Capítulo 49

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Livia pediu para o taxista esperar rapidamente e deixar o taxímetro contando esse tempo quando foi tocar a campainha da casa de Sam. Ela estava se sentindo um pouco desconfortável em ir até a casa dele de novo, mas ele disse que passaria no hotel com um táxi às oito e já eram oito e meia, o trem não ia demorar muito mais para sair e eles poderiam perdê-lo. Além disso, Sam não estava atendendo o celular.

Ela ouviu uma discussão um pouco alta vinda de dentro da casa e recuou, encostou-se na parede e decidiu que só tocaria caso aquilo se prolongasse muito.

-Para de fazer drama, Sam! Parece uma criança mimada quando perde o pirulito!- era a voz de Heather.

-Heather, a empresa não é um pirulito! Não pode simplesmente fazer o que quiser com ela sem me consultar, nós dois somos os donos, precisamos chegar a um acordo!

-Qual a necessidade de um acordo se a minha decisão foi claramente melhor? Sam, nunca mais vamos ter esta chance, precisamos agarrá-la, é a nossa oportunidade de crescer ainda mais!

-Em Paris!- Livia não estava vendo, mas imaginou cada um de um lado da ilha e ele gesticulando nervosamente com as mãos- Você não está falando em transferir a sede da empresa para a cidade vizinha, está falando de transferir para Paris! E disse a eles que estávamos dentro sem falar comigo! E os nossos funcionários? E tudo que nós temos aqui? Nossa empresa dá super certo aqui, Heather!

-Sim, nós trabalhamos bem juntos, mas Paris é uma das capitais da moda, ninguém negaria uma proposta dessas! Se você não entende isso, fiz bem em não pedir a sua opinião!

-Heather...- ela abaixara o tom, típico de quando estava prestes a falar com uma falsa calma algo que era óbvio- Eu não posso ir morar em Paris, eu tenho uma irmã morrendo de câncer, caso você não se lembre.

-É claro que eu lembro, Sam. Mas eu não estou falando em ir amanhã, nós só iríamos para Paris ano que vem. Vai ser bom para você sair desta vila, onde todas as suas lembranças ruins estão acumuladas. Lá vai ser um ambiente novo, um trabalho diferente, mais dinâmico, uma cidade inteira para conhecer, você vai estar mais perto do seu pai...

-E você mais longe dos seus.- ele completou- Eu conheço você. Não finja nem por um segundo que fez isso por mim. Você quer sair daqui, quer ir para longe da cobrança dos seus pais como a sua irmã fez, mas isso não te dá o direito de tomar as rédeas da empresa como se fosse a única dona! Quantas vezes eu já tomei alguma decisão sem te consultar?

-Pelo amor de Deus, você não está vendo um palmo na sua frente! É uma proposta imperdível!

Sam deu uma risada sarcástica. Se Livia bem se lembrava de como ele era quando ficava nervoso, havia virado de costas e levado as duas mãos à cabeça antes de finalizar a discussão.

-Eu tenho uma viagem de emergência para fazer agora. Volto em uns dois dias, quando eu voltar, a gente conversa melhor sobre tudo isso. Até lá, por favor, se precisar decidir alguma coisa, me manda uma mensagem.

-Você vai viajar? De novo? Para onde?

-Para Chicago, vou atrás de uma oncologista infantil renomada que pode dar alguma esperança a Jane. Por isso, seria bom que você não fizesse planos em cima de um futuro incerto.

Subitamente, a porta de entrada foi aberta, assustando Livia, Sam pareceu sem jeito quando a viu ali, claramente não esperava por isso. Heather veio logo atrás, ficando tão sem graça quanto ele.

-Livia...- ele coçou a cabeça- Oi... Há quanto tempo está aí?

-E-eu acabei de chegar, não se preocupe, só fiquei um pouco preocupada quando você se atrasou e decidi vir até aqui.

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