-A MINHA FILHA! CADÊ A MINHA FILHA! MOÇA, CADÊ ELA? O NOME DELA É SOFIA, OLHA AQUI A FOTO DELA...- a mulher adentrou o hospital correndo e gritando, puxou o braço de uma das enfermeiras e mostrou a foto, colocando o celular tão próximo ao rosto dela, que a obrigou a afastar um pouco o seu braço enquanto dizia "calma, senhora", para que pudesse visualizar a imagem.
Nancy e o marido eram empresários e, por isso, ao mesmo tempo em que viajavam muito para reuniões e acordos, faziam o possível (e, às vezes, o impossível), para serem pais presentes, nem que isso significasse dormir um pouco menos ou perder alguma parte importante de uma reunião para atender uma ligação da filha. Ambos tinham estatura baixa – traço que fazia a maioria das pessoas perceberem que eram os pais de Sofia – o homem era conhecido pelo seu sorriso simpático, tranquilidade extrema e piadas ruins, ela era reconhecida por ser um pouco... Histérica às vezes.
-ELA ESTÁ BEM? ELA É FILHA ÚNICA E...
-Mãe, pelo amor de Deus...- Sofia tinha a cabeça baixa pela vergonha. Apesar de já ser a manhã posterior ao resgate, a imprensa estava do lado de fora e a sala de espera estava um pouco cheia, metade das pessoas olhavam para Nancy.
-AH, MINHA FILHA, GRAÇAS A DEUS!- ela continuou gritando quando largou o celular na mão da enfermeira (porque ela pegou, se não teria sido no chão), e apertou a menina com seus braços. Sofia estava com a roupa característica de hospital e fazia uma caminhada pelo local, acompanhada por Sam e Jackson- Se tivesse acontecido alguma coisa mais grave com você comigo tão longe...
-Está tudo bem, mãe, calma... Os médicos me examinaram, não aconteceu nada de mais comigo, só me deixaram em observa...
Ela foi interrompida, pois Nancy virou bruscamente o seu rosto, procurando por qualquer machucado.
-Como "não aconteceu nada de mais"? Me disseram que você desmaiou!
-No caminho para cá, eu passei mais tempo que o normal sem comer e também estava nervosa, pode relaxar...
-Nunca mais eu te deixo mais de uma semana sozinha...- planejou, continuando a checar a garota- Ela está bem, Sam?
-Está sim, só ficou em observação, mas os médicos disseram que está ótima.
-Minha filha...- o pai dela chegou depois da mãe, andando um pouco mais devagar que ela. Aproximou-se da filha e beijou a cabeça dela, Carolyn vinha logo atrás, acompanhando-o- Tudo certinho com você?
-Ah, eu estou ótima pai.
-Ficamos muito preocupados, Sofia, que bom que está bem. Jackson! Como vai?- Carolyn sorriu e também beijou seu filho- E você, querido? Está bem?
-Sim, não aconteceu nada comigo, como te falei ontem, só vim para cá acompanhar as meninas.
-Sam, Sam, meu amor, diz a mim quem é o médico que atendeu a Sofia?- Nancy entrou no meio dos dois- Eu quero falar com ele e ela não quer me dizer quem é.
-É... Sabe que eu não lembro?
-E você, Jackson? Lembra?
-Nem o vi...
-Eu vou procurar por ele.- balançando o cabelo de uma forma decidida, ela saiu pelos corredores chamando pelo "médico da minha filha".
-Quer que eu vá atrás dela e garanta que não vai ter muito espetáculo?- Carolyn ofereceu.
-Por favor!- a garota exclamou.
Deixando os adultos para trás, os meninos caminharam um pouco mais com Sofia, o bastante para que os escândalos de Nancy, onde quer que estivessem sendo feitos, não fossem ouvidos e associados a ela. A garota parecia bem para quem tinha sido sequestrada e passado pelo que ela passara: fez piadas sobre os seus pais e conversou sobre qualquer assunto que não fosse aquele. Somente quando sentaram em bancos no meio de um dos vários corredores, foi que ela ficou em silêncio e pareceu pensativa.
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Never Stay
Romance"Nunca amar alguém é o caminho mais fácil para não partir seu coração, mas se isso também significar que você nunca vai se deixar ser amada, sequer haverá um coração que bata por alguma coisa." Ainda criança, Livia foi rejeitada e abandonada por se...