Never Stay

Capítulo 58

A viagem fora mais exaustiva para uma criança de cinco anos do que Jackson previra: quando saiu do banho, seu filho dormia na mesma posição e na mesma intensidade que estava quando ele entrou no banheiro. Sofia falava ao telefone, estando o mais distante que podia da cama dentro dos limites daquele quarto de hotel.

-O Oliver gostou muito da Jane, ele não aproveitou mais porque estava cansado. (...) Eu não troco duas palavras com a Livia, amor, estou aqui para ajudar o Sam, não ela. (...) Eu não sou assim, você é muito evoluída. (...) Claro, eu ligo para você falar com o Oliver mais tarde. (...) Eu também tô com saudade, te amo.- ela desligou e jogou o celular em cima da mesinha, posteriormente foi para o lado de Jackson, os dois ficaram observando Oliver dormir tranquilamente, absorto de tudo o que acontecia naquela vila.

-Era a Violet no telefone?- ele perguntou baixinho, até queria perguntar mais sobre a relação dela com Livia, mas sabia que ela não responderia.

Sofia anuiu:

-Ela ligou para falar com o Oliver, mas não quis que eu o acordasse. Eles nunca passaram tanto tempo separados, está sendo difícil para ela. Para mim também, mas eu insisti que ela fosse mesmo assim... Era um trabalho dentro do país e vai ser aniversário do pai dela, eles passam muito tempo sem se verem...

-Quanto tempo ela vai passar lá?

-Mais três ou quatro semanas, não dá para saber ao certo.

Jackson continuou observando Oliver. Seu coração estava apertado, menos de 24 horas em Stratford e ele sentia uma angústia maior do que a que achava que sentiria durante toda a sua estada lá. Uma pequena parte disso poderia ser a saudade da sua época de adolescente ou algo do tipo, a vila trazia as lembranças de uma vida, era inevitável, mas a maior parte era por causa de outra coisa...

-Sofia...- ele limpou a garganta. No geral, não gostava muito de não estar de acordo com uma decisão que as duas haviam tomado, embora isso quase nunca fosse necessário, porque, pelo menos no que dizia espeito a Oliver, os três costumavam decidir juntos e concordar no que fosse melhor para ele- Eu sei que uma viagem da Violet dessa duração é algo excepcional e que ela só aceitou ir depois de você muito insistir e porque é aniversário do pai dela, mas... Diante das circunstâncias, você não acha que seria o caso de perguntar se ela pode voltar mais cedo e vir para cá?

Ela virou o rosto bruscamente:

-Para cá? Trazê-la para cá?

-E-eu sei que já tem gente até demais aqui, que a situação é um pouco estranha. Sabe... É impossível não pensar na Jane o tempo inteiro e em como tudo o que está acontecendo com ela é simplesmente horrível, mas... Eu também não consigo deixar de pensar em como fica o Oliver nisso tudo.

-Como assim?- ela franziu a testa.

-Oliver nunca perdeu ninguém... Ele é acostumado comigo, com você, com a Violet, com os amiguinhos dele e, principalmente, a ainda nos ter no outro dia de manhã. Querendo ou não, Jane é o primeiro contato dele com uma doença grave e pode ser o primeiro com a...- ele hesitou, não havia uma maneira sequer de falar aquilo sem que fosse extremamente doloroso- Com a perda.

Sofia não havia pensado naquilo até então. A angústia também começou a tomar conta dela. Oliver se mexeu na cama, sua cabeça ficou deitada de um jeito que a cama apertava sua bochecha, fazendo-a parecer maior do que já era, e comprimindo sua boquinha.

-O-o que poderíamos fazer, Jackson?- ela indagou, nervosa- S-se fosse com a gente, se a situação fosse contrária, eu tenho certeza que o Sam...

-O Sam faria o mesmo por nós, sem dúvidas. Se Oliver e Jane podem ser amigos, se isso pode ajudar de alguma maneira, ótimo. Eu não estou dizendo para ele não participar deste momento, só estou dizendo que, com a presença da Violet, seria mais fácil para ele. Sofia, ela é a heroína dele, a pessoa de quem ele sempre fala para os amiguinhos, para todo mundo... Se ela diz para ele que tudo vai ficar bem, ele acredita que vai ficar e é disso que precisamos agora. É disso que ele precisa agora.