Capítulo 44-Onde está escrito que eu deveria ser boazinha?

563 93 4
                                    

ROMEU

— É uma casa do lago. É linda. — Mayara exclamou.
— Espere até ver de perto.

Eu ofereci minha mão e ela aceitou. Nós, então começamos a atravessar através
da grama alta para chegar ao portão de madeira. Quando dei meu primeiro passo para dentro do cercado, uma onda de culpa corre para a superfície e ameaça sufocar-me mais do que o apartamento cheio com as coisas da minha mãe. Naqueles cômodos com as lembranças da morte da minha mãe penduradas nas paredes como decoração eu consigo me controlar. Mas aqui é diferente porque eu lembro de todos seus momentos cheios de vida e isso era demais. Lembrar a forma como tudo isso foi arrancado é opressivo porra! Terrível o suficiente para fazer uma onda de dor e raiva caísse sobre mim.

— Dex, você está bem? — Eu sinto a mão de Mayara apertar a minha.

Todos os meus músculos estão rígidos e ela percebeu.

— Dex? — Ela tenta mais uma vez.

Seu toque e sua voz acalma meus nervos, arrastando meus olhos até os dela. Eu aperto a ponte do meu nariz e me forço a banir esses sentimentos ruins em favor de boas memórias. Meus irmãos e eu correndo em torno das pernas de minha mãe, sentindo o amor que ela tinha para sua família.

— Tudo bem. Apenas algumas lembranças— Dou-lhe um pequeno sorriso.— Quando eu era criança, meus irmãos e eu exploramos quase cada polegada desse lugar.

Ela me dá um sorriso também, olhos nos meus.

— Tenho certeza que era divertido.
— Sim.— Eu respiro fundo.

Ela balança a cabeça e começa a se aproximar do lago.

— Então, os índios nativo americanos realmente acreditavam que um mergulho nessas água pudesse curar?— Perguntou quase ceticamente.
— Sim, eles acreditavam. Diziam que tomar banho ou nadar nessas águas ajudava a curar doenças do corpo e da mente. Era
uma maneira de se purificar.
— Você acredita nisso?
— Tenho motivos para acreditar.
— Você já tentou?
— Entrar nas águas curativas? Muitas vezes.
— E como você se sentiu?

Virando-se para mim, ela dá-lhe um olhar de expectativa.

— Você tem certeza que quer saber?
— Por favor — Ela implorou.

Eu encolho os ombros, sorrindo.

— É diferente, como se estivesse realmente mergulhando em paz líquida. Quando eu finalmente emergi, parecia que todas as emoções ruins que eu vinha arrastando comigo estavam sendo levados para um lugar muito a longe.

Seus olhos permanecem ligados com os meus, o seu olhar é firme quando suas mãos começam a trabalhar nos botões de sua roupa. Em questão de segundos ela está parada lá em nada além de um sutiã de renda preta e calcinha.

Eu levanto minha sobrancelha.

— O que você está fazendo?
— Não é óbvio? Eu quero fazer uma
tentativa.
— Quer?—Eu dou-lhe um olhar
desafiador.
— Sim.

Ela vai até a borda do lago e observa as águas claras por um momento. Eu estava com os olhos presos em sua bunda quando ela saltou até desaparecer nas águas. Eu me aproximo e espero por ela na superfície, e apenas quando estou prestes a saltar e resgatá-la, ela sai da água com uma expressão confusa.

— Eu acho que não funcionou comigo— Ela diz.

Minha risada baixa fez ela estreitar os olhos.

— Você estava brincando comigo?
— Eu gostaria que você pudesse
ter visto seu rosto.
— Isso não teve graça. Eu realmente acreditei.
— Mas o que eu te contei é tudo verdade, boneca. Menos a parte de eu ter sentido paz e outras merdas. Se você também não sentiu, a culpa não é minha. E sim da sua descrença.

Parece que foi ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora