Capítulo 31

107 19 109
                                    

Para uma experiência completa, leia ouvindo a música "More", da Halsey 🎶

Boa leitura 😊

*     *     *

-Não! Não, não, não, não! Eu não posso ter a Jane aqui, ela não pode nascer aqui!- Livia decretou, um tom de vermelho pintava sua face e sua respiração começou a acelerar no minuto em que a senhora Roussel confirmou o trabalho de parto.

-Livia...- Sofia tentou falar.

-Não! Ela não pode nascer aqui, perto dele, c-com a polícia aí fora, com a porra de uma arma no corredor! Não, eu não posso, eu não posso!

-Livia, olhe para mim!- Nicole, com sua fala sólida, conseguiu que a garota se concentrasse nela por um momento antes de lembrar que estava em total pânico- Ninguém pensa em dar à luz no meio de um sequestro, eu entendo que esteja assustada, qualquer um estaria, mas é a hora dela, não podemos retardar o processo e o Derek não vai nos deixar sair...

-Eu não vou conseguir!

-Vai sim. Isso não é impossível, impossível é passar por tudo o que você passou nos últimos meses e viver para contar a história, mas você passou, fez ser possível. Você fugiu pela Jane, veio para cá por ela, você fez tudo por ela até agora. É para este momento que você se preparou, não tem ideia de como está pronta. Eu sei que é difícil, mas esqueça todo o resto, por enquanto, pense só em vocês duas. O objetivo agora é trazê-la ao mundo, depois nós pensamos no resto. Livia, Jane precisa de você mais do que nunca.

* * *

"Jane precisa de mim mais do que nunca."

Livia agarrou-se àquele pensamento como se agarrara à lã e às agulhas pelos anos em que mal suportava a própria existência e aquilo, como o tricô, era a única coisa que a fazia manter a compostura.

O desejo de protegê-la e a vontade de cumprir bem o seu papel eram suas agulhas; cada vez que ela conseguia manter a calma por mais uma contração no meio daquelas circunstâncias era mais um ponto e Jane era a sua conformidade e a obra-prima que faria tudo valer a pena no final.

Nicole pedira para Sofia trazer uma série de coisas e ela o fez, as duas abriram um pouco a cortina e a janela do quarto, de modo que Livia não ficasse com muito calor e as pessoas do lado de fora não vissem o que acontecia. A residente da casa também emprestou uma camisola confortável para ela usar no lugar do seu uniforme, depois intimidou Derek - que estava frenético e revoltado pelos seus planos não estarem saindo como previsto – dizendo que ele tinha que ficar o mais longe possível delas, fora do campo de visão, de preferência. Apesar da sua agressividade, o questionamento de Sofia sobre ele estar com uma bola de futebol cheia de pontas de faca saindo pela sua parte íntima pareceu ser suficiente para mantê-lo, na maior parte do tempo, distante.

A madrugada aparecia, já era quase uma e meia da manhã e, apesar de tudo, era como se o mundo exterior realmente não existisse.

-Ai...- Livia reclamou, baixinho, afogando seu rosto na cama de Sofia e apertando o lençol. Suas contrações começavam a ficar mais fortes, toda vez ela comprimia a face e dava o seu máximo para inspirar e expirar de forma ritmada, como fora instruída a fazer.

Nicole ligou o cronômetro mais uma vez, estava contando cada uma das contrações da menina, e foi para trás dela, massagear suas costas.

-Respire, Livia, respire...- auxiliou e observou atentamente enquanto a garota continuava a segurar com força o lençol, até começar a soltá-lo calmamente e a fazer respirações pesadas- Passou, querida?

Never StayOnde histórias criam vida. Descubra agora