Capítulo 15-Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água.

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» MAYARA «

Acordei assustada, sem saber onde estava, mas bastou ver Luana com as mãos prontas para me sacudir uma vez mais, e então tudo voltou a fazer sentido.

— Você está atrasada— Ela diz

Eu choraminguei, tampando minha cabeça com um dos travesseiros, negando-me a me levantar.

— Vamos, May! Se levante! — Luana continuou me balançando. — Eu estou com fome, e você sabe que só podemos comer com todos na mesa.
Conhece a mamãe. Ela está falando sério com essa merda.

Absolutamente sério. Noemi Schiller
não era nada senão fiel à sua palavra. A refeição só era liberada quando todos os moradores da casa ou convidados estivessem presentes, e tem sido assim desde que eu estava mordendo os tornozelos de alguém. Poucas as desculpas boa o suficiente para burlar a regra.

— May! Vamos— Luana gritou quando eu cochilei.
— Não, valeu! Estou bem. Não estou com fome.— Murmurei contra o travesseiro, antes de Luana arrancá-lo de cima de mim e me abraçar, fazendo meu emaranhado de cabelos ficar ainda pior.

Passados dois minutos, a porta do meu quarto se abre, e minha irmã mais velha entra com uma expressão demoníaca. Ela era a mais paciente de todos meus irmãos, e a adulta mais doce que já conheci, entretanto, quando estava com fome poderia facilmente competir com o próprio diabo.

— Porra Mayara! Leve logo essa sua bunda até a sala de jantar! Eu quero comer! E não ouse demorar a ponto da refeição esfriar! — Dandara ruge.

Deus do céu, ela é igualzinha à mamãe quando grita assim.

— Vamos lá, May. Sem preguiça. Estamos todos juntos para uma refeição novamente. É importante para a mamãe depois do desastre do último— Luana disse animada.

Desanimada, eu me sento na cama e prendo meu desastroso cabelo matinal em um rabo de cavalo.

— Eu não posso ter meu café aqui na cama?
— Mayara Schiller— Dandara diz, e eu sei que está falando realmente sério porque suas mãos de donzela estão apoiadas em seus quadris de Shakira — A não ser que você esteja morrendo, pode sair desse quarto agora e vir comer nem que seja apenas uma uva. Eu tenho um delicioso bacon caramelizado e panquecas me esperando. Não posso perder meu momento glorioso.

Jogo minhas mãos para o alto, reconhecendo a derrota.

— Você é a rainha do
drama quando está com fome, Dan.

Mesmo sem vontade, acabei me levantando, sabendo que tinham razão. Não demorou muito tempo para tomar banho e me vestir. Desço as escadas para encontrar minha família, todos esperando por mim para iniciar o café. Após os já esperados resmungo por meu atraso, minha mãe finalmente permitiu cada um se servi. Diversos braços se estenderam ao mesmo tempo, agarrando colheres e pegadores e enchendo seus pratos. Coloco em meu prato apenas uma crocante fatia de bacon.

— Nada disso, mocinha— Minha mãe diz, empurrando um prato já feito em minha direção. Com ovo, torrada e uma pera.

Eu faço um barulho de protesto, sabendo que provavelmente ela já tem uma dieta para mim.

— E se esse resmungo é porque você acha que vai ter um cardápio específico para uma grávida, você está certíssima. Eu espero um mínimo de esforço para segui-lo.

Eu reviro os olhos.

— Ok, mãe.
— Obrigada por compreender, querida. — Ela me dá um beijo no rosto. — E se você comer algo fora do recomendado, eu vou saber.
— Sim. Desde criança sei disso, mãe.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora