vou.

-Oi, pessoal...- Livia chegou por trás deles, com o rosto um pouco vermelho de quem havia corrido para não perder a hora- Me atrasei?

-Não, eu estava revisando os últimos detalhes com o Sam. Ele precisa assinar alguns papéis e depois vocês podem buscar a Jane. Vamos, Sam?

O quarto em que Jane ficava no hospital estava escuro quando eles entraram com a cadeira de rodas, ela ainda estava dormindo, abraçada com a boneca que Sam trouxera de Chicago. Amanda acariciava a cabeça dela e a via dormir, elas haviam se apegado bastante durante o período em que Jane estivera internada. Amelia também estava lá, monitorando-a. Quando Livia entrou, os olhares delas tão rápido se encontraram quando se desencontraram, o clima estava um pouco estranho desde a conversa que haviam tido, Livia a evitava descaradamente e nenhuma havia contado nada a ninguém sobre aquela noite.

O local estava em completo silêncio, exceto pela música clássica vinda de um rádio em um cantinho do quarto. Livia segurou a mão da menininha, achando-a ainda mais bonita dormindo tão serenamente:

-Vocês usam terapia musical com os pacientes?- perguntou a Amanda, em um tom de voz baixo para que Jane não acordasse.

-A gente tenta usar o que funciona para cada paciente. Jane ama algumas dessas músicas, sempre a acalma, estranho para uma criança, não é? Mas o Sam trouxe o CD aqui jurando que funcionava e... Funciona.

-Mamãe costumava colocar essas músicas para ela, desde bebê ela escuta.- Sam contou- Não sei de onde ela tirou isso.

Livia sorriu de lado e beijou a mãozinha dela, com o coração cheio de um sentimento que era bom.

-Vocês vieram buscá-la? Já vão leva-la para casa?- Amelia tentou soar natural e profissional, mesmo diante da sua filha, Sam confirmou com a cabeça- Querem que a gente acorde ela?

-Não, ela pode ir no meu colo. Livia, você pode levar o rádio e a cadeira de rodas?- Sam apontou para o objeto do qual a música saía e, com muita delicadeza e ajuda de Amanda, pegou sua irmã nos braços.

* * *

-Livia vai ficar no quarto com a Jane, por enquanto, até ela acordar.- Sam desceu as escadas, terminando de fechar os botões da blusa que havia colocado no lugar da anterior. Sofia cortava tomate na cozinha- O que está fazendo?

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