Capítulo 3

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Foi uma das poucas vezes que Sam conversou de verdade com um de seus pais em alguns meses. Ele sentia falta daquilo, sentia falta da família que já haviam sido e, se por um lado, ficara feliz por ter tido um tempo com a sua mãe, saber que tanto a proposta da conversa quanto ela em si haviam sido feitas por culpa ou pena, não o agradava tanto assim. Independente, ele guardou as palavras e os conselhos dela consigo.

Deixou a aula de economia perguntando-se, revoltado, o que uma pesquisa aprofundada sobre estratégias de investimento na bolsa de valores iria acrescentar em sua existência, já que não pretendia investir um dólar sequer, mas como valia metade da pontuação do bimestre, melhor seria guardar sua reprovação para si e entregar a pesquisa ao professor, na data combinada.

Começaria em casa e capricharia, não podia tirar menos do que a nota máxima, mas, por ora, só precisava ir até o refeitório, investir dois dólares de maneira muito melhor em um delicioso hambúrguer e sair pelo segundo dia consecutivo atrás de Livia e implorar perdão.

Uma mudança nos planos, porém, foi positiva: ele a encontrou no meio do caminho entre a sala e o refeitório, caminhando na direção oposta, segurando três livros grossos da aula de literatura, tentou cumprimenta-la com a mão, no entanto a ausência de qualquer reação por parte da garota, que continuou caminhando tranquilamente, o fez correr atrás dela, que só estava indo guardar os livros.

-Livia! Livia...- ele parou ao seu lado, ela o encarou, não o respondendo, mas também não ignorando. Usava o mesmo casaco de lã do dia anterior, ele agora podia ver seus detalhes mais de perto- Sou o Sam, você lembra de mim? De ontem?

-Veio se desculpar também?- arqueou uma sobrancelha.

-C-como você sabe tudo o que as pessoas vão fazer sem elas terem dito absolutamente nada?

-É porque a Sofia me parou logo na entrada se desculpando e o Jackson também veio com todo o time de futebol americano. O terceiro do trio vir logo em seguida era algo de se esperar.

-E... Você os desculpou?

-Sim.- afirmou com a cabeça.

-Então, quer dizer que vai me desculpar também?

-Sim.- repetiu o gesto- É só isso?

-É... Eu sinto muito, sério...

-Tudo bem.- ela não parecia, do fundo do coração, estar mentindo, tampouco parecia dizer a verdade. Sam não estava convencido quando ela lhe deu as costas, pretendendo continuar seu caminho.

-Espera! Quer vir comigo e com os meus amigos à biblioteca depois?- ele ofereceu e, rapidamente, fez um gesto de rendição- De verdade, não foi o diretor que me mandou fazer nada, é um convite.

-Não é muito o meu ambiente, mas eu agradeço.

-Vai tricotar? Gosta de tricotar sozinha?

-É, por aí...- ia saindo de novo, mas Sam novamente a interrompeu.

-Espera! É... Calma, não precisa sair assim...- riu envergonhado, ela não era de falar muito e Sam falava demais quando sentia-se culpado por alguma situação, e o fato dela falar pouco o fazia sentir-se como se não estivesse realmente passando confiança- Com quem você aprendeu a tricotar?

-Eu e minha irmã aprendemos juntas.

-E a sua irmã também vem para a escola? Como é que ela é?

-Jane é mais velha, está na faculdade. Logo, não vem para a escola.- fez um gesto conclusivo com as mãos.

-E onde ela faz faculdade? Qual o curso dela?

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