Capítulo 60

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-Acabei de colocar a Jane para dormir, ela estava um pouco mais agitada. Oliver dormiu no banho...- Sam desceu as escadas e foi em direção a Livia, que esperava na ilha a cozinha. Ela não se sentia confortável o bastante para sentar, então esperava em pé.

-A Sofia e o Jackson não vinham buscar o Oliver?

-Vinham, mas eu liguei para o Jackson e ficou combinado que o Oliver vai dormir aqui, amanhã de manhã pegam ele.

-Mas a Heather foi para casa, você vai ficar com os dois sozinho?

-Ah, eu dou conta.

Livia deu uma ajeitada na sua saída de praia – que acabara um pouco molhada quando saíram da água – e colocou uma mecha do cabelo, ainda não completamente seco, por trás da orelha.

-Acha que a Jane ficou feliz? Digo, eu sei que fomos só eu, você e o Oliver, à noite, mas...

-Ela ficou feliz, eu tenho certeza.- ele garantiu- Para nós pode ser uma coisa muito simples, mas para ela foi muito especial.

-Isso é o importante. Primeira missão cumprida.- ela sorriu e, desajeitada, olhou para a porta- Bom, está tarde, é melhor eu ir...

-Livia, espera...- Sam a chamou e, sem uma gravata que pudesse ajeitar naquele momento, deu uma chacoalhada no cabelo molhado- Podemos conversar por um minuto antes de você ir? Tem uma coisa que eu quero falar com você.

-Am... Claro.- ela sentou junto com ele, hesitante. Depois da conversa nada agradável que tivera com Sofia mais cedo, temia o que Sam tinha lhe dizer- É sobre a Jane?

-Na verdade é sobre você.- soltou e um silêncio perdurou entre os dois, além de uma feição surpresa e confusa por parte de Livia. Ele devia ter pensado melhor nas palavras que usaria em seguida antes de começar aquela conversa- É... Livia, eu não quero me meter na sua vida ou ficar te julgando, eu sei que concordamos em ser amigos e, acredite, eu quero confiar em você em relação à Jane, mas, eu espero que entenda, eu preciso conhecer minimamente a pessoa que está entrando na minha casa e ajudando a cuidar da minha irmã.

-Sam... Aonde quer chegar?

Por onde ele começaria? Por Amelia? Pelas cicatrizes? Ele levou alguns momentos para decidir com o que estava mais curioso, até pedir licença a ela, ir até o seu quarto, no andar de cima, e voltar com uma das caixas que trouxera da sua outra casa, mais cedo.

Livia o observou fazer tudo isso sem compreender absolutamente nada, mas ficou pálida quando ele tirou da caixa o par de agulhas, o bilhete e o arrastou por cima da ilha, até que ficasse na frente dela.

-Eu encontrei essas coisas quando fui procurar os acessórios de unicórnio na outra casa hoje. Eu não entrei naquela casa depois que você saiu dela, então só pode ter sido a minha mãe quem guardou. Honestamente, estou desde aquela hora tentando entender.

Ela mal ouvia o que ele falava, estava com o olhar fixo naquele bilhete e nas agulhas como se um alienígena estivesse em sua frente. O pânico visível por ele ter encontrado aquilo era mil vezes maior do que o que sentiu na praia, quando ele viu as suas cicatrizes.

-Livia... Você poderia me explicar?

-E-explicar o quê?- ela tentou disfarçar, como se fosse possível.

-"O quê"?- Sam deu uma risada sarcástica- Livia, quando eu te conheci, você tricotava compulsivamente como uma forma de escapar da própria realidade, não largava as agulhas e a lã por nada. Hoje eu encontrei as suas agulhas em uma caixa, como se você as tivesse deixado para lá e minha mãe tivesse encontrado depois e guardado. Eu preciso saber... Aquilo era verdade? Você tricotava para se sentir melhor ou... Também estava fingindo?

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