Capítulo 52

92 14 81
                                    

⚠️ Alerta ⚠️

A cena final pode ser pesada para pessoas sensíveis.

*     *     *

Sam convidou Sofia para o andar de baixo, onde não havia gavetas de cuecas para ela abrir, mas isso não a impediu de pegar, de um por um, os livros que estavam em uma prateleira e analisar o que o rapaz andava lendo nos últimos anos. Ele estava perto da bancada na cozinha, pensando em como estava constrangido e em como perguntar a uma amiga que ele não via ou falava há anos e que, por sinal, não parecia estranhar aquela situação de nenhuma maneira, por que ela estava ali.

Heather tinha ouvido falar muito pouco de Sofia, pouco o bastante para estar mais ou menos perto de Sam, de braços cruzados e com uma expressão de completo estranhamento para ela.

-Então, agora você lê distopias...- Sofia observou, com um livro do gênero em cada mão- Não fazia muito o seu estilo há alguns anos.

-Esses livros são meus, às vezes eu deixo uns aqui...- Heather corrigiu, tímida.

-Ah, são seus...- ela os devolveu à prateleira- Você é o que dele? Esposa?

-N-namorada.- Sam foi rápido em responder, ainda estava um pouco bravo com Heather por causa da última briga e o assunto de transferir a sede da empresa para Paris era algo que ainda precisava ser discutido.

-Legal.- reagiu e, por fim, sentou-se em um dos bancos em volta da ilha, apoiando o queixo na mão.

-Então...- ele ajeitou a gravata, sem jeito e pensando em como poderia estar dormindo em sua confortável cama em vez de estar naquela saia justa- Você quer alguma coisa? Chá? Água?

-Não, obrigada.

Uma longa onda de silêncio veio, até Heather começar a achar a situação uns dez níveis acima de "estranho" e ter a leve impressão de que Sofia não estava falando o que queria pela sua presença lá.

-É... Sam, eu vou para a minha casa. A gente se vê amanhã, talvez.

-Espera aí...- ele foi atrás dela e, quando os dois saíram da casa, fechou a porta para que Sofia não ouvisse o que estavam dizendo- Por que você veio aqui hoje? Queria falar alguma coisa?

-É, sim... Eu queria saber se vocês conseguiram falar com a tal oncologista.

-Conseguimos, ela vem em breve tentar fazer um milagre... As possibilidades de sucesso são menor do que mínimas, mas não poderíamos deixar de esgotar todas as possibilidades.

-Não... Claro que não. Que bom, que bom que deu certo.

-Sim... Você queria mais alguma coisa?

-Na verdade, sim...- ela abriu a bolsa e tirou de lá duas folhas grampeadas, dobradas- Você está com a cabeça muito cheia, então não precisa olhar esses papéis agora, mas, quando tiver um tempo... Dá uma olhada.

-E o que é isso?

Heather respirou fundo, como se soubesse que o que diria iria aborrecê-lo:

-É o contrato de Paris, Sam. – só por aquelas palavras, ele já revirou os olhos e fez menção de devolver o papel a ela- Não! Sam, espera, calma. Só... Quando você tiver tempo, lê com a mente aberta, olha todas as condições, é um ótimo contrato, daria um giro de 180 graus nas nossas vidas...

-Eu não acredito que você não deu incerteza a eles ainda! Heather, eu te digo que trouxe uma pessoa que tem a mínima chance de salvar a Jane e você continua fazendo planos em cima da morte dela? Tem noção do quão insensível isso é?

Never StayOnde histórias criam vida. Descubra agora