Capítulo 5

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O celular de Sofia vibrou em cima da mesa de centro da sala de estar de sua casa.

-Alô-ô?- uma pessoa que não tinha a voz dela atendeu, mas o tom debochado em um simples "alô" não poderia ser mais semelhante.

-Alô? Quem é?

-Oi, Sam. Que honra finalmente falar com você.

-Quem é você?

-Violet, já deve ter ouvido falar de mim. A outra ex-namorada do babacão.

-Ah sim, já ouvi falar muito de você, prazer em te conhecer. C-como você sabe o meu nome?

-Sofia tem dois melhores amigos, o quaterback e o tapado. Na tela do celular estava escrito tapado, então eu sei que é você.

-E-ela me chama de tapado?

-Chama. E de coisa pior que você não ia querer saber. Como eu sei que sua próxima pergunta vai ser "onde está a Sofia?"- ela imitou o jeito de Sam falar-, vou logo dizendo que ela está no banheiro. Quer deixar recado ou quer que eu diga para ela fazer xixi mais rápido?

-Não, não, ela pode usar o sanitário normalmente. Só, por favor, fala para ela que vá até a casa da Livia assim que possível, porque ela passou mal na saída da escola. Estava vomitando.

-Ih, a menina que o diretor mandou vocês irem atrás? Tá bom.- sorriu, apesar da impossibilidade de Sam ver e devolveu o celular à mesa de centro.

Ela esperou tranquilamente pelo tempo estipulado por si mesma que Sofia saísse do banheiro. Se ela demorasse mais, iria pessoalmente lá arrancá-la, o que felizmente não foi necessário. A menina logo estava do lado de fora.

-Quem era no meu celular, Violet?

-O tapado que corre que nem gazela. Livia passou mal na saída da escola, ele pediu para você ir até a casa dela.

-Ela passou mal? Droga, aquela menina não dá o braço a torcer quando precisa de ajuda...- revirava os olhos, já entrando em seu casaco pendurado ao lado da porta- Qualquer dia ela morre e vai querer se enterrar sozinha... Violet, ela não ia querer que eu levasse mais alguém até a casa dela, então não posso te chamar para vir comigo, sinto muito ter te chamado aqui e...

-Não tem problema, Sofia.- também colocando o seu casaco, deu os dois beijinhos em Sofia e abriu a porta de entrada- A gente se vê depois. Ainda quero conhecer esta tal de Livia...

-Qualquer dia destes você vai.

Ela correu até a casa de Livia como se, literalmente, a saúde da menina dependesse daquilo, mas ela não estava lá, nem no caminho. Sofia deu um chute na neve e pronunciou todos os palavrões que conhecia ao lembrar-se que a novata pedira um emprego no Coffee e, obviamente, estaria lá. O caminho não era tão curto para se fazer a pé e no inverno, mas ela correu novamente.

Livia estava no balcão, usando um avental verde e entregando um café expresso para uma cliente. Ainda estava meio verde, o coque que precisava usar no trabalho estava um pouco desajeitado e ela não era, mesmo que em seu estado normal, a pessoa mais simpática do mundo. O sorriso que dava era tão real quanto os unicórnios que habitam as profundezas de qualquer armário, mas aquela placa de "procura-se novo funcionário" estava ali há tanto tempo, que o gerente provavelmente sabia que uma funcionária não tão simpática era melhor que funcionária nenhuma.

-Livia...- ela deu um tapa no balcão, chamando a atenção dela- O Sam ligou para mim...

-O que está fazendo aqui?! E-ele ligou para você? Não acredito...

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