Capítulo 33

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-A MINHA FILHA! CADÊ A MINHA FILHA! MOÇA, CADÊ ELA? O NOME DELA É SOFIA, OLHA AQUI A FOTO DELA...- a mulher adentrou o hospital correndo e gritando, puxou o braço de uma das enfermeiras e mostrou a foto, colocando o celular tão próximo ao rosto dela, que a obrigou a afastar um pouco o seu braço enquanto dizia "calma, senhora", para que pudesse visualizar a imagem.

Nancy e o marido eram empresários e, por isso, ao mesmo tempo em que viajavam muito para reuniões e acordos, faziam o possível (e, às vezes, o impossível), para serem pais presentes, nem que isso significasse dormir um pouco menos ou perder alguma parte importante de uma reunião para atender uma ligação da filha. Ambos tinham estatura baixa – traço que fazia a maioria das pessoas perceberem que eram os pais de Sofia – o homem era conhecido pelo seu sorriso simpático, tranquilidade extrema e piadas ruins, ela era reconhecida por ser um pouco... Histérica às vezes.

-ELA ESTÁ BEM? ELA É FILHA ÚNICA E...

-Mãe, pelo amor de Deus...- Sofia tinha a cabeça baixa pela vergonha. Apesar de já ser a manhã posterior ao resgate, a imprensa estava do lado de fora e a sala de espera estava um pouco cheia, metade das pessoas olhavam para Nancy.

-AH, MINHA FILHA, GRAÇAS A DEUS!- ela continuou gritando quando largou o celular na mão da enfermeira (porque ela pegou, se não teria sido no chão), e apertou a menina com seus braços. Sofia estava com a roupa característica de hospital e fazia uma caminhada pelo local, acompanhada por Sam e Jackson- Se tivesse acontecido alguma coisa mais grave com você comigo tão longe...

-Está tudo bem, mãe, calma... Os médicos me examinaram, não aconteceu nada de mais comigo, só me deixaram em observa...

Ela foi interrompida, pois Nancy virou bruscamente o seu rosto, procurando por qualquer machucado.

-Como "não aconteceu nada de mais"? Me disseram que você desmaiou!

-No caminho para cá, eu passei mais tempo que o normal sem comer e também estava nervosa, pode relaxar...

-Nunca mais eu te deixo mais de uma semana sozinha...- planejou, continuando a checar a garota- Ela está bem, Sam?

-Está sim, só ficou em observação, mas os médicos disseram que está ótima.

-Minha filha...- o pai dela chegou depois da mãe, andando um pouco mais devagar que ela. Aproximou-se da filha e beijou a cabeça dela, Carolyn vinha logo atrás, acompanhando-o- Tudo certinho com você?

-Ah, eu estou ótima pai.

-Ficamos muito preocupados, Sofia, que bom que está bem. Jackson! Como vai?- Carolyn sorriu e também beijou seu filho- E você, querido? Está bem?

-Sim, não aconteceu nada comigo, como te falei ontem, só vim para cá acompanhar as meninas.

-Sam, Sam, meu amor, diz a mim quem é o médico que atendeu a Sofia?- Nancy entrou no meio dos dois- Eu quero falar com ele e ela não quer me dizer quem é.

-É... Sabe que eu não lembro?

-E você, Jackson? Lembra?

-Nem o vi...

-Eu vou procurar por ele.- balançando o cabelo de uma forma decidida, ela saiu pelos corredores chamando pelo "médico da minha filha".

-Quer que eu vá atrás dela e garanta que não vai ter muito espetáculo?- Carolyn ofereceu.

-Por favor!- a garota exclamou.

Deixando os adultos para trás, os meninos caminharam um pouco mais com Sofia, o bastante para que os escândalos de Nancy, onde quer que estivessem sendo feitos, não fossem ouvidos e associados a ela. A garota parecia bem para quem tinha sido sequestrada e passado pelo que ela passara: fez piadas sobre os seus pais e conversou sobre qualquer assunto que não fosse aquele. Somente quando sentaram em bancos no meio de um dos vários corredores, foi que ela ficou em silêncio e pareceu pensativa.

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