Sim, o capítulo está antecipado. A autora decidiu colocar mais cedo porque estava extremamente propensa a fazer uma distribuição abrangente de spoilers.
Boa semana e leitura <3
* * *
Sam pensara em levar flores para Livia na noite anterior, mas, quando acordou, lembrou de alguns detalhes importantes, dentre eles que era inverno e que o aroma das flores em conjunto com a viagem de carro poderia fazê-la passar mal. De qualquer forma, sentia a necessidade de alguma ação que fosse reforçar seu apoio a ela.
Apoio era o mínimo que ela podia ter, na ausência de escolha.
Ele bateu a porta de casa com força, esquivando-se no lado de dentro, a neve caía violenta do lado de fora e, mesmo morando ali desde o dia em que nasceu, o frio estava perto do insuportável. Ainda batendo em seu casaco para tirar metade da neve, escutou a risada do seu pai e da sua mãe, que o observavam, sentados no mesmo lugar e com a mesma quantidade de papéis do dia anterior, achando graça da sua situação:
-Filho, joga esse casaco em algum lugar aí.- Carolyn instruiu, erguendo os olhos, que antes estavam fixos na tela do computador- E venha se esquentar, seu rosto está todo vermelho.
-Essa neve toda caindo de repente chega a ser estranho, não acha? Mesmo sendo inverno...- Tom bebericou seu café e fez uma anotação em um caderno.
-Só queria que o diretor olhasse a previsão do tempo e lembrasse que a maioria dos alunos vai e volta da escola andando...- impaciente, Sam sentou perto dos seus pais, com os braços cruzados. Ele observou que aqueles papéis também tinham relação com o processo de adoção e chegou a se surpreender ao notar o modo que eles pareciam estar realmente empenhados nisso- Vocês por acaso têm um novelo de lã em algum lugar?
-Um novelo de lã?- Carolyn tirou os óculos e apoiou-os na mesa- Para que você quer isso?
-Daqui a poucos minutos vou visitar uma amiga que pode estar muito nervosa hoje e ela se acalma quando tricota.
-Talvez tenha um ou dois na caixa que sua avó deixou aqui. Pode pegar.- Tom permitiu, pegou uma pasta e estendeu para o filho- Mas antes dê uma olhada nestas novas fotos que eu e sua mãe recebemos hoje. São mais crianças esperando serem adotadas. Estas são da Coréia do Sul e da Bulgária.
-São lindas, não são?- Carolyn sorriu- Deixamos o Bob tomando conta do restaurante e passamos a manhã inteira fazendo contas e vendo o quanto precisaríamos para as viagens e para preparar a casa para receber outra criança. Vai acontecer mesmo, filho, não é legal?
As fotos daquelas crianças transmitiam paz e Sam amava a paz. Uma garotinha de bochechas grandes sorria e fazia o símbolo de "paz e amor" com os dedos, outra tentava fazer um rabo de cavalo em si mesma e gargalhava de como seu cabelo não cabia dentre suas mãos, já uma terceira usava um casaco que cobria metade do seu rosto e achava aquilo muito divertido. As crianças são tão inocentes, conseguem ser felizes com tão pouco e há quem diga que elas são as que entendem menos sobre a vida, quando são as que sabem aproveitá-la ao máximo.
Sam lembrou-se de Belle e de como ela fazia uma festa pelos mínimos motivos. Lembrou-se de como ela gostava de encher seu cabelo de presilhas, vestir as roupas de Carolyn e de Tom, tirar fotos suas com os celulares alheios e encher as galerias com elas.
Ele lembrou-se de como a amava e essa lembrança era sempre dolorosa e reconfortante.
Belle emanava luz e uma acendeu na cabeça de Sam. Algumas coisas são óbvias como o dia que precede a noite, muitas estão bem debaixo dos narizes das pessoas e elas não veem, porque não são capazes de parar e olhar atentamente. Mas ali, sentado com seus pais, olhando aquelas fotos, Sam via uma solução clara e muito melhor do que um novelo de lã. Talvez fosse loucura, talvez fosse rápido demais, mas talvez não.
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Never Stay
Romance"Nunca amar alguém é o caminho mais fácil para não partir seu coração, mas se isso também significar que você nunca vai se deixar ser amada, sequer haverá um coração que bata por alguma coisa." Ainda criança, Livia foi rejeitada e abandonada por se...